Câmara dos Deputados aprova fim da isenção de imposto para importados de até 50 dólares: taxa será de 20%

Câmara dos Deputados aprova fim da isenção de imposto para importados de até 50 dólares: taxa será de 20%


Os impostos de importação serão aplicados em lojas virtuais como a Shein.

Foto: Reprodução

Os impostos de importação serão aplicados em lojas virtuais como a Shein. (Foto: Reprodução)

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (28) o texto-base do projeto de lei que prevê a devolução do Imposto de Importação para compras de até 50 dólares por pessoa física. Foi aprovado o texto apresentado pelo relator do projeto, deputado Átila Lira (PP-PI), que prevê uma taxação de 20% sobre o valor desses produtos. Dado o acordo acertado de que esse seria o percentual de tributação apresentado na Câmara, a votação foi simbólica.

O projeto afeta as vendas em sites estrangeiros, como os sites asiáticos Shein e Shopee.

A matéria foi votada dentro de um projeto de lei que institui o Programa de Mobilidade e Inovação Verde (Mover), que foi considerado um “jabuti” no texto – quando um tema é incluído em uma proposta de assunto diferente. Além dos 20% de Imposto de Importação, serão pagos 17% de ICMS.

A questão dividiu até a bancada do governo nas últimas semanas. A isenção desagradou aos varejistas brasileiros, que reclamaram da concorrência desequilibrada com produtos importados.

A Receita Federal defendeu a manutenção da isenção para compras até esse valor, já que atualmente existe o programa Conform Remittance. A isenção também foi defendida por deputados petistas, mas parte da base do governo, principalmente parlamentares mais próximos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou que a retomada da tributação era necessária não apenas para equiparar os sites estrangeiros ao varejo nacional, mas também para um instrumento de arrecadação de fundos.

O texto apresentado pelo relator também estabelece uma tabela progressiva, mantendo a alíquota de 60%, atualmente em vigor, para importações acima de 50,01 dólares.

Encontro com Lula

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou a defender o trecho da matéria no plenário e negou que se tratasse de um “jabuti”. Lira se reuniu com Lula para discutir o tema e, após o encontro, defendeu um “meio-termo”.

“Não queremos prejudicar ninguém. Há setores, regiões que estão desempregadas, porque não aguentam a concorrência que aparentemente não é saudável.”

Como era antes

A Receita Federal vinha alegando nos últimos anos que os varejistas estavam aproveitando uma brecha para vender ao Brasil sem impostos. A lei permite o envio de pessoa física para pessoa física com isenção para produtos de até 50 dólares. E o Ministério das Finanças afirma que as empresas enviavam produtos como se fossem particulares.

A agência criou então o Remessa Compliance, programa para regularizar e facilitar compras. Neste programa, estavam isentas remessas de até 50 dólares. Além disso, foi estabelecido um ICMS de 17% em todos os estados – antes não havia uniformidade.

Programa Mover

Toda a discussão sobre o Imposto de Importação foi colocada no projeto Mover, que precisava ser aprovado até sexta-feira para não perder validade. A Mover prevê, até 2028, que as empresas do setor automobilístico que produzem no Brasil poderão obter créditos financeiros para serem usados ​​na redução de eventuais tributos administrados pela Receita Federal ou até mesmo serem reembolsados ​​em dinheiro.

Para conseguir isso, os fabricantes devem gastar em pesquisa e desenvolvimento ou produção tecnológica no país.

São estabelecidos limites anuais para esses créditos: em 2024, R$ 3,5 bilhões; em 2025, R$ 3,8 bilhões; em 2026, R$ 3,9 bilhões; em 2027, R$ 4 bilhões; e, em 2028, R$ 4,1 bilhões.