Mariana Ximenes diz que congelou óvulos; como funciona o procedimento – Jornal Estado de Minas

Mariana Ximenes diz que congelou óvulos; como funciona o procedimento – Jornal Estado de Minas



Num painel de debate que decorreu durante a 10.ª edição do Power Trip Summit, a atriz Mariana Ximenes revelou que congelou os óvulos aos 35 anos, pois pretende ser mãe no futuro. “Sempre quis ser mãe, tenho uma vontade louca. Mas quero conseguir isso através de um pacto de amor, o que até agora não foi possível. Tenho 43 anos e ainda não aconteceu ainda, mas tive esse recurso tecnológico que me deu muita tranquilidade”, comentou Mariana sobre o procedimento.

E, de fato, o congelamento de óvulos é uma das melhores estratégias para preservar a fertilidade feminina, que diminui a partir dos 30 anos. “Essa diminuição da fertilidade ocorre de forma ainda mais acentuada a partir dos 35 anos. todo o suprimento de óvulos que serão utilizados durante toda sua vida reprodutiva. E, com o passar do tempo, há queda na quantidade e na qualidade dos óvulos, com mais erros genéticos, dificultando a gravidez e aumentando o risco de abortos”, afirma o especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo . PAULO, Rodrigo Rosa.

Por isso, para as mulheres que decidiram adiar a gravidez por motivos pessoais, financeiros ou profissionais, a estratégia de congelamento de óvulos é uma opção muito boa para preservar a fertilidade. A especialista esclarece as principais dúvidas sobre o congelamento de óvulos:

Como funciona a técnica?

“A criopreservação é uma técnica de congelamento que pode ser realizada em óvulos, tecido ovariano, espermatozóides e embriões. A uma temperatura de -196ºC, estes organismos mantêm o seu metabolismo completamente inativado, mas preservando o potencial de desenvolvimento e viabilidade. Muitos casais precisam preservar os gametas porque se deparam com a impossibilidade imediata da maternidade ou da paternidade, seja por opção ou por circunstâncias adversas”, afirma a médica.

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“Embora os espermatozoides e os embriões sejam fáceis de congelar, o óvulo é a maior célula do corpo humano e contém uma grande quantidade de água. Quando congelados, formam-se cristais de gelo que podem destruir a célula. Com o passar dos anos, aprendemos que devemos desidratar o ovo e substituir a água por um “anticongelante” antes de congelar para evitar a formação de cristais de gelo”, acrescenta.

Quem deve considerar o congelamento de óvulos?

“O congelamento de óvulos pode ser benéfico por uma série de razões para as mulheres que desejam preservar a sua fertilidade para o futuro, incluindo: razões médicas, como aquelas pacientes diagnosticadas com cancro ou endometriose, que podem afetar negativamente a capacidade de engravidar; mulheres que desejam ou precisam adiar a gravidez para perseguir objetivos educacionais, profissionais ou outros objetivos pessoais; ou para mulheres com histórico familiar de menopausa precoce. Algumas formas de menopausa precoce (insuficiência ovariana prematura) estão geneticamente ligadas. O congelamento de óvulos oferece a oportunidade de preservá-los antes que acabem”, explica o especialista.

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Qual é a melhor idade para congelar óvulos?

“Quanto mais jovem a mulher congela, maior a chance do óvulo gerar um bebê. Portanto, não existe idade que contra-indique o congelamento, mas o ideal é que ele seja realizado até os 35 anos, pois desta forma as taxas de sucesso são maiores. Mas é possível congelar óvulos até os 41 ou 42 anos. Após os 43 anos, a probabilidade de o óvulo gerar um bebê é bastante reduzida. Não é impossível, mas talvez o custo-benefício não valha mais a pena. Então, o ideal é que o procedimento seja realizado até os 35 anos. Mas o ditado ‘antes tarde do que mais tarde’ é verdadeiro. Por exemplo, para mulheres que já têm 39 anos e não esperam uma gravidez a curto prazo, o melhor é congelar os óvulos o mais rápido possível. É melhor ter 15% a 20% de chance de ter um filho do que passar o tempo e, quando há possibilidade de gravidez aos 42, 43 ou 45 anos, não ter feito nada e acabar com 1% de chance da gravidez. Resumindo, o ideal é congelar os óvulos até os 35 anos, mas é recomendado que qualquer mulher que tenha desejo de engravidar há muito tempo congele os óvulos mesmo sendo mais velha, até os 43 anos. Depois dos 44 anos não é mais recomendado”, explica o especialista.

