RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – As apreensões de cigarros eletrônicos feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no país em pouco menos de sete meses deste ano já ultrapassam o total apreendido em todo o ano passado, o que preocupa policiais e órgãos de combate para o mercado ilegal.
O total de unidades apreendidas até esta quarta-feira (24/7) no país é de 493,2 mil, sendo 417,7 mil somente no Paraná, o que representa 84,7% do total. No ano passado, foram apreendidas 230,1 mil unidades no país, ante 51,2 mil no ano anterior.
O ritmo de crescimento é o que mais preocupa a repressão. Proibidos de serem vendidos no país por decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os cigarros eletrônicos estão cada vez mais presentes nas apreensões, principalmente por órgãos que atuam na fronteira paranaense entre Brasil e Paraguai.
Na noite de terça-feira (23/7) ocorreu a maior apreensão já realizada pela PRF, segundo a corporação, em operação também no Paraná.
Um motorista de 30 anos transportava a carga em um caminhão que estava parado em Vitorino (450 km de Curitiba). Ele afirmou inicialmente que não houve cobrança, mas uma fiscalização feita por policiais encontrou 129 mil unidades de cigarros eletrônicos.
O caminhoneiro foi preso por contrabando e levado para a unidade da PF (Polícia Federal) em Guarapuava. Ele disse, segundo a polícia, que retirou a carga no Céu Azul, próximo à região de fronteira, e que a levaria até Pato Branco, num percurso de 246 km. Ele foi detido quando faltavam cerca de 20 km para chegar ao seu destino.
O Paraná responde pela maior parte das apreensões de cigarros eletrônicos no país justamente pela sua posição geográfica, e segundo Fernando César Oliveira, superintendente da PRF no Paraná.
Ele afirma que o crescimento das apreensões se deve à alta rentabilidade proporcionada por esse tipo de crime, aliada à relativa facilidade de adquirir os itens no Paraguai e revendê-los no Brasil.
“Existem grupos criminosos muito bem organizados que atuam nesse tipo de contrabando, que às vezes utilizam rotas alternativas para tentar fugir da fiscalização, além de fiscalizar a atuação dos órgãos policiais”, afirmou.
Embora os cigarros eletrônicos sejam proibidos pela Anvisa, a facilidade de fornecimento é evidente no país, na opinião de Edson Vismona, presidente do FNCP (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade).
“Essa é a realidade, o Fórum monitora há quase 20 anos o mercado ilegal de todos os produtos, e agora temos essa questão que surge, a comercialização de cigarros eletrônicos também. As organizações criminosas atuam livremente nesse comércio ilegal e também encontram no cigarro eletrônico uma forma fácil de obter recursos e lucro. É o monopólio criminoso que se posiciona no mercado brasileiro”, afirmou.
INSTALAÇÕES
Mesmo para pequenos contrabandistas ou usuários, é fácil encontrar e comprar cigarros eletrônicos em Ciudad del Este, primeiro município paraguaio depois da ponte Amizade, que o separa de Foz do Iguaçu (PR).
A Folha encontrou cigarros desse tipo expostos nas vitrines de grandes lojas localizadas em shoppings da cidade, ao preço inicial de US$ 5 (R$ 28), preço que cai dependendo da quantidade desejada pelo cliente. No Brasil, o custo unitário no mercado clandestino fica entre R$ 100 e R$ 150, segundo agentes da Receita Federal.
A pena para o crime de contrabando é de dois a cinco anos. Quem revende ou mantém esse tipo de produto armazenado também está sujeito às mesmas penalidades, segundo a PRF.
O superintendente da polícia afirmou que o trabalho de combate ao contrabando e outros crimes transfronteiriços foi melhorado nas últimas décadas através do aumento dos investimentos em inteligência e tecnologia. “Nossas equipes também atuam de forma cada vez mais integrada com os demais órgãos de fiscalização e segurança pública”, afirmou.
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