Crianças em academias de ginástica: especialista em fisiologia explica – Jornal Estado de Minas

Nesta segunda-feira (3/6) foi marcado o Dia de Conscientização sobre a Obesidade Infantil. Este problema muitas vezes tem várias explicações, incluindo um estilo de vida sedentário e maus hábitos diários. A falta de atividade física na infância costuma ser um fator que desencadeia a obesidade. Porém, existe um mito em relação à presença de crianças nas academias.

Os pais muitas vezes não permitem que as crianças treinem em academias devido a preocupações com possíveis danos às placas de crescimento ósseo, riscos de lesões e à crença de que tais atividades poderiam comprometer o desenvolvimento e crescimento natural das crianças. “Essa crença perdurou por décadas e, até hoje, ainda está presente na sociedade como resultado do conhecimento empírico e do distanciamento da comunidade científica”, comentou o especialista em fisiologia e medicina esportiva do Estúdio Fly, Lucas Vinícius.

Existe uma idade mínima?

Segundo Vinícius, não existe idade mínima para realizar o treinamento de força. As crianças sempre realizaram treinamento resistido, desde quando se penduram no berço ou brincam com o próprio peso corporal, ou em esportes onde há treinamento de força, mas isso não é tão óbvio para a maioria das pessoas, por exemplo: jiu-jitsu, judô, cabo de guerra, enforcamento nas grades da escola, etc. Todas essas modalidades não atrapalham o processo de crescimento das crianças através da prática quando realizadas de maneira correta. Vale ressaltar também que o principal fator que determina o crescimento musculoesquelético é o fator genético.

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O serviço deve ser especializado?

O atendimento personalizado é melhor devido ao cuidado e atenção necessários com as crianças. Porém, com a orientação correta é possível que a criança realize atividades coletivas com outras crianças. “É pertinente lembrar que talvez o maior risco para as crianças em uma sala de musculação seja o risco associado ao treinamento desproporcional, que seria para qualquer pessoa, não exclusivamente para as crianças, mas também a atenção aos equipamentos e os cuidados na movimentação, levando em consideração em vista da dispersão e brincadeiras de algumas crianças”, comenta.

Você tem que estar acompanhado dos seus pais?

As crianças não precisam necessariamente estar acompanhadas dos pais, visto que a criança tende a querer “mostrar” o que pode fazer para impressionar de alguma forma os pais. “Pode ser perigoso ou prejudicial tentar fazer algo que você não faria se seus pais não estivessem observando. Além da falta de atenção das crianças na presença dos pais, as crianças geralmente não sabem diferenciar quando é hora de prestar atenção e quando é hora de brincar ou conversar com os pais.”

As atividades devem ser lúdicas?

Independentemente da motivação e do perfil da criança, as atividades lúdicas são fundamentais, visto que as crianças em geral não buscam um objetivo performático ou estético. Raramente veremos uma criança cujo objetivo é “fazer 2 km em x tempo”, as crianças querem brincar, seja brincando de ser forte ou brincando de se exercitar. E, acima de tudo, antes que a aula seja eficaz na melhoria das capacidades físicas, a aula precisa ser “legal”.

Em suma, as crianças devem realizar exercícios físicos, sejam de força ou outros aspectos como a coordenação motora, dada a elevada inatividade dos jovens em todo o mundo devido ao mundo digital. “Isso faz com que a criança se exercite menos, tenha sua coordenação motora, bem como todos os aspectos físicos e socioafetivos afetados negativamente”, finaliza a especialista.