Pessoas diagnosticadas com ansiedade após os 50 anos têm o dobro do risco de desenvolver Parkinson no futuro, revela um novo estudo publicado no “British Journal of General Practice” e conduzido por investigadores da University College de Londres, Inglaterra.
Os autores queriam testar a associação entre o aparecimento de ansiedade em idosos e o risco de Parkinson, uma vez que esta doença pode manifestar sinais muito antes do aparecimento de sintomas motores mais familiares, como lentidão ou tremores de repouso.
“A ansiedade e outros transtornos ansiosos, da fobia social ao pânico, podem ser uma manifestação pré-motora do Parkinson, assim como outras manifestações do guarda-chuva neuropsiquiátrico, como os transtornos do sono e do humor”, afirma o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Quando essas manifestações ocorrem, principalmente mais tarde na vida, chamam a atenção porque podem envolver problemas neurodegenerativos.”
O estudo revelou ainda que, se estes distúrbios aparecerem associados a fatores como prisão de ventre, redução do apetite e tendência à diminuição da pressão arterial, o risco é ainda maior, principalmente nos homens.
Os pesquisadores chegaram à conclusão depois de avaliar registros médicos de mais de 900 mil pessoas entre 2008 e 2018 no Reino Unido. Destes, cerca de 109 mil foram diagnosticados com ansiedade no período. Eles foram comparados a um grupo de controle de quase um milhão de pessoas. Entre aqueles que desenvolveram ansiedade, o risco de ter Parkinson foi duas vezes maior. A relação permaneceu mesmo após ajuste para fatores como idade e estilo de vida.
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Segundo os autores, a ansiedade não é tão bem estudada quanto outros sinais iniciais do Parkinson, como a depressão, mas pode ajudar a identificar pacientes na chamada fase prodrômica da doença – período em que ocorrem sintomas inespecíficos que preceder o diagnóstico. Isso pode ser útil tanto na detecção precoce quanto no gerenciamento.
A doença de Parkinson é neurodegenerativa e progressiva, causada por uma queda na produção de dopamina, neurotransmissor envolvido no controle do movimento. Embora não haja cura, pode ser controlada com medicamentos. Alguns pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda, que utiliza uma espécie de marca-passo implantado cirurgicamente e um estímulo elétrico, modulando estruturas responsáveis pelos sintomas.
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