Desde o surgimento da internet, vários avanços ocorreram na Medicina, principalmente na democratização da conhecimento. Mas a euforia inicial pelo ganho de amplitude e velocidade da informação deu lugar à preocupações sobre o qualidade, transparência e interesses adquiridos das notícias divulgadas.
Para o notícias falsas na saúde humana aumentaram, tal como modismos e surgiram falsas especialidades médicas para semear falsos conceitos que prejudicam a farmacologia e a fisiologia, mas que se adaptaram a uma linguagem inebriante e superficial característica deste novo meio de comunicação.
Já está claro que a doença desinformaçãocuja consequência é ocasionalmente desastrosa. Cada especialidade falso que aparece na internet espalha conceitos falsos para atacar pacientes desavisados e vender descaradamente seus tratamentos não científicos.
O comércio de suplementos alimentares questões fúteis dispararam, as prescrições de fórmulas fitoterápicas perigosas cresceram de forma alarmante e a proliferação de supostos especialistas tornou-se uma constante. A poderosa Internet, uma ferramenta que deveria proporcionar um acesso mais igualitário à informação, tornou-se uma fonte de confusão e doença.
A chegada de mídia socialtambém revolucionário na ciência da comunicação, tornou-se uma ameaça sem precedentes para a ciência médica. É capaz de disseminar conceitos e tratamentos infundados com mais rapidez e utiliza técnicas refinadas de comunicação de massa.
A falta de vergonha de autopublicidade de profissionais que se autodenominam especialistas em áreas que nem existem tornou-se o novo normal. Normalmente, profissionais sem registro de especialidade (RQE) em conselhos médicos e outras profissões passaram a ser reconhecidos como porta-vozes das mais bizarras pseudoespecialidades.
Além dos prejuízos aos cidadãos, o sistema de saúde público e privado também sofre com as solicitações de exames desnecessários e com os custos do tratamento dos prejudicados por essas práticas.
A chegada da Covid 19, no seu desespero inicial, fertilizou o terreno para algo tão desastroso como a anteriormente mencionada inadequação. Um apareceu medicina ideologizada e comandado por um grupo de propagadores de notícias falsas que, além de tratamentos irracionais, orquestraram uma campanha antivacina.
Inicialmente, tinha como alvo a Covid-19, mas fragmentos da sua artilharia atingiram outras doenças evitáveis. Já estávamos livres de alguns deles que agora ameaçam regressar. O que seria um grande avanço, nos trouxe um retrocesso!
Para o fórmulas para perda de peso, receitas termogênicas, injeções de desintoxicação tornou-se parte da vida diária de muitas pessoas inocentes. Cada prescritor tem sua própria formulação cara, geralmente enviada a uma farmácia veterinária. Algo que soa estranho em termos de transparência.
Você esteróides anabolizantes Passaram a ser prescritos sem piedade, sempre justificados com falsos conceitos de reposição hormonal e ocultação de riscos de médio e longo prazo aos pacientes.
Os escritórios tornaram-se oráculos de beleza num comércio lucrativo, no localde terapias sem evidências, contrárias ao código de ética médica e sob o manto de “conflito de interesses”. Um negócio de saúde bilionário surgiu para desafiar a ciência, a ética e o bom senso.
Neste ponto é necessário legislação regulatória para redes sociais em saúdeurgentemente. Adoecer as pessoas de boa fé está longe de ser liberdade de expressão. Isso é um crime!
* Raymundo Paraná é hepatologista, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia
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