Butatan suspende desenvolvimento de vacina contra a COVID-19 – Jornal Estado de Minas

Butatan suspende desenvolvimento de vacina contra a COVID-19 – Jornal Estado de Minas



A Butanvac, imunizante desenvolvido contra o coronavírus pelo Instituto Butantan, não alcançou os resultados esperados no ensaio clínico de fase 2 com voluntários como reforço contra a COVID-19, que estava em andamento em seis centros no Brasil.

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Com isso, o Butantan decidiu suspender o desenvolvimento da vacina. “O ensaio clínico cumpriu seu papel. Neste caso, o resultado não demonstrou a imunogenicidade esperada. Por isso, interrompemos seu desenvolvimento e continuamos desenvolvendo rotas mais promissoras. Nosso compromisso é com a ciência e a saúde da população”, afirma. Esper Kallás, diretor do instituto.

O potencial imunizante, que foi anunciado pelo ex-governador de São Paulo, João Doria (então no PSDB), em 2021 como o primeiro “100% brasileiro”, tem tecnologia produzida no Hospital Mount Sinai, em Nova York, conforme revelou o Folha.

Na época, Doria disse que a Butanvac estaria pronta para vacinar os brasileiros em setembro daquele ano, apenas seis meses após anunciar o início dos estudos. Na época, o então governador disse que também havia encomendado a fabricação de 18 milhões de doses ao instituto paulista.

A vacina é produzida com o vírus da doença de Newcastle, tipo de vírus que afeta aves, modificado para apresentar a proteína Spike S (ou spike, o gancho molecular usado pelo coronavírus para infectar células). Além do Brasil, a vacina também está sendo testada nos Estados Unidos, México, Tailândia e Vietnã. A Mount Sinai disse ser proprietária da tecnologia e responsável pelos testes pré-clínicos em animais.

Atualmente, há duas formulações em testes: a atenuada, em que o vírus Newcastle tem sua infectividade reduzida até não poder mais causar infecção, atualmente testada nos EUA e no Vietnã, e a vacina inativada, em outros países.

No estudo de fase 2 no Brasil, a segurança e a imunogenicidade (capacidade de induzir resposta imunológica) da vacina foram avaliadas como reforço em 400 voluntários de 18 a 59 anos que já haviam feito imunização primária contra Covid. Metade dos participantes recebeu Butanvac e a outra metade reforço da Pfizer.

O imunizante não conseguiu atingir o chamado limiar de não inferioridade, ou seja, quando a produção de anticorpos é igual ou superior à do comparador. Não houve problemas em relação à segurança da Butanvac no estudo.

“Continuaremos avaliando os participantes por um ano, mas durante o desenho do estudo foi considerado um fator para não continuar [ao desenvolvimento] se a vacina não atendeu ao critério de não inferioridade ao comparador [Pfizer]e foi isso que aconteceu”, disse Kallás.

Durante os estudos da fase 1, também foi difícil encontrar pessoas ditas “ingênuas” (ou seja, aquelas que nunca tiveram contato com o vírus ou não foram imunizadas), por isso o Butantan mudou a estratégia de análise para avaliá-lo como um reforço em comparação com os outros. vacinas existentes.

Um dos objetivos da análise foi avaliar a chamada taxa de soroconversão, que é quantos participantes não apresentavam anticorpos contra Sars-CoV-2 no sangue antes de receberem a vacina e quantos apresentaram essa proteção 28 dias após a aplicação. A taxa de soroconversão da Butanvac foi inferior à dos indivíduos que receberam a Pfizer.

A Butanvac foi adaptada para incluir partes das variantes ômicron B.1 e B.4/B.5, que estavam em circulação no início do ensaio clínico, além da variante original de Wuhan. As novas formulações da Pfizer e Moderna, atualizadas e aprovadas para uso em vacinas contra a Covid, já contêm a formulação com a variante XBB.1.5.

Da mesma forma, a quantidade de anticorpos produzidos contra essas formas do vírus foi menor nos indivíduos que receberam a Butanvac em comparação com a Pfizer.

Com os resultados apresentados nesta sexta-feira (23), o Butantan informou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que encerrará o desenvolvimento da vacina. Outras rotas, no entanto, estão abertas, incluindo vacinas que poderiam utilizar a nova plataforma de mRNA (vacinas de RNA mensageiro, como a Pfizer) anunciada no final do ano passado. O instituto receberá investimento de R$ 386 milhões do Ministério da Saúde para a plataforma e para produção de soro liofilizado.



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