BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As despesas do Poder Judiciário bateram recorde no ano passado, em uma série histórica que começou a ser registrada em 2009. Os dados constam do relatório Justiça em Números 2024, divulgado nesta terça-feira (28) pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). ).
Segundo o documento, em 2023, as despesas totais do Judiciário totalizaram R$ 132,8 bilhões, o que representa um aumento de 9% em relação a 2022. Os valores anuais foram corrigidos pelo CNJ de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
As despesas com o Judiciário somaram R$ 84 bilhões em 2009 e cresceram para R$ 124,9 bilhões em 2017, segundo a série histórica Justiça em Números. Houve uma pequena queda em 2018, mas o valor voltou a subir em 2019.
As despesas caíram em 2020 e 2021, anos marcados pela pandemia de Covid-19, mas voltaram a subir em 2022 até atingirem os custos mais elevados em 2023.
“Esse crescimento foi provocado pela variação na rubrica de despesas com pessoal, que cresceu 9%; despesas de capital, com aumento de 32,9%, além da variação positiva em outras despesas correntes (4%)”, diz o relatório da CNJ.
“Nota-se que 18% das despesas referem-se a gastos com inativos, ou seja, compromisso previdenciário do Judiciário quanto ao pagamento de aposentadorias e pensões. Descontadas tais despesas, o gasto real para o funcionamento do Judiciário é de R$ 108 , 9 mil milhões”, acrescenta.
As despesas com pessoal correspondem a 90% do custo do Judiciário. Além da remuneração de magistrados, servidores e terceirizados, o CNJ computava os valores decorrentes de auxílios e assistências como diárias, indenizações, passagens e gratificações – os chamados penduricalhos.
Quando somados todos esses cursos, cada magistrado custa aos cofres públicos uma média mensal de R$ 68,1 mil. Cada servidor custa R$ 20.100.
Em alguns estados, essa média é bem maior. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, cada magistrado dos tribunais estaduais custa em média R$ 120 mil por mês. No Mato Grosso, cada um custa R$ 116 mil.
Entre os tribunais superiores, os maiores gastos são com os ministros do STM (Superior Tribunal Militar), quase R$ 86 mil por mês com cada um deles.
O relatório do CNJ aponta que os gastos do Judiciário estadual são responsáveis pela maior parte dos custos da Justiça – mas os estados também cobrem a maior parte dos processos.
A Justiça Estadual corresponde a 63% do total dos valores. Em segundo lugar, a Justiça do Trabalho é responsável por 17%. Em seguida, vêm a Justiça Federal (15%), a Justiça Eleitoral (5,5%), os tribunais superiores (3,2%) e o Tribunal Militar Estadual (0,2%).
“Em 2023, o custo do serviço da Justiça foi de R$ 653,7 por habitante, R$ 67,6 a mais por pessoa que no ano passado, o que representa um aumento de 11,5%”, diz a Justiça em Números.
“É possível constatar que a despesa por habitante tem crescido desde 2021, e que o nível observado atualmente é o mais elevado verificado desde o início da série histórica”, acrescenta.
O aumento das despesas por habitante foi, proporcionalmente, maior na Justiça Militar Estadual (20,5%), na Justiça Estadual (14,7%) e na Justiça Federal (12,1%).
Apesar do aumento dos gastos, a receita dos cofres públicos devido à atividade jurisdicional reduziu 3% no ano passado em relação a 2022. Foram arrecadados R$ 68,7 bilhões, um retorno de 52% das despesas incorridas.
As despesas totais do Judiciário correspondem a 1,2% do PIB nacional ou 2,38% das despesas totais da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Uma das novidades do relatório Justiça em Número deste ano é a inclusão de dados sobre políticas de diversidade e equidade no Judiciário, tema caro ao presidente do CNJ e do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso.
Segundo o relatório, apenas 14,2% dos juízes são negros. Além disso, no final de abril de 2024, a participação feminina no poder judicial era de 36,8%.
Justiça em Números é a pesquisa que consolida os principais dados sobre a atuação da Justiça brasileira e é elaborada pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ.
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