A gente tem que parar de ser imatura e infantil, diz Fernanda Lima sobre menopausa – Jornal Estado de Minas

A gente tem que parar de ser imatura e infantil, diz Fernanda Lima sobre menopausa – Jornal Estado de Minas



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Faça um teste: pergunte para sua mãe ou avó quando entraram menopausa. Muitos evitam tocar no assunto. Discutir a menopausa ainda é considerado um tabu para muitas mulheres – mas não é mais para Fernanda Lima, 47 anos.

A apresentadora e modelo começou a apresentar sinais de perimenopausa – período de transição entre a idade fértil e a menopausa propriamente dita – em 2022, aos 45 anos. Insônia, irritabilidade e perda de libido foram os primeiros sintomas que percebeu. Porém, foi só quando sentiu o primeiro calor noturno que Fernanda percebeu: estava entrando na menopausa.

“Senti a chegada da menopausa como uma bomba, como uma pedra gigante caindo em cima de mim e me enterrando num mundo de dúvidas, de solidão e de uma certa tristeza. longe e não chegaria a mim, mas chegaria a todos”, diz.

Foi então que decidiu falar abertamente sobre esta fase da sua vida e criar o podcast Zen Vergonha, no qual entrevista especialistas e outras mulheres que partilham as suas experiências. Pela dificuldade de conversar sobre o tema, seja com amigos ou familiares, Fernanda decidiu abrir este espaço.

Ela diz que queria democratizar mais informações relacionadas à menopausa, assunto que tomava conta de sua vida. “Achei que com um podcast conseguiria furar muitas bolhas e chegar aos ouvidos de mulheres que poderiam estar passando pelo que estou passando, mas em condições muito piores”, afirma.

Para ela, é importante se aprofundar no tema, pois é algo natural que toda mulher irá vivenciar. A menopausa geralmente começa por volta dos 50 anos e é marcada pelo fim dos ciclos menstruais e da fertilidade.

Antes que a menstruação pare definitivamente, há uma queda gradual nos hormônios reprodutivos – principalmente estrogênio e progesterona – produzidos pelos ovários. Isso leva a sintomas como alterações de humor, insônia, ondas de calor – também conhecidas como fogachos -, sudorese, irritabilidade e ansiedade.

Dado o aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo, as mulheres viverão mais durante a menopausa e deverão aprender a lidar com isso. “Precisamos saber viver a menopausa e também precisamos saber que o mundo inteiro não precisa descansar sobre nossos ombros. Chegamos num momento em que, na verdade, precisamos descentralizar todas as nossas tarefas para podermos poder viver melhor e com mais tranquilidade a nossa menopausa.”

“Me sinto muito feliz em poder representar tantas mulheres que estão passando por isso e muitas vezes ficam caladas e envergonhadas”, afirma.

A vergonha costuma ser acompanhada pela falta de informação e pelo silêncio. Fernanda afirma que, ao longo da produção do podcast, percebeu muitas dúvidas entre as mulheres. Algumas não sabiam que estavam entrando na menopausa, enquanto outras, já nesta fase, desconheciam as opções de tratamento, como a terapia hormonal.

Não só as mulheres devem se preparar para este momento, mas também os homens. No podcast, Fernanda revela que a primeira pessoa com quem compartilhou seus sentimentos foi seu marido, o ator e apresentador Rodrigo Hilbert. “Todos devem estar preparados para essa conversa. É um assunto que diz respeito a todos, afinal colocamos seres humanos no mundo e chega um momento que não o faremos mais. Nesse momento, precisamos do apoio de todos.”

Assim como Fernanda precisa de apoio, ela tem dois filhos adolescentes de 16 anos e uma filha de quatro que também necessitam de seus cuidados – e isso não é algo simples. “Sou procurado em gerações muito diferentes, e a minha geração também precisa de cuidados muito específicos, então é mesmo uma questão de equilibrar os pratos, não tem como evitar isso”. O segredo é descentralizar tarefas e delegá-las a outros adultos que possam ajudar, afirma.

A menopausa, além das alterações hormonais, traz alterações comportamentais e fisiológicas, como ganho de peso e perda de colágeno. Consequentemente, a relação com a autoestima, o corpo e a sexualidade fica de cabeça para baixo. Neste momento, segundo Fernanda, são necessárias readaptações.

“Precisamos ter sabedoria, ir atrás de uma certa intelectualidade, espiritualidade para podermos aceitar o ciclo da vida”, afirma. “Chega uma hora que a gente tem que deixar de ser imaturo e infantil e encarar a vida como ela é e Zen Shame foi lançado em agosto deste ano. A primeira temporada tem nove episódios em que conversamos com quem entende do assunto, como a ginecologista Natalia Zekhry e a psicanalista e colunista da Folha Vera Iaconelli, além de compartilharem a experiência de mulheres como Angélica, Thaís Araújo, Camila Pitanga e Dira Paes, que contam como a menopausa entrou em suas vidas e quais preocupações as acompanharam.

A segunda temporada estreou no dia 15 deste mês e aborda a masculinidade. Fernanda agora conversa com homens ao seu redor para discutir o universo masculino, num jogo de palavras que ela inventou, passando da menopausa à pausa do homem (man, em inglês). Ela traz à tona discussões sobre todos os outros termos que acompanham a masculinidade: tóxico, fácil, hegemônico. O programa está disponível nas principais plataformas de áudio.

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