Cerca de 20% das pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão nunca fumaram – Jornal Estado de Minas

Cerca de 20% das pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão nunca fumaram – Jornal Estado de Minas



No Brasil, o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Embora o tabagismo seja o principal fator de risco para essa doença, outros fatores como poluição, tabagismo passivo e exposição à radiação natural (radônio) e a agentes químicos, como arsênico e amianto, também precisam ser lembrados neste Agosto Branco – mês de conscientização sobre o câncer de pulmão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 95% da população mundial respira ar poluído e a exposição crónica à poluição aumenta consideravelmente as probabilidades de uma pessoa desenvolver cancro do pulmão. Isto acontece porque vários agentes cancerígenos estão presentes na poluição atmosférica, tais como emissões de motores diesel e gasolina, poeiras de sílica e benzeno, processos industriais, combustão de carvão e emissões de materiais de construção e imobiliários.

O oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC, William Nassib William, explica que a poluição do ar é, na verdade, definida pela presença de material particulado no ar. Quando esse material é inalado, tem potencial para causar danos ao DNA das células e, eventualmente, um processo inflamatório no pulmão, que pode levar ao desenvolvimento de câncer mesmo em pessoas que nunca fumaram tabaco.

Além do câncer, a poluição pode causar desconfortos, como:

  • Mal-estar
  • Dores de cabeça
  • Irritação ocular
  • Garganta
  • Nariz escorrendo
  • Tosse

Sintomas

Entre os sintomas percebidos nos casos de câncer de pulmão, o oncologista reforça que não há diferença entre pacientes com histórico de tabagismo ou sem histórico de tabagismo e, por isso, ficar atento aos sinais é muito importante. “Infelizmente, a grande maioria dos casos de câncer de pulmão é diagnosticada tardiamente, quando a pessoa apresenta sintomas”, comenta.

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“No caso dos não fumantes, o diagnóstico pode demorar ainda mais porque o principal fator de risco, que é o tabaco, não está presente. Por não achar que corre risco, esse paciente acaba procurando o médico tarde”, diz.

Os principais sintomas do câncer de pulmão são:

  • Tosse persistente
  • Falta de ar
  • Dor no peito
  • Sangramento
  • Perda de peso involuntária
  • Fadiga

Rastreamento e diagnóstico

Atualmente, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia recomendam o rastreamento do câncer de pulmão por meio de tomografia de tórax de baixa dose apenas para pacientes com histórico significativo de tabagismo – um maço por dia durante 20 anos. A seleção dos pacientes também leva em consideração a idade mínima de 50 anos.

Leia também: Câncer de pulmão causa mais de 28 mil mortes no Brasil

“Idealmente, detectaríamos o câncer de pulmão antes mesmo do desenvolvimento dos sintomas. Isso pode ser feito por meio de técnicas de triagem em pacientes de alto risco, que são pessoas que possuem histórico significativo de tabagismo”, explica.

Uma vez detectado o câncer de pulmão por meio de exame de imagem – raio-x ou tomografia, o diagnóstico precisa ser confirmado por meio de biópsia.

Tratamento

Os tratamentos mais avançados para o câncer de pulmão incluem cirurgia, radioterapia e tratamentos medicamentosos. A cirurgia evoluiu com o uso de equipamentos de cirurgia robótica, embora ainda haja dúvidas sobre suas vantagens. Na radioterapia, as técnicas modernas permitem um tratamento mais localizado, minimizando os efeitos colaterais ao poupar o tecido pulmonar saudável. Isto é crucial porque a exposição do pulmão normal à radioterapia pode causar efeitos adversos.

Além da quimioterapia tradicional, os tratamentos medicamentosos incluem imunoterapia e terapia direcionada. A imunoterapia fortalece o sistema imunológico para combater o tumor, enquanto as terapias direcionadas bloqueiam moléculas específicas com alta atividade no câncer, geralmente administradas por via oral. “Essas terapias têm mostrado resultados promissores com baixa toxicidade e controle prolongado da doença, identificando e bloqueando alterações moleculares específicas que impulsionam o crescimento do câncer”, diz ele.



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