O Instituto Nacional do Câncer (INCA) inclui, pela primeira vez, tumores pancreáticos em suas estimativas de casos da doença. Segundo a entidade, o Brasil deverá registrar 10.980 novos casos da doença em cada ano do período 2023-2025, o que representa pouco mais de 1% de todos os tumores diagnosticados. A literatura médica também aponta que, até 2030, a neoplasia poderá ser a segunda causa de morte por câncer no mundo.
Mesmo não sendo um dos tipos mais comuns na população brasileira atualmente, a doença merece atenção, segundo o oncologista Alexandre Chiari. “Não há teste de triagem e detecção [da doença] É difícil, ocorre em fases avançadas e também é muito agressivo.”
Ainda segundo o especialista, que integra a equipe médica do Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem, os fatores de risco mais comuns para a doença são história prévia de pancreatite, alcoolismo, obesidade e predisposição genética.
“Inicialmente é uma doença silenciosa. Mais tarde, pode aparecer dor na parte superior do abdômen. Perda de peso, enjoos, perda de apetite e peso são outros sinais que merecem atenção”, orienta. A neoplasia é relativamente rara antes dos 30 anos, tornando-se mais comum após os 60 anos. A incidência é predominante no sexo masculino.
Alexandre Chiari explica que os tratamentos hoje são multidisciplinares. Normalmente o paciente é submetido a uma cirurgia, seguida de quimioterapia ou vice-versa. “Cada caso, porém, é analisado por um oncologista clínico e/ou cirurgião oncológico.”
Infelizmente, o prognóstico atualmente não é dos mais otimistas. Alexandre afirma que, nos últimos anos, não houve melhorias robustas em relação às terapias oferecidas pela medicina oncológica.
“A doença só tem chance única de cura quando está em estágio muito inicial e requer cirurgia. Quando avançado, é incurável. Os tratamentos, neste caso, visam apenas controlar os sintomas.”
O especialista ressalta, por fim, que embora a ciência busque mais avanços nos tratamentos, conhecer melhor a doença e seus fatores de risco e incentivar o diagnóstico precoce é a forma mais eficiente de obter melhores prognósticos.
“Eliminar o consumo de álcool e cigarro, além de manter um Índice de Massa Corporal (IMC) normal, são atualmente as medidas de prevenção primária mais eficazes.” O médico reforça ainda que, caso haja suspeita da doença, o diagnóstico é feito por meio de tomografia computadorizada de abdômen e, identificada a suspeita, é realizada uma biópsia para confirmar o nódulo.
O que é o pâncreas?
Órgão relativamente pequeno, medindo cerca de 100 gramas e 15 centímetros no adulto, o pâncreas localiza-se, em condições normais, na porção superior do abdômen, abaixo do estômago e está conectado por um canal ao duodeno. É dividido em partes chamadas cabeça, corpo e cauda. Possui uma parte exócrina, secretando substâncias que atuam na digestão, e uma parte endócrina, secretando hormônios.
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