Composto derivado de planta brasileira mostra ação…

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Composto derivado de Nectandra Leucantha -planta braziliana popularmente conhecida como canela seca ou canela branca-tem o potencial a ser explorado no tratamento da leishmaniose visceral, doença endêmica principalmente em países pobres, incluindo o Brasil, que é transmitido pela mordida de insetos e desencadeia sintomas, como duração da febre longa, Aumento do fígado e baço, anemia e redução da força muscular.

Esta foi a conclusão de um estudo realizado em parceria por pesquisadores brasileiros, ingleses e portugueses. Os resultados, publicado na revista Agentes antimicrobianos e quimioterapiaindicar que a substância é capaz de matar o parasita Leishmania infantumcausando a doença, seletivamente, ou seja, sem afetar a célula hospedeira.

O primeiro passo foi sintetizar no laboratório um composto semelhante ao encontrado no vegetal, inicialmente isolado pelo professor João Lago Da Universidade Federal da ABC (UFABC), chamada Deshydrodieugenol B. Esta parte do trabalho foi realizada pelo professor Edward Anderson, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

“Usamos essa substância como protótipo, ou seja, um modelo para que pudéssemos desenhar novas versões da molécula [com pequenas variações estruturais] e testá -los um por um no parasita in vitroo que nos permitiu otimizar sua ação ”, diz André Gustavo TimePesquisador do Laboratório de Fisiopatologia do Instituto Butantan e Coordenador do Projeto suportado por FAPESP.

Assim, os pesquisadores obtiveram uma molécula quatro vezes mais poderosa que o protótipo. Mas os testes em animais foram desencorajadores, pois o composto já otimizado circulava no corpo do roedor por menos de dez minutos, o que impediu o avanço do estudo. “O fato de a substância poder circular tão em breve no corpo dos ratos indicou que haveria falhas nas próximas etapas da pesquisa. Ficou claro que a substância não ofereceria os resultados esperados ”, diz Time.

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Portanto, a equipe se dedicou a trabalhar novamente com o aprimoramento da molécula que procura aumentar sua biodisponibilidade, ou seja, elevar o tempo de permanência no organismo dos animais. Após vários processos de otimização química feitos in vitroem parceria com Maiara AmaralUm estudante de tempo que estava fazendo um estágio na Universidade de Oxford e usou o projeto como sua tese doutoradoEles chegaram a uma molécula mais poderosa, que atingiu uma meia-vida plasmática de 21 horas.

Estudos farmacocinéticos (movimento de um composto dentro do corpo, da administração à excreção) feitos com ratos mostrou que, após esse processo, o composto circulava no corpo animal por cem vezes mais do que o observado inicialmente.

Além de provar o aumento do poder da nova substância no combate Leishmania infantumanálises in vitro revelou que o composto era seguro para a célula hospedeira. Além disso, os pesquisadores investigaram seu mecanismo de ação, mostrando um colapso irreversível do sistema de energia parasita (ATP) pelo aumento de cálcio, bem como atividade anti-inflamatória nas células hospedeiras, um fator importante para o tratamento da leishmaniose visceral. Com esses bons resultados em mãos, os cientistas pretendem avançar ainda mais em estudos com animais. “Precisamos analisar a ação do composto em roedores com leishmaniose para avaliar sua eficácia e as doses necessárias para o tratamento”, diz Tempne.

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O objetivo futuro é usar o composto na fabricação de medicamentos contra a leishmaniose visceral, mas ainda há muito tempo pela frente. O pesquisador lembra que um novo medicamento leva cerca de 15 anos para chegar ao mercado, pois as fases de avaliação ainda são protocolos muito rigorosos para garantir a segurança ativa do princípio ativo antes de avaliá -lo em humanos.

E ele acrescenta que esse trabalho é extremamente importante, pois os grandes farmacêuticos têm pouco interesse nas doenças negligenciadas, um grupo em que a leishmaniose visceral está incluída. “O Brasil tem uma das maiores biodiversidade do mundo, o que a torna rica na oferta de estruturas químicas que podem ser copiadas e usadas em medicamentos. Se não formos, certamente não seremos os países ricos e não endêmicos a investir no combate a essa doença ”, argumenta o pesquisador.

Se não for tratada, a leishmaniose visceral pode matar até 100% dos infectados. Eles são registrados por ano entre 20 mil e 50.000 mortes da doença em todo o mundo.

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