Como os hormônios podem influenciar na saúde mental das mulheres? Entenda – Jornal Estado de Minas

A menopausa é uma fase natural da vida de toda mulher, marcada por importantes alterações hormonais que costumam causar reações no corpo feminino. Normalmente, essas alterações ocorrem por conta da redução dos hormônios, fato que pode desencadear danos à saúde física, além de problemas emocionais, como depressão e transtornos de ansiedade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030, teremos 1 bilhão de pessoas com sintomas da menopausa. Atualmente, no Brasil, existem cerca de 18 milhões de mulheres com essa condição. A menopausa é uma fase que exige acompanhamento médico individualizado, a fim de evitar possíveis doenças e distúrbios emocionais.

Sintomas

Nos consultórios médicos, a queixa mais comum das pacientes está relacionada às alterações físicas e mentais decorrentes da menopausa.

Durante este período, a produção de hormônios como o estrogênio diminui consideravelmente. Este hormônio ajuda a regular o ciclo menstrual, mas também desempenha um papel importante na produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, fundamentais para o bem-estar.

Para Consuelo Callizo, ginecologista do Centro Médico do Hospital Dia Elsimar Coutinho (CEPARH), a falta de hormônios nesta fase da vida da mulher pode gerar alguns distúrbios emocionais. “Como a testosterona baixa, que é o hormônio da felicidade e melhora não só a libido sexual, mas o entusiasmo pela vida, e o estrogênio, que é um hormônio extremamente necessário para o cérebro; Os pacientes podem apresentar sintomas como desânimo e esquecimento e até agravar doenças já existentes, como depressão e transtorno bipolar.”

A falta de concentração e os desequilíbrios na capacidade cognitiva também podem contribuir para a ansiedade e irritabilidade na rotina. “Não é a sensação de que você está envelhecendo, mas sim de que não é mais capaz. Isso é extremamente desagradável para as mulheres”, revela.

Menopausa e saúde mental

Pesquisas indicam que as mulheres estão mais predispostas a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão durante a menopausa. Embora nem todas as pessoas apresentem esses quadros, a transição da menopausa pode ser um fator desencadeante, principalmente para quem já tem histórico de problemas relacionados à saúde mental.

Segundo estudo realizado na Universidade de Cardiff, localizada no País de Gales, durante o período da menopausa, cerca de 80% das mulheres desenvolvem sintomas de transtornos mentais.

A psiquiatra Mariana Kerner explica que “o climatério e a menopausa são momentos da vida da mulher muito estressantes para a mulher, pois lidam com o envelhecimento dos pais, podendo assumir o papel de cuidadora, além de perder entes queridos. É um desafio também agregar a esse período, a percepção do próprio envelhecimento com alterações hormonais e corporais, além de problemas de saúde”.

Nesta fase, a falta de sono devido às ondas de calor associadas a outros sintomas físicos pode aumentar o estresse e levar ao surgimento de transtornos mentais.

Quando procurar ajuda profissional?

É comum que as pessoas apresentem sintomas de tristeza e ansiedade em diferentes momentos da vida. O objetivo é observar a intensidade e a duração desses sintomas. Se os sentimentos persistirem por semanas ou meses, é hora de procurar ajuda médica.

“Existe uma linha muito tênue entre os sintomas inerentes ao período da menopausa e a necessidade de tratamento medicamentoso. O impacto na qualidade de vida, no funcionamento social e laboral deve ser observado caso haja alteração no sono, negligência com a aparência, além de tendência ao pessimismo, tendência a emoções negativas, ruminação de pensamentos, exacerbação de sintomas ansiosos como irritabilidade , inquietação, tendência ao catastrofismo, aconselha Mariana.

Neste caso, “psicoterapia, atividade física, beber água e meditação são medidas não farmacológicas que podem ser adotadas ao longo da vida para melhorar a saúde mental. Porém, o sofrimento psicológico e as doenças mentais dificultam a implementação dessas medidas e exigem intervenção medicamentosa, sendo fundamental a avaliação de um profissional para identificar a melhor abordagem para cada caso”, reforça o psiquiatra.

A ginecologista Consuelo também alerta sobre a atenção especial dos profissionais de saúde nesta fase da vida da mulher. “É importante consultar um médico para verificar se é necessária terapia de reposição hormonal. Quando isso é muito grave, também é necessária a orientação de um psiquiatra.” O momento ideal para pedir ajuda é o momento em que a mulher identifica que há algo errado e se há necessidade de reposição hormonal. Ela explica que, dependendo da situação, o paciente necessita de medicação (antidepressivo), além do tratamento de reposição hormonal.

A menopausa é uma fase de profunda transformação, mas com apoio adequado, as mulheres podem passar por este período de forma saudável, mantendo a sua saúde mental equilibrada. O diálogo com profissionais de saúde, familiares e amigos é fundamental para enfrentar os desafios e buscar o tratamento adequado quando necessário.

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