Salário mínimo previsto para 2025 terá impacto de R$ 51 bilhões nas contas públicas. Governo calcula que valor passe dos atuais R$ 1.412 para R$ 1.502

Salário mínimo previsto para 2025 terá impacto de R$ 51 bilhões nas contas públicas. Governo calcula que valor passe dos atuais R$ 1.412 para R$ 1.502


O salário mínimo é referência para benefícios da Previdência Social. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Nota técnica das consultorias de Orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado sobre o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2025 mostra que o impacto da correção do salário mínimo e da variação do INPC nas contas públicas é estimado em R$ 51,2 bilhões pelo governo, o que é pouco menos de 1/5 do défice da Segurança Social. A LDO estabelece as regras para elaboração e execução do Orçamento da União.

O salário mínimo é referência para benefícios da Previdência Social, seguro-desemprego e abono salarial do PIS/Pasep. O INPC corrige benefícios previdenciários acima de um salário mínimo.

Para 2025, o governo estima que o mínimo passe de R$ 1.412 para R$ 1.502 com base em um INPC de 3,35% acumulado até novembro de 2024 e mais 2,9% de crescimento econômico em 2023. Essa regra de avaliação mínima foi definida em lei de 2023 (Lei 14.663/23).

Nos anexos do projeto da LDO, o governo faz uma projeção dos gastos da Previdência Social para os próximos anos. Quando isso é feito com as regras atuais e com a perspectiva de envelhecimento da população, observa-se uma redução dos gastos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) até 2028. Mas em 2029 voltariam a subir, fazendo com que o déficit subisse de 2,32% do PIB em 2024 – ou R$ 268,2 bilhões – para 10,11% em 2100.

Mudar

Uma mudança importante apontada pelos consultores na LDO 2025 em relação às anteriores foi que o governo incluiu no novo marco fiscal (LC 200/23) um dispositivo que garante o não contingenciamento de um percentual mínimo de recursos necessários ao funcionamento da máquina pública. Esse percentual seria de 75% das despesas não obrigatórias autorizadas na lei orçamentária. Ou seja, esse total não poderia estar condicionado ao cumprimento da meta de resultado primário, que, para 2025, é o equilíbrio entre receitas e despesas.

Meta fiscal

Em relação à revisão dos objetivos fiscais realizada pelo governo no projeto LDO 2025, reduzindo a meta de superávit de 0,5% do PIB para o equilíbrio fiscal; consultores avaliam que foi uma decisão realista. “Em termos gerais, uma meta de resultado primário menos ambiciosa sinaliza maior lentidão na promoção da estabilização da trajetória da dívida pública. Um resultado primário mais forte, por sua vez, catalisaria o processo de estabilização, mas isso resultaria de maiores esforços de captação de recursos, dada a dificuldade de redução dos gastos obrigatórios”, explica a nota.

Se a meta anterior fosse mantida, segundo os consultores, a busca por mais receitas teria um efeito colateral: “Embora o aumento da receita melhore o resultado primário do exercício, existe o risco de reforço de despesas obrigatórias e, como resultado Como resultado, o espaço ocupado pelas despesas discricionárias, notadamente as destinadas a investimentos, será comprimido mais rapidamente.”

Os consultores afirmam que as despesas obrigatórias já serão impactadas nos próximos anos com o pagamento integral dos precatórios, o restabelecimento dos vínculos constitucionais entre a receita e os gastos com saúde e educação, as alterações tributárias e a política de aumento do salário mínimo.

Prioridades

Na nota dos consultores, foi ainda destacado que o governo direcionou a lista de prioridades e metas da administração pública para 2025 para o Plano Plurianual 2024-2027. Os consultores afirmam, no entanto, que só no projecto de Lei Orçamental para 2025 serão seleccionados os objectivos que serão efectivamente prosseguidos com a indicação das dotações correspondentes.

“A delegação da definição de metas e prioridades a outros instrumentos é questionável, pois a Constituição elege a LDO como veículo normativo para tanto”, apontam as consultorias.