Um alimentação saudável É fundamental para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, podendo ser decisivo para a saúde ao longo da vida. Frutas, verduras, grãos integrais, proteínas magras, laticínios e gorduras saudáveis têm efeitos positivos em cada faixa etária, como descreve Ana Luiza Valladares, nutricionista da Casa de Apoio Aura – Organização da Sociedade Civil que acolhe crianças e adolescentes com câncer, hematológico doenças e receptores de transplantes e suas famílias.
“Nos primeiros seis meses de vida, o leite materno atende às necessidades nutricionais da criança, pois contém proteínas, lipídios, carboidratos, anticorpos e diversos nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento. Após o sexto mês de vida, a introdução de alimentos complementares, incluindo carnes, frango, ovos, frutas, verduras e grãos, garantirá doses extras de vitaminas e minerais como ferro, cálcio, zinco, vitaminas A e D, lembrando que nesta fase, o abastecimento de água também é crucial para uma hidratação adequada. A partir dos 10 anos ocorrem mudanças físicas, psicológicas e comportamentais que aumentam as necessidades calóricas. Por isso, é importante optar por consumir alimentos variados, como peixe, frango, queijo, leite, ovos, carboidratos (como macarrão, arroz e batata), além de frutas, legumes e verduras”, indica.
Apesar disso, manter uma alimentação equilibrada na infância e na adolescência é um desafio dada a grande variedade de alimentos ultraprocessados, que se destacam pelo sabor, palatabilidade e preços acessíveis. O relatório do Ministério da Saúde, Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que 30,4% da alimentação das crianças brasileiras de dois a cinco anos é feita dos alimentos ultraprocessados, e entre aqueles de seis meses a dois anos o percentual é de 20,5%.
“As crianças não precisam de alimentos como salgadinhos, macarrão instantâneo, salsichas, salames, doces, pirulitos, refrigerantes, biscoitos recheados, nuggets, entre outros. A ingestão inadequada de nutrientes na infância prejudica o desenvolvimento intelectual e físico, impactando a saúde a longo prazo e aumentando o risco de doenças como obesidade, hipercolesterolemia, anemia, diabetes e outras condições. Além disso, o consumo excessivo de doces ao longo do dia compromete o apetite nas refeições principais”, alerta Ana Luiza Valladares.
Na análise do especialista, o sabor e as estratégias de marketing e publicidade dos alimentos ultraprocessados têm forte influência nos consumidores, principalmente entre as crianças, por isso é fundamental envolvê-los desde cedo na compra e preparação dos alimentos e na diversificação do cardápio. .
“Também é importante manter uma rotina alimentar em casa para desenvolver hábitos saudáveis, com horários regulares e longe de distrações. Procure inovar nas receitas e torná-las mais atrativas. Mude a forma de preparo da comida ou a textura, por exemplo, bata o feijão ou faça um tutu de feijão; misturar aquele ingrediente que a criança tem aversão em um preparo bem aceito; montar pratos coloridos ou interativos; estimule a criatividade, faça perguntas como, ‘você notou que esse brócolis parece uma arvorezinha’; fazer refeições com a criança, consumindo os mesmos alimentos; modele hábitos saudáveis, consuma os alimentos que você gostaria que seu filho experimentasse”, sugere.
Ana Luiza Valladares afirma que, nos dois primeiros anos de vida, as crianças começam a explorar sabores e texturas. “Nesta fase, a inclusão de frutas, verduras, proteínas e carboidratos proporciona o desenvolvimento de um paladar mais amplo e aceitação de novos alimentos. No início é comum recusar certos ingredientes, afinal tudo é novidade para a criança, mas à medida que são oferecidas opções diferentes, o paladar se adapta. Lembre-se que é preciso observar a maturidade neurológica para a introdução dos alimentos, como apoio de tronco e deglutição adequada”, descreve.
A especialista ressalta que uma alimentação balanceada promove benefícios que vão além do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, sendo uma aliada valiosa durante o processo de adoecimento. “Uma alimentação saudável e equilibrada não só promove um bom estado nutricional, mas também é essencial durante os episódios de doença, pois fortalece o sistema imunitário, minimiza os efeitos secundários de tratamentos como o cancro e influencia positivamente o humor e a ansiedade dos pacientes. . Além disso, auxilia na cicatrização e recuperação de feridas, contribuindo significativamente para uma melhor qualidade de vida e uma recuperação mais eficaz”, finaliza.
Confira a proposta da nutricionista da Casa de Apoio Aura para um cardápio balanceado. É importante destacar que as porções e cortes das preparações oferecidas devem ser adequadas à idade.
• Café da Manhã: Porção de frutas (integrais ou suco), proteínas (leite, queijo, iogurte, ovo) e carboidratos (ex. pão, bolo, cuscuz).
• Lanche da manhã: Porção de frutas com aveia OU iogurte OU suco OU smoothie de frutas com porção de carboidratos (ex. sanduíche, bolo, biscoito).
• Almoço: Porção de carboidratos (ex. arroz, macarrão, mandioca), legumes (ex. feijão, lentilha), carnes magras (ex. frango, peixe, carne moída ou assada) OU ovos, legumes cozidos e salada. Fruta de sobremesa e ocasionalmente gelatina, mas só a partir de um ano e, de preferência, com pouco açúcar adicionado.
• Lanche: Lanche semelhante ao lanche da manhã, com porção de fruta com iogurte OU suco de fruta ou smoothie com porção de carboidratos (ex. sanduíche, bolo, biscoito).
• Jantar: Porção de carboidratos e proteínas (macarrão com molho bolonhesa OU panqueca de frango desfiado OU arroz de forno com frango, cenoura). Fruta de sobremesa.
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