Adolescente pode fazer ninfoplastia? Idade mínima e o que envolve a decisão – Jornal Estado de Minas

Adolescente pode fazer ninfoplastia? Idade mínima e o que envolve a decisão – Jornal Estado de Minas



A aparência da região íntima pode causar desconforto físico e problemas de autoestima para milhares de mulheres. Mesmo não existindo um padrão “normal” para o formato da genitália feminina, muitas são afetadas pelo excesso de pele na região. Apesar de ser uma situação excepcional, a cirurgia íntima para correção da hipertrofia dos pequenos lábios, denominada labioplastia ou ninfoplastia, pode eventualmente ser realizada na adolescência.

“Não existe regra de idade mínima, cada caso precisa ser avaliado individualmente. Para algumas meninas, esse problema causa um grande bloqueio, afetando a autoestima e deixando-as muito inseguras. Como sou referência no assunto, acabo recebendo meninas que, aos 14, 15 anos, já apresentam hipertrofia labial muito grande”, destaca a ginecologista, fundadora do Instituto de Cirurgia Íntima, doutoranda na área de ​​Ninfoplastia ambulatorial e membro sênior da Sociedade Europeia de Ginecologia Estética (ESAG), Igor Padovesi.

“O ideal é operar pelo menos a partir dos 15 ou 16 anos, que é uma idade em que já estão um pouco mais maduros. Mas, antes dos 18 anos, é necessária a aprovação e consentimento dos pais ou responsáveis ​​legais.”

Segundo a especialista, é recomendado esperar até atingir a maioridade, mas há exceções para quem se sente muito constrangido com a hipertrofia dos pequenos lábios. “Principalmente hoje em dia, com a internet e as redes sociais, as meninas têm muito acesso a imagens de outras mulheres, o que agrava o seu sentimento de anormalidade. Embora não exista um padrão normal para a vulva, e haja quem critique a suposta imposição de um padrão estético para a genitália feminina, defendendo a aceitação de uma variedade de corpos, na prática isso não funciona para muitas mulheres. E vários estudos já comprovaram que o impacto positivo desta cirurgia na autoestima é enorme”, acrescenta.

Avaliação pessoal

Igor Padovesi levanta outros pontos relacionados à maturidade física antes de considerar o procedimento. “É sempre necessário fazer uma avaliação criteriosa, caso a caso, conversar, entender como essa questão impactou a menina e avaliar a idade em que ela iniciou a puberdade. O ideal é que já tenham passado pelo menos dois anos desde a primeira menstruação também”, explica. “Porque os lábios se formam durante a puberdade, quando se desenvolvem as características sexuais secundárias, e ainda podem crescer um pouco após o início da menstruação.”

Considerações clínicas

A especialista destaca que, assim como as próteses mamárias e outras cirurgias estéticas, essa cirurgia levanta algumas discussões quando realizada em idades consideradas precoces. “Podemos comparar com meninas que têm seios muito grandes e que às vezes fazem mamoplastia redutora ainda na adolescência, porque é algo realmente extremo e tem um impacto enorme na autoestima, além de problemas físicos”, completa Igor.

“Então, com os lábios vaginais é a mesma coisa. O ideal seria esperar para operar mais tarde, mas nos casos em que há uma hipertrofia significativa que incomoda muito a menina e impacta sua autoestima, a labioplastia é claramente benéfica e pode ser feita. A adolescência é um período crítico para o desenvolvimento do psiquismo e ter autoestima prejudicada, insegurança e bloqueio nas relações interpessoais pode ter repercussões negativas para o resto da vida.”

O procedimento

A ninfoplastia pode ser realizada por meio de tecnologias avançadas, como laser e/ou radiofrequência fracionada, e de forma privativa em consultório (sem necessidade de internação). O procedimento simples e indolor tem como objetivo retirar o excesso de pele dos pequenos lábios, deixando-o dentro dos grandes lábios.

“A recuperação costuma ser tranquila e a maioria das mulheres retoma as atividades normais em poucos dias”, afirma a médica. Nos primeiros dias após a cirurgia podem aparecer hematomas (roxos), hematomas ou pequenas deiscências (abertura de pontos), que geralmente se resolvem espontaneamente, sem necessidade de intervenção adicional.”

Segundo Igor, complicações mais graves são extremamente raras, mas um potencial problema é a insatisfação com o resultado obtido. “Com o aumento significativo da procura por esta cirurgia, muitos médicos passaram a realizar a ninfoplastia sem ter a devida formação e experiência, por isso infelizmente aumentou o número de casos que ficam com uma deformidade estética causada por uma cirurgia inadequada – por exemplo amputação. dos pequenos lábios, cuja correção pode não ser possível”, alerta a especialista. “Uma cirurgia mal realizada em um adolescente pode agravar ainda mais o problema de autoimagem e autoestima, por isso é preciso ter cuidado”, recomenda.

Resultados da pesquisa

Uma recente pesquisa brasileira, realizada por Igor Padovesi no Instituto de Cirurgia Íntima e apresentada no último Congresso Mundial de Ginecologia Estética, realizado na Colômbia, comprovou que a cirurgia íntima é capaz de melhorar a autoestima e a autoimagem: 87,6% das mulheres entrevistados relataram melhora na autoestima e relacionamento mais positivo com o corpo após a cirurgia.

“Procuro comprovar o que observamos na prática, que impacta todas as mulheres, inclusive as mais jovens, que têm muita vergonha da aparência de suas áreas íntimas. A labioplastia tem um impacto positivo na autoestima e na relação da mulher com seu corpo.”

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