Dengue: Brasil bate recorde de casos e tem desafio…

Dengue: Brasil bate recorde de casos e tem desafio…



Nas últimas semanas de 2023 e em janeiro do ano passado, já foi possível constatar que um onda de dengue se manifestou no Brasil. Com o aumento da doença, transmitida por mosquitos Aedes aegyptio ano de 2024 tornou-se recordista de toda a série histórica, totalizando 6.649.338 casos e 6.016 mortesalém de 913 óbitos em investigação, segundo dados do Ministério da Saúde até 28 de dezembro. Embora os episódios tenham diminuído desde o segundo semestre, a combinação do verão quente e chuvoso com as mudanças climáticas em curso deve desafiar os gestores nas esferas municipal, estadual e federal a evitar a proliferação do vírus. Aedes e novos picos de infecção em 2025.

Um dos fatores associados ao aumento das taxas foi a mudança no sorotipo circulante do vírus, que passou a ser o tipo 2. A dengue é considerada complexa porque possui quatro sorotipos e a infecção por um não exclui a possibilidade de voltar a ter a doença. Outro fator foi a crise climática, que elevou as temperaturas e fez com que o surto crescesse não só no Brasil, mas em “escala global”, como apontou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus durante visita ao país no ano passado.

“Tivemos, em 2024, o ano com maior número provável de dengue de toda a história do Brasil nos 40 anos que convivemos com a doença.
O mundo inteiro está experimentando um aumento nas temperaturas ambientais médias e um aumento nas chuvas. É inegável que temos dois elementos importantes para a biologia da Aedes: chuva e altas temperaturas”, explica o OLHAR Rivaldo Venâncio da Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente do Ministério da Saúde.

Um terceiro fator para o descontrole do número de infecções estava relacionado ao pandemia do covid-19. Segundo Cunha, para evitar a propagação do novo coronavírus, as visitas dos agentes de controle de endemias foram suspensas no período mais crítico, entre 2020 e parte de 2022, o que acabou impactando as ações de eliminação dos vetores.

“A suspensão foi uma medida de proteção para quem estava em casa e para o agente. EEm algumas localidades esse trabalho ainda não havia sido retomado nos níveis pré-pandemia, tanto em quantidade quanto em intensidade”, afirma o secretário adjunto.

Essa mobilização é importante porque, segundo dados do ministério, 75% dos criadouros estão em residências. Em maio de 2023, a visita de casa em casa era um dos lemas do Campanha Nacional de Combate à Dengue, Zika e Chikungunya anunciada pelo ministério, que também incluiu o uso de mosquitos estéreis e Bactéria Wolbachiacapaz de impedir que o inseto transmita o vírus da dengue.

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Preparação para 2025

Um estudo para estimar o número de casos prováveis ​​em 2025 será concluído neste mês, mas as ações que visam preparar o país para diferentes cenários, inclusive os mais críticos, têm ocorrido de forma ininterrupta.

Isto porque, com o caos climático, os picos podem ocorrer em momentos diferentes. As pesquisas apontaram situação recorde para 2024, com 4,2 milhões de casose o número foi superado no início de maio.

“Aproveitamos a baixa circulação para, nos três níveis de gestão, intensificar as medidas de prevenção para que cada cidadão dedique dez minutos por semana ao cuidado do seu quintal e possamos reduzir o maior número possível de potenciais surtos. Aedes“, diz Cunha. “
Também estamos nos preparando em estreita parceria com estados e municípios, entidades públicas e privadas, bem como outros ministérios para o pior cenário.”

A implantação de novas tecnologias de combate ao mosquito fará parte de políticas públicas e não de mais pesquisas, segundo o secretário adjunto. No caso da wolbachia, implementada em Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e em parte do Rio de Janeiro e Belo Horizonte ao longo de dez anos, 40 novas cidades serão incluídas para adoção do uso da bactéria.

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“Além disso, temos postos de disseminação de larvicidas, inseticida estéril e pulverização residual em escolas, rodoviárias, unidades de saúde e outros espaços com efeito de quatro meses”.

Ter um conjunto de estratégias é essencial, tendo em conta que apesar da ampla circulação do vírus, ainda existem populações vulneráveis, especialmente dada a escassez de vacinas para promover a imunização em massa. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com apoio de Instituto Todos pela Saúde (ITpS) mostrou que 72% da população analisada em São Paulo não possui imunidade contra nenhum dos quatro sorotipos da dengue. Em Curitiba, o índice foi 87,5%.

A pesquisa, realizada entre novembro de 2023 e junho de 2024, analisou amostras de cerca de 1,6 mil doadores de sangue de sete capitais brasileiras para identificar a presença de Anticorpos IgG, que indicam exposição anterior ao vírus.

Expectativas para a vacina do Butantan

Vacinar a população É uma das metas do Ministério da Saúde e também uma das melhores formas de oferecer proteção contra uma doença que não tem tratamento, como a dengue. Um dos obstáculos é ter a quantidade necessária da vacina.

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Com as limitações de fabricação da vacina disponível, o Ministério da Saúde adquiriu a vacina e a destinou ao grupo mais afetado pelas infecções, a população de 10 a 14 anos.

“Toda a produção do laboratório Takeda foi comprada pelo ministério, foram aproximadamente 9,5 milhões de doses para vacinação de mais de 4,7 milhões de pessoas, considerando que são duas doses.”

A expectativa é para a candidata a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, cujo pedido de registro foi feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mês passado. Em caso de aprovação, o instituto já pode distribuir 1 milhão de doses este ano e outros 100 milhões em 2026 e 2027.

“Ccom a vacina do Butantan, registrada e fabricada em larga escala, Esperamos um cenário mais favorável em 2026”, afirma Cunha.

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A luta contra Aedes aegypti Dependerá sempre da ação do poder público, da inclusão de novas tecnologias e medidas preventivas, porém, não deixar água parada, evitar entulhos, fechar a caixa d’água e cuidar do próprio quintal é dever de todo cidadão.

E, por se tratar de uma doença que pode ser grave e levar à morte, é importante ficar atento sintomas da denguecomo febre alta de início súbito, dores musculares, dores nas articulações e atrás dos olhos, cansaço, mal-estar, vômitos e manchas vermelhas na pele, e procurar ajuda médica, principalmente para receber hidratação e medicamentos para aliviar o desconforto.

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