Imagine um tratamento para tumores que não exija cirurgias invasivas, cortes profundos ou longas internações. Parece ficção científica? Esta tecnologia já é uma realidade e está revolucionando a medicina. Este é o radiologia intervencionistauma área da medicina moderna e inovadora, que oferece soluções menos traumáticas e muito eficazes para o tratamento de diversas doenças, incluindo tumores benignos e malignos, com especial destaque para a ablação tumoral (remoção de tecidos).
A radiologia intervencionista é uma área da medicina que utiliza imagens de alta precisão — como ultrassonografia, tomografia computadorizada e fluoroscopia — para orientar procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Em vez de cortes grandes, o médico usa agulhas, cateteres e dispositivos especiais para tratar diversas condições.
Essa abordagem reduz o trauma cirúrgico, acelera a recuperação e minimiza complicações. A ablação tumoral, uma das técnicas mais promissoras da radiologia intervencionista, destrói tumores com precisão, utilizando algum tipo de energia, como térmica (calor ou frio) ou eletromagnética, que são aplicadas diretamente no local, preservando o tecido saudável circundante.
A ablação é amplamente utilizada para tumores benignos e malignos. No caso de lesões benignas, o tratamento de nódulos tireoidianos que causam sintomas, como alterações estéticas, dificuldade para engolir e até respirar, é um dos exemplos mais frequentes e bem-sucedidos do uso da ablação. É um procedimento minimamente invasivo, eficaz, que proporciona rápida recuperação e evita a necessidade de cirurgias tradicionais. Além de preservar a função tireoidiana, a ablação não deixa cicatriz.
Outros exemplos são o tratamento de miomas uterinos e osteoma osteóide, que é um tumor ósseo benigno, mas que é muito doloroso, podendo seu tratamento ser realizado de forma precisa e minimamente invasiva.
Nos tumores malignos, que podem afetar todo o organismo, mas principalmente os encontrados no fígado, rins e pulmões, a técnica pode ser utilizada como tratamento principal ou combinada com outras terapias.
Todas essas técnicas podem levar à cura quando bem indicadas e executadas, com estudos mostrando equivalência aos resultados cirúrgicos, em mãos bem treinadas.
Os benefícios da ablação tumoral são diversos. É menos invasivo, eliminando a necessidade de cortes e suturas. A recuperação é rápida, com a maioria dos pacientes retornando às atividades normais em poucos dias ou até no mesmo dia. Além disso, há menor risco de complicações como infecção e sangramento. A técnica também preserva tecidos saudáveis por ser altamente direcionada, poupando estruturas corporais importantes. É também uma solução valiosa para pessoas que não podem correr o risco das cirurgias tradicionais.
Antes do procedimento, o paciente passa por exames detalhados para localizar o tumor e planejar a melhor abordagem. Durante a ablação, o médico orienta os instrumentos até o alvo com a ajuda de imagens em tempo real. O procedimento geralmente dura cerca de uma hora e o paciente recebe alta no mesmo dia ou no dia seguinte. A radiologia intervencionista, com sua constante inovação, vem ampliando as possibilidades de tratamento para muitas doenças. No caso da ablação tumoral, estudos mostram altas taxas de sucesso, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente.
A ablação de tumores já transformou a vida de milhares de pacientes, oferecendo um tratamento seguro, eficaz e menos traumático. A medicina do futuro está aqui e envolve radiologia intervencionista.
*Willian Yoshinori é radiologista intervencionista do HCFMUSP, responsável pelo setor de radiologia intervencionista do Hospital Moriah, em São Paulo.
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