Pesquisa inédita da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada na última quinta-feira (21), revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, sorvetes, hambúrgueres congelados e biscoitos recheados, está diretamente relacionado a 156 mortes por ano. dia no Brasil. No total, os produtos foram associados a 57 mil mortes em 2019, o que representa 10,5% de todas as mortes registadas no país – seis mortes por hora.
O impacto econômico estimado é de R$ 10,4 bilhões anuais, resultante de custos diretos e indiretos relacionados à saúde e perda de produtividade. Desse total, as mortes precoces resultam em uma perda econômica de R$ 9,2 bilhões devido à saída de pessoas em idade produtiva do mercado de trabalho.
Além disso, R$ 933,5 milhões são gastos anualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com internações, atendimentos ambulatoriais e medicamentos para doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão. Os custos previdenciários e de absenteísmo (ausências ao trabalho por faltas ou atrasos, por exemplo), por sua vez, totalizam R$ 263,2 milhões por ano.
Além disso, segundo o documento, 25% dos gastos públicos com tratamento de diabetes, hipertensão e obesidade são atribuíveis exclusivamente ao consumo de alimentos ultraprocessados. Elaborado pela ONG ACT Promoção da Saúde, o estudo foi realizado pelo pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz Brasília e do Nupens/USP.
Os números podem ser ainda maiores. “As estimativas são conservadoras, pois os custos diretos não incluem todas as doenças associadas aos alimentos ultraprocessados, limitam-se aos custos federais do SUS, e apenas para a população adulta.”, destaca o material.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 19,7% das calorias consumidas pelos brasileiros em 2017-18 vieram de alimentos ultraprocessados. Entre crianças menores de cinco anos, esse número sobe para 25%, segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O que são alimentos ultraprocessados?
Segundo a nutricionista Alice de Santi, os alimentos ultraprocessados são considerados uma “imitação de comida”. A lista inclui refrigerantes, salgadinhos industrializados, biscoitos recheados, fast food, cereais matinais açucarados, embutidos e alimentos congelados prontos para consumo. “São produtos alimentícios que passam por um extenso processo industrial e utilizam aditivos alimentares como corantes, aromatizantes, estabilizantes e conservantes.”, disse a nutricionista Bianca Gonçales.
Os dois especialistas concordam que existe uma ligação direta entre os alimentos ultraprocessados e as doenças crónicas, como a obesidade, a diabetes tipo 2, as doenças cardiovasculares e o cancro.
Um estudo publicado no “American Journal of Preventive Medicine” estimou que o consumo de alimentos ultraprocessados, em 2019, foi responsável por cerca de 57 mil mortes prematuras de pessoas de 30 a 69 anos no Brasil.
Tributação de produtos ultraprocessados
A ACT Saúde assinou em março deste ano um manifesto que pede que a Reforma Tributária, aprovada em dezembro de 2023, inclua um imposto que atinja diretamente os produtos ultraprocessados, conhecido como imposto seletivo.
Na prática, funcionaria da mesma forma que a tributação aplicada ao tabaco, fazendo com que o aumento dos preços tornasse estes produtos menos acessíveis e menos atrativos para o consumidor.
O manifesto foi elaborado pela ONG ACT Promoção da Saúde e assinado por diversas figuras da saúde, econômicas e ativistas, como Drauzio Varella, Bella Gil e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “É uma oportunidade única para resolver um problema do Brasil que é o acesso a alimentos saudáveis”, disse Paula Johns, diretora geral da ACT.
Ana Maria Maya, especialista do programa de alimentação saudável do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), que é uma das signatárias do manifesto, defende que com a tributação haveria maior arrecadação para a construção de políticas públicas que contribuam para a saúde e o bem-estar. -estar da população, além de reduzir os gastos do SUS (Sistema Único de Saúde) com atendimento a doenças crônicas que estão ligadas à má alimentação. “A projeção de gastos com cânceres associados ao consumo de carne processada no Brasil para 2023 é de cerca de R$ 1 bilhão, um aumento de 160% em relação a 2018.”, disse.
Contudo, a atual reforma tributária inclui apenas os refrigerantes no grupo de mercadorias sujeitas ao chamado Imposto Seletivo, deixando de fora outros produtos ultraprocessados.
Como substituir?
Para Alice, substituir esses alimentos pode ser mais simples do que parece. Na hora de temperar os alimentos, por exemplo, em vez de usar temperos em tabletes, que possuem alto teor de gordura e sódio, o ideal é optar por temperos naturais, como manjericão, salsa, cebolinha, sálvia, pimenta verde, entre outros. outros. Ela também cita o Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado na gestão Dilma Rousseff e que completa 10 anos este ano, como fonte confiável de informações nutricionais sobre alimentação.
Bianca recomenda alimentos frescos e minimamente processados, como frutas, verduras, grãos integrais, legumes, nozes, carnes magras, peixes e laticínios naturais.
Acompanhe nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
empréstimo sobre a rmc o que é isso
empréstimos de banco
banco para pegar empréstimo
simulação emprestimo aposentado inss
empréstimo brasilia
empréstimo consignado para bpc loas
taxa de empréstimo consignado
simular empréstimo cnpj