O que está envolvido no congelamento de óvulos?

“Para retirar os óvulos para congelamento, o paciente passa pelo mesmo processo de injeção hormonal da fertilização in vitro. A única diferença é que depois de os óvulos serem recuperados, eles são congelados por um período de tempo antes de serem descongelados, fertilizados e transferidos para o útero como embriões. Demora aproximadamente três semanas para completar o ciclo de congelamento de óvulos e é consistente com os estágios iniciais do processo de fertilização in vitro, incluindo: uma a duas semanas de pílulas anticoncepcionais para desativar temporariamente os hormônios naturais (esta etapa pode ser ignorada se for urgente, como antes do câncer terapia); nove a dez dias de injeções hormonais para estimular os ovários e amadurecer vários óvulos. Depois que os óvulos amadurecem adequadamente, eles são removidos com uma agulha colocada na vagina sob orientação de ultrassom. Este procedimento é realizado sob sedação intravenosa e não é doloroso. Os ovos são congelados imediatamente. Quando a paciente está pronta para tentar a gravidez (pode demorar vários anos), os óvulos são descongelados, injetados com um único espermatozoide para conseguir a fecundação e transferidos para o útero como embriões”, diz Rodrigo Rosa. “É importante ressaltar que, de acordo com a recente Resolução nº 2.294 do Conselho Federal de Medicina, a respeito da criopreservação, ou congelamento, o número total de embriões gerados em laboratório não pode ultrapassar oito. Antes não existia essa limitação”, explica.

Quanto tempo os ovos podem ficar congelados?

“Com base em evidências científicas sobre engravidar de embriões congelados – num caso o embrião ficou congelado durante 27 anos – estamos confiantes de que o armazenamento prolongado de óvulos congelados não resulta em qualquer diminuição da qualidade”, explica o médico.

Qual é a taxa de sucesso após o descongelamento para conseguir a gravidez?

“São esperadas taxas de descongelamento de óvulos de 75% e taxas de fertilização de 75% em mulheres de até 38 anos de idade. Assim, para dez óvulos congelados, espera-se que sete sobrevivam ao degelo e cinco ou seis fertilizem e se tornem embriões. Normalmente, três a quatro embriões são transferidos em mulheres com até 38 anos de idade. Portanto, recomendamos que sejam armazenados dez óvulos para cada tentativa de gravidez. A maioria das mulheres com 38 anos ou menos pode esperar coletar de dez a 20 óvulos por ciclo”, destaca Rodrigo.

E se eu tiver mais de 38 anos?

“As expectativas são de que as taxas de gravidez a partir de óvulos congelados dependerão da idade da mulher no momento em que ela congela os óvulos, mas não serão afetadas pela idade em que ela voltar a usá-los. Portanto, a probabilidade de gravidez futura em mulheres com mais de 38 anos no momento do congelamento é provavelmente menor do que a observada em mulheres mais jovens. Até o momento, há poucos relatos de gravidez em mulheres com mais de 38 anos a partir de óvulos congelados. Isto se deve principalmente aos limites de idade mais baixos nos estudos de congelamento de óvulos e ao número relativamente baixo de mulheres que voltaram a usar seus óvulos congelados até agora.”

O congelamento de óvulos é seguro?

“O maior estudo publicado com mais de 900 bebés provenientes de óvulos congelados não mostrou qualquer aumento na taxa de defeitos congénitos quando comparado com a população em geral. Além disso, os resultados de um estudo não mostraram taxas aumentadas de defeitos cromossômicos entre embriões derivados de óvulos congelados em comparação com embriões derivados de óvulos frescos. Em 2014, um novo estudo mostrou que as complicações na gravidez não aumentaram após o congelamento dos óvulos. Também já nasceram mais de 300 mil crianças em todo o mundo a partir de embriões congelados, utilizando principalmente técnicas de criopreservação de congelamento lento, sem aumento de defeitos congênitos”, enfatiza.

Além da evolução das técnicas, o que mais mudou nos últimos anos?

“Hoje também é possível selecionar os melhores embriões para implantação no útero através de testes genéticos. Além disso, os embriões podem ser cultivados em laboratório até fases posteriores, o que garante maior chance de sobrevivência dentro do útero. Através de uma escolha assertiva, as chances de gravidez são muito maiores e menos embriões precisam ser implantados no útero, o que diminui o risco de múltiplos bebês”, aponta Rodrigo.



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