O início do ano é um período de descanso para as crianças. Com as férias escolares, um dos desafios é lidar com o tédiojá que, na escola, atividades e estímulos são frequentes. “O tédio, apesar de muitas vezes ser visto de forma negativa na sociedade contemporânea, pode ser um fator importante no desenvolvimento infantil, especialmente quando se considera o impacto que tem na criatividade, autonomia e habilidades cognitivas e aspectos emocionais das crianças”, aponta o psicólogo da AmorSaúde, Vagner Vinicius Moraes de Araújo.
Embora benéfico e relevante ao longo do desenvolvimento, é dos seis aos 12 anos e na adolescência que o tédio é mais importante. “Nessas idades, o tédio oferece a oportunidade para crianças ou adolescentes aprenderem a lidar com a frustração, desenvolverem autonomia e explorarem seu potencial. criativo e social”, explica o profissional.
Esse sentimento deve ser visto de forma diferente, considerando seu potencial para estimular a criatividade, a autonomia, a regulação emocional e as habilidades sociais e cognitivas. “É muito mais do que um simples estado de frustração da criança”, destaca.
Asas para a imaginação
Segundo Vagner Vinicius, a imaginação é um dos benefícios do tédio. “Quando se sentem entediadas, as crianças são obrigadas a procurar novas formas de passar o tempo, o que as leva a usar a mente de formas criativas e inovadoras. Isso ocorre porque o tédio gera um estado vazioque ela precisa preencher com alguma coisa, e a maneira como ela faz isso é muitas vezes resultado da ativação de processos criativos internos”, explica.
Desta forma, o tédio funciona como uma força motivadora, um ponto de partida que permitirá às crianças desenvolver formas de desfrutar das férias, usando a imaginação. Nesse sentido, o caráter de autonomia também é fortemente estimulado. “Quando as crianças ficam sem opções imediatas de entretenimento, são desafiadas a usar as suas próprias mentes para criar e explorar. Este processo não só estimula a imaginaçãomas também contribui para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, pois as crianças aprendem a pensar de forma independente, a resolver problemas e a criar as suas próprias realidades”, reitera.
Desenvolvimento
Durante a infância, o tédio atua como um importante regulador emocional. “Uma das habilidades mais importantes que as crianças desenvolvem quando lidam com o tédio é a capacidade de reconhecer e gerenciar suas próprias emoções”, diz Vagner. Mas, além disso, a resiliência e a tolerância à frustração podem ser desenvolvidas a partir do sentimento.
Ao se sentir entediada, a criança trabalha sua capacidade de contornar essa situação, com mais paciência em relação a possíveis frustrações no processo. Segundo a profissional, ela aprende a esperar, se adaptar e se divertir com mais independência. Assim, este processo inclui o incentivo à resolução de problemas, que pode ser potenciado com a socialização e a empatia, caso esteja em grupo com outras crianças. “Eles tendem a buscar formas de interagir e brincar juntos, o que pode levar ao desenvolvimento de habilidades sociais aspectos importantes, como cooperação, negociação e resolução de conflitos”, destaca.
O papel dos pais
É importante que nesse processo os pais atuem de forma assertiva e incentivem outras formas de aproveitar ao máximo as férias escolares e o tédio dos filhos. “Os pais podem aproveitar esta oportunidade para ajudar com desenvolvimento emocionalsocial e cognitivo da criança, sem recorrer automaticamente a distrações tecnológicas como tablets ou TV”, explica a psicóloga. Esse detalhe torna-se cada vez mais importante, principalmente para evitar a exposição excessiva das crianças às telas.
O primeiro passo, como destaca Vagner, é a validação dos sentimentos dos filhos pelos pais. Posteriormente, indica as seguintes ações:
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Incentive a criatividade e a autossuficiência: incentive as crianças a criarem suas próprias ideias
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Ensine a lidar com a frustração e a tolerância ao tédio: ajude a criança a perceber que o tédio não é algo negativo, incentivando o descanso ou outras atividades
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Promover o desenvolvimento da autonomia: incentivar as crianças a tomarem decisões sobre o que fazer com o seu tempo
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Estimule o planejamento e a organização: identifique se a criança está conseguindo organizar sua brincadeira e ensine-a a realizar essa tarefa
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Incentive o socialização e cooperação: sugerir brincadeiras em grupo, caso haja mais de uma criança em casa, como jogos de tabuleiro ou atividades ao ar livre
A importância dos jogos
O profissional destaca como o brincar é bem-vindo nesse processo. Segundo ele, ao tentar superar o tédio, a exploração livre do ambiente permite que a criança crie estratégias e brincadeiras para passar o tempo.
“Durante momentos de tédio, as crianças podem brincar sem uma estrutura definida, o que significa que podem experimentar e explorar de formas não convencionais. Enfatizo a importância da brincadeira espontânea para desenvolvimento cognitivo. Sem um roteiro ou regras, as crianças podem improvisar e adapte seus jogoscriando mundos imaginários, transformando objetos em novos significados e desenvolvendo histórias criativas”, detalha Vagner Vinicius.
Brincar de faz de conta, usar Legos ou blocos de construção e caça ao tesouro são algumas recomendações que podem estimular a capacidade imaginativa das crianças. Além dessas, outras atividades podem fazer parte da rotina durante férias escolaressegundo a psicóloga:
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Jogos musicais: criação de instrumentos com objetos domésticos, canto e dança, karaokê
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Jogos literários: teatralização de histórias, contação dinâmica, criação de histórias
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Atividades de exploração: explorar o quintal, observar animais e fazer experimentos simples
Equilíbrio é a chave
Para os pais e responsáveis, um dos desafios é organizar atividades estruturadas nos tempos livres das crianças. “Equilibrando o rotina de férias Momentos estruturados e tempo livre são essenciais para que as crianças aproveitem ao máximo esse período. As férias devem ser uma combinação de aprendizagem, exploração, relaxamento e criatividade”, pontua.
Portanto, um critério para organizar o dia a dia com as crianças é manter certa flexibilidade, mas ter momentos estruturados para desenvolver a disciplina e a rotina. Como enfatiza a psicóloga, na prática é possível definir horários acordar, fazer as refeições e dormir, evitando sempre atividades rígidas. Durante as atividades gratuitas, é o momento de estimular a autonomia, a criatividade e a imaginação das crianças, que podem ser enriquecidas com passeios programados, como zoológicos, museus e cinemas.
“O segredo é encontrar esse equilíbrio, permitindo as crianças experimentam a liberdade escolher e criar, ao mesmo tempo em que vivenciamos experiências significativas e educativas”, enfatiza.
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