A ansiedade, a depressão e outros sofrimentos mentais estão numa curva crescente em todo o mundo, processo que se agravou durante e após a pandemia de covid-19. A demanda por profissionais também é crescente e é nesse cenário que a curso on-line de treinamento de socorristas em saúde mental. A iniciativa de Hospital Alemão Oswaldo Cruzlocalizado em São Paulo, Está em sua terceira edição e é direcionado a profissionais que desejam aprender como identificar e apoiar situações de conflito causadas por transtornos mentais. Pela primeira vez, as inscrições estão abertas a profissionais individuais.
Com duração de três semanas e carga horária de 16 horas, o curso oferece capacitação para prevenção do sofrimento mental em ambientes coletivos, de trabalho ou familiares. Segundo a instituição, o curso já formou cerca de 150 socorristas de diversas empresas e do próprio hospital.desde a sua criação, em 2021, durante a pandemia.
As aulas são ministradas por médicos do corpo clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e por especialistas convidados, abordando temas como sinais e sintomas de transtornos mentais, impactos da alimentação e do estilo de vida na saúde emocional e estratégias anti-burnout no ambiente de trabalho. . A iniciativa é pioneira no país e foi desenvolvida a partir de um modelo de capacitação realizado na Austrália e no Canadá.
O treinamento é dividido em quatro módulos, que incluem temas como sustentabilidade emocional, segurança psicológica e gestão de conflitos. O conteúdo programático inclui o impacto dos transtornos mentais, técnicas de intervenção e comunicação não violenta. Vvalores podem ser encontrados no site do hospital.
Como a saúde mental movimenta o mercado privado
A necessidade de iniciativas como essa é evidenciada por dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2023, que mostram que 63% dos brasileiros sofrem de ansiedade, 37% apresentam estresse severo e 59% apresentam depressão. Apontando na mesma direção, pesquisa da consultoria Alvarez & Marsal aponta para um crescimento anual de 12 a 15% nos últimos quatro anos na assistência à saúde no Brasil devido a transtornos mentais. Estas já são apontadas como a terceira principal causa de doença no país, depois das doenças cardiovasculares e oncológicas.
Ao mesmo tempo, houve, na rede pública, redução de leitos psiquiátricos públicos a partir de 2001, quando foi promulgada a reforma psiquiátrica com foco na desospitalização, na priorização de tratamentos via Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e na redução de internações psiquiátricas desnecessárias. Esse movimento deu espaço para que o mercado, por sua vez, ocupasse um lugar de maior destaque na atenção à saúde mental.
Segundo levantamento da consultoria, em 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) respondia por 27,2 mil leitos psiquiátricos no Brasil, o equivalente a 63,3%. Em 2023, caiu para 23,6 mil — ou 54,3% —, sendo os restantes 45,7% geridos pelo setor privado, que criou, neste semestre, mais 3,5 mil camas.
As projeções de mercado de 2022 a 2030 indicam uma estimativa de Crescimento de 11% nas consultas psiquiátricas ambulatoriais oferecidas por prestadores de saúde. Assim, iniciativas como a do Hospital Alemão Oswaldo Cruz parecem ganhar mais destaque e visibilidade à medida que a assistência à saúde mental se torna privatizada.
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