Lula: Classe média só volta para a escola pública se a qualidade melhorar

Lula: Classe média só volta para a escola pública se a qualidade melhorar



BRASÍLIA DF – O presidente Lula (PT) disse, nesta terça-feira (28), que a classe média só retornará às escolas públicas quando o ensino for de melhor qualidade. A afirmação foi dada durante reunião sobre o Compromisso Nacional da Criança Alfabetizada, no Palácio do Planalto. A iniciativa, segundo ele, é um passo para melhorar a educação.

O governo aproveitou o evento para confirmar publicamente o compromisso com estados e municípios com a meta de alfabetizar 80% das crianças na idade certa até 2030. Lula disse considerar o nível uma “coisa nobre”, mas “pequena”, e reforçou a necessidade de atingir 100%.

“Se você pegar os grandes intelectuais deste país, todos eles vêm da escola pública. Quando você universaliza a educação, uma parte da sociedade saiu da escola pública, porque não tinha a qualidade exigida, foi para a escola privada e a parte mais pobre ficou de fora. a população com escolas públicas”, disse.

“Só vamos trazer a classe média de volta ao ensino público no ensino fundamental, quando a qualidade do ensino melhorar”, acrescentou.

Governadores de Bolsonaro elogiam ministro

O evento foi em formato de reunião, com apresentação do ministro Camilo Santana e presença de 12 governadores, incluindo chefes do Executivo de estados de oposição, como Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Ronaldo Caiado (Goiás).

Todos os governadores que quiseram falar puderam fazê-lo. E Castro e Caiado falaram com elogios ao ministro da Educação.

O governador do Rio de Janeiro, do mesmo partido de Jair Bolsonaro (PL), chamou Santana de amigo e “superministro”. Ele disse ainda que costuma ser um crítico ferrenho do pacto federativo, mas elogiou a iniciativa de compromisso do MEC com a alfabetização.

“Presidente, hoje saio daqui muito orgulhoso. Tenho sido um crítico feroz do pacto federativo e de várias nuances dele, principalmente na educação, onde acho que o pacto cria uma pirâmide invertida, onde uma entidade que passa mais tempo cuidando dos nossos crianças e jovens é quem tem menos dinheiro, o município”, disse.

«Quando ouvi o ministro da Educação dizer a mesma coisa, que temos de investir mais nos municípios, foi música para os ouvidos de quem apoia uma educação de qualidade», acrescentou Castro, pedindo depois a Santana que aplaudisse.

Caiado, por sua vez, diz que o ministro da Educação, quando foi governador do Ceará, no mandato anterior, o ajudou a melhorar práticas e políticas em Goiás.

O Ceará, historicamente, é o estado com os melhores índices de educação do país.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, o governo apresentou nesta terça-feira dados que mostram melhorias na alfabetização infantil em 2023 como os “primeiros resultados” do programa federal sobre o tema. Mas o novo programa só foi lançado em meados do ano passado e até novembro o governo não tinha investido nenhum recurso.

Ações como criação de cantinhos de leitura e formação de professores não ocorreram no ano passado. No ano passado, os esforços do governo concentraram-se no estreitamento dos vínculos da União com os sistemas de ensino estaduais e municipais.

Os dados indicam que, no passado, 56% das crianças eram alfabetizadas, contra 36% em 2021, durante a pandemia. Em 2019, esse percentual era de 55%.

O ministro Santana disse que a política começou a ser criada no início do ano passado e que tudo foi feito com os estados e municípios.

“O papel do MEC é o papel de coordenar essa política, de induzir técnica e financeiramente. Também não queremos um protagonismo para o MEC, queremos um protagonismo para os estados, para os municípios”, disse aos jornalistas após o evento no Palácio do Planalto.

Ele afirmou que, quando o decreto foi assinado, em junho, a política já havia sido desenvolvida com as entidades. Ele também citou como exemplo a transferência para coordenadores de alfabetização nos estados, iniciativa do governo federal que já reuniu mais de 7 mil profissionais nos estados.



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