O tratamento do câncer de mama está em constante evolução. Para podermos enfrentar esta doença de forma mais consciente e proativa, destacaremos alguns avanços recentes que impactaram seu subtipo mais comum, o luminal, aquele com receptores hormonais positivos e HER-2 negativo.
Um dos grandes destaques é o tratamento anti-hormonal realizado para tumores localizados. Nos últimos anos, o medicamento abemaciclib aumentou as chances de cura em um grupo restrito de mulheres com gânglios linfáticos comprometidos pelo câncer. A novidade agora é a chegada de um segundo medicamento, o ribociclibe, que amplia esse grande benefício para um número ainda maior de pacientes, inclusive aqueles sem linfonodos afetados.
Esta indicação recebeu aprovação da FDA nos Estados Unidos. Ainda não está liberado no Brasil para uso neste contexto, mas esperamos essa aprovação em um futuro próximo.
Nos tumores metastáticos, com disseminação para outros órgãos, o ribociclibe e o abemaciclib também são essenciais. Notavelmente, foram ainda mais eficazes que a quimioterapia mesmo diante de uma doença mais avançada ou agressiva, beneficiando muitas mulheres com terapias tão relevantes.
Mas o que acontece quando o câncer luminal não responde mais aos tratamentos anti-hormonais? A boa notícia é que, nesses casos, temos disponível um medicamento muito eficaz chamado trastuzumab deruxtecan. Recentemente, demonstrou ser superior à quimioterapia convencional em tumores que apresentam baixa expressão da proteína HER-2. Com isso, podemos conseguir respostas ainda melhores contra o tumor e, dependendo de cada caso, adiar o início da quimioterapia.
E é claro que novos tratamentos estão surgindo. É o caso do inavolisibe, medicamento voltado para tumores avançados que possuem um gene mutado chamado PIK3CA e que foi aprovado recentemente nos Estados Unidos. E o patritumabe deruxtecano, uma terapia emergente que vem sendo estudada em pacientes já tratados com quimioterapia. Os resultados preliminares são promissores.
Apesar destes avanços, estudos recentes apresentados no Congresso Europeu de Oncologia (ESMO 2024) trouxeram dois alertas importantes que vão além dos novos medicamentos. Primeiro: a adesão ao tratamento é crucial. Mulheres que tomam antihormônios regularmente, sem grandes interrupções, têm muito mais chances de cura, principalmente entre as mulheres mais jovens.
Segundo: mudanças no estilo de vida são essenciais. A prática de atividade física de alta intensidade, principalmente resistida, favorece as chances de cura e reduz o cansaço em mulheres que recebem quimioterapia para tratamento de câncer localizado. Em outras palavras, sem parar. A atividade física é uma ferramenta valiosa na luta contra o câncer.
Por fim, o tratamento evolui a cada dia, renovando nossas esperanças e melhorando as perspectivas dos pacientes. Mas lembre-se: nesta luta, a prevenção deve ser sempre a nossa prioridade.
* Antonio Carlos Buzaid é oncologista e diretor médico do Centro de Oncologia BP – A Beneficência Portuguesa em São Paulo e fundador do Instituto Vencer o Câncer; Jéssica Ribeiro Gomes é oncologista e consultora médica do MOC – Manual Brasileiro de Oncologia Clínica
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