De acordo com uma compilação de estudos, cinco a 10% das mulheres nunca tiveram um orgasmo, e 59% admitiram ter fingido. Os dados também mostraram que 18,4% das mulheres atingem o orgasmo durante o sexo apenas com penetração vaginal, enquanto 81,6% não atingem o clímax sem estimulação e preliminares. Além disso, 95% dos homens geralmente ou sempre têm orgasmo durante a atividade sexual, em comparação com apenas 65% das mulheres.
“Se levarmos em conta que na masturbação a mulher leva, em média, oito minutos para atingir o orgasmo, enquanto no sexo com parceiro o tempo aumenta para cerca de 14 minutos, fica fácil entender a importância de preparar corpo e mente para a relação sexual” , diz Claudia Petry, educadora com especialização em Sexualidade Feminina pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH).
Porém, a terapeuta lembra que as preliminares não são apenas uma questão de prazer. “Trata-se também de criar um sentimento de ligação e intimidade entre os parceiros, o que é fundamental para uma relação saudável e duradoura”, afirma a especialista também em Educação Sexual.
Claudia comenta cinco tabus, em relação às preliminares, que penalizam muito o prazer sexual feminino, confira:
1. O homem se preocupa com o orgasmo da mulher
Verdadeiro. Segundo a sexóloga, os homens muitas vezes são estereotipados como amantes narcisistas e egocêntricos, focados principalmente no próprio prazer e pouco interessados na experiência das parceiras.
“Em contrapartida, quando pesquisados, os homens dizem que uma das coisas que mais os excita é perceber o prazer que proporcionam às suas parceiras.” Um estudo publicado nos “Archives of Sexual Behavior”, por exemplo, descobriu que os homens relataram sentimentos de confiança, realização e segurança ao imaginarem as suas parceiras a atingirem o orgasmo durante a relação sexual com eles, em vez de o conseguirem com a ajuda de um vibrador.
2. As preliminares começam com a relação sexual
Mito. Claudia Petry explica que promover a emoção é um exercício criativo que pode ser feito a qualquer momento. Ao longo do dia, o casal pode praticar ‘sexting’, trocando mensagens de texto e fotos insinuantes.
“Quando vocês estão juntos, exalem sensualidade. Aposte em contato visual provocante, beijos quentes e inesperados, olhares sensuais, carícias no corpo (por cima ou por baixo da roupa) e tudo mais que desperte desejo em ambos”, aconselha a terapeuta.
3. Mulheres homossexuais também precisam de preliminares
Verdadeiro. Tal como acontece com todas as formas de sexo, as preliminares são igualmente importantes para os homossexuais. “É claro que o prazer sexual é melhor compreendido e flui melhor entre duas mulheres, mas ainda são duas pessoas diferentes que podem ter gostos e interesses específicos.”
Como exemplo, Claudia cita a ‘tribulação’, prática sexual comum entre mulheres homossexuais. “Consiste em esfregar a região genital nas coxas ou quadris do parceiro. Porém, ao contrário da crença popular, nem toda mulher gosta da técnica. Daí a importância de investir nas preliminares e, além do clitóris, descobrir os pontos-chave do seu parceiro.”
4. As preliminares precisam acontecer em todas as relações sexuais
Mito. Cada mulher tem sua resposta sexual, influenciada por fatores hormonais, externos e emocionais. “As mulheres nem sempre estão dispostas a ter um bom desempenho. Muitas vezes, as ‘rapidinhas’ são mais práticas e dão conta do recado”, ressalta.
Leia também: Por que o sexo planejado pode ser tão ou mais prazeroso do que o sexo “impulsivo”
Porém, o especialista alerta que isso não se torna uma constante. “O risco é grande de o casal ficar complacente e não perceber que as relações sexuais estão caindo na rotina. E esta é uma das armadilhas mais silenciosas que resultam na separação do casal.”
5. As preliminares não significam a mesma coisa para todos
Verdadeiro. O que funciona para uma pessoa pode não ter o mesmo efeito para outra. Esta é uma oportunidade para falar sobre preferências, desejos e necessidades que podem ou não ser atendidas. Aqui, a flexibilidade se torna um diferencial para que ambos possam encontrar um meio-termo que funcione mutuamente.
“Experimente diferentes formas de estimulação e descubra o que traz mais prazer para vocês dois. Além disso, mantenha a comunicação, pois o sexo é uma experiência complexa e cíclica e os interesses sexuais podem mudar com o tempo.”
É importante lembrar que o orgasmo é consequência de estímulos sensoriais, sejam eles físicos, verbais ou visuais. “Se você pular esta etapa, a chance de atingir o orgasmo diminui consideravelmente, além de perder a oportunidade de explorar zonas erógenas do seu corpo e do seu parceiro, e de cultivar aqueles momentos de intimidade que são cruciais para um relacionamento duradouro”, ele diz. Cláudia.
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