‘Não há nada pior para um ansioso do que ser excluído’, explica cientista – Jornal Estado de Minas

Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 18 milhões de brasileiros sofrem de transtorno de ansiedadeisso simboliza cerca de 9% da população. Com esses dados recentes, especialistas e órgãos de saúde reforçam a importância das pessoas buscarem o tratamento ideal para lidar com a doença.

A terapeuta e cientista da mente Wanessa Moreira explica que a ansiedade é resultado do aumento exponencial de inúmeras tarefas neste momento atual, ou seja, o acumulação de funções o que acaba gerando muito estresse. O ser humano está rodeado de decisões a serem tomadas o tempo todo, o que pode contribuir para o crescimento da ansiedade.

A doença possui diferentes tipos que podem ser classificados como:

• Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
• Transtorno do pânico (DP)
• Transtorno de ansiedade fóbica (ou fobia social)
• Agorafobia
• Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
• Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
• Transtorno de ansiedade de separação

Gatinho

“Você foi excluído do grupo. Parece uma frase simples, mas esse ato tem um poder avassalador na vida de uma pessoa que sofre de ansiedade. Há pessoas que se sentem incomodadas ao se depararem com mensagens nesse contexto. Acontece que não há nada pior para mente ansiosa do que ser excluído, rejeitado, bloqueado, ter o relacionamento ou trabalho encerrado de forma abrupta e sem resposta”, comenta a terapeuta.

Preocupação excessiva, pensamentos acelerados e repetitivos, medo excessivo, atitudes compulsivas e outras características dos transtornos de ansiedade podem ter consequências a curto, médio e longo prazo para uma pessoa. Os impactos negativos comprometem a qualidade de vida e também as relações pessoais e profissionais, capacidade produtiva e a relação da pessoa com o mundo.

Com isso, a terapeuta explica a técnica da “terapia de bloqueio”, voltada para o tratamento de doençasque visa transformar a ansiedade em habilidades de tomada de decisão. A abordagem, segundo ela, é benéfica para quem enfrenta desafios emocionais, ajudando-os a superar barreiras internas e a desenvolver maior clareza e confiança nas escolhas que fazem em suas vidas.

“Ao não conseguir uma explicação da outra parte que o fez romper o vínculo, a mente do ansioso entra em um colapso de possibilidades e fica presa exatamente naquele lugar. Não é a necessidade de convencer o outro a não excluir, mas simplesmente por não encontrar uma coerência. A mente é um grande scanner de padrões e quando esbarra em uma parede, com a falta de lógica no que a pessoa registrou, leva a um caos imensurável”, aponta Wanessa.

“O dano é grande se a pessoa não tiver acompanhamento isso te ajuda a ver passo a passo o que levou à exclusão, a se livrar das ilusões e principalmente a se livrar da culpa. Essa quantidade de hormônios liberados na ansiedade sem resposta, nesse loop da mente, faz com que a pessoa comece a distorcer a realidade ou a história e a contar mentiras para si mesma para suportar o terror do vazio ou da falta de informação”, completa.

Tecnologia

O ansiedade entre crianças e jovens aumentou nos últimos anos e, em 2023, ultrapassou a taxa de adultos. Entre 2013 e 2023, o número de internações relacionadas ao estresse e à ansiedade em adolescentes e jovens de 13 a 29 anos cresceu 136%.

“Os jovens estão adoecendo porque tentam se comunicar, mas não conseguem. Há uma divergência na forma como eles processam as informações. É como uma plataforma de celular IOS ou Android – são diferentes e geralmente quem usa uma não vai achar fácil usar a outra. Que geração nativa digital aprender comunicar-se em linguagem informacionalque é a linguagem passo a passo da rede, não há dedução, há um fio linear para cada ação. Por exemplo, clique aqui, espere um momento, selecione aqui, agora vá até aquele local, escolha uma das opções e assim por diante. Essa comunicação passo a passo cria segurança de não ficar no escuro”, explica a terapeuta.

Portanto, segundo Wanessa, a tecnologia não é causa de ansiedade, o problema é conseguir se comunicar fora da rede de forma assertiva, ou mesmo conseguir se comunicar dentro da rede de forma eficaz. “Com um bom uso, a tecnologia é incrível. Acontece que a necessidade de rolar excessivamente, ou mesmo passar o dia digitando com as pessoas sem poder fazer mais nada, faz com que a mente entra em um loop constante o que não deixa a mente encontrar uma lógica de como agir para lidar com a situação”, explica.

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