Pequena e poderosa | VEJA

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Na mais populosa das ilhas gregas, vive um testemunho ancestral de conhecimentos antigos. Sua idade é incerta, mas estima-se que tenha cerca de 3.000 anos. Estou a falar da oliveira de Vouves, cujos ramos retorcidos ainda dão frutos. As suas raízes, enraizadas no solo de Creta há milénios, estão interligadas com uma cultura que moldou civilizações inteiras.
Já se passaram mais de 6.000 anos desde que surgiram as primeiras oliveiras na região que hoje chamamos de Levante. Países como Israel, Síria e Turquia são os locais de nascimento originais desta árvore resiliente, cujas finas folhas verde-prateadas pintam as paisagens até hoje.
Mas foi provavelmente lá em Creta que o seu fruto foi domesticado. Isso porque, como é muito comum na história dos alimentos, a versão selvagem não era assim. A azeitona primitiva era pequena, amarga e sem caroço, muito diferente das variedades carnudas que conhecemos hoje.
Com a seleção dos exemplares mais polpudos, novas variedades foram criadas – hoje existem cerca de 1.500 no mundo. É verdade que, mesmo depois de tanto aperfeiçoamento, uma azeitona “in natura”, recém-caída da árvore, não é comestível. Alguns pesquisadores sugerem que os antigos teriam notado que os frutos, quando expostos à salinidade marinha, mudavam de sabor. Assim, teriam passado a conservar as azeitonas em salmoura, que é como ainda hoje as compramos e comemos.
Os gregos, romanos e fenícios espalharam esta fruta já melhorada ao longo das suas rotas comerciais. Estas pessoas levaram consigo o conhecimento de como processar a azeitona para reduzir o seu amargor, permitindo que ela se tornasse não apenas um alimento básico, mas também um item de comércio e um marco cultural em toda a região do Mediterrâneo.
A sua presença resiliente está registada na história e nos mitos. Na narrativa bíblica, foi um ramo de oliveira que a pomba levou para Noé, mostrando que havia terra para colonizar depois do grande dilúvio. A capacidade de resistir também fez dele um símbolo de vitória. As coroas dos seus ramos adornam os vencedores olímpicos – nos Jogos de Atenas, em 2004, na verdade, vieram diretamente da oliveira Vouves.
Essa história muito antiga também está ligada à da minha família. Em Portugal, o azeite é a base de muitas preparações, mas a própria azeitona brilha nos petiscos, em pratos como a Açorda Alentejana ou no acompanhamento de queijos e enchidos. É um elo poderoso com a identidade local. Minha mãe, à sua maneira, não me deixou esquecer.
Quando eu era pequena, no recreio da escola, antes de abrir o pacote que ela preparou, já sabia o que continha. Era, invariavelmente, um sanduíche de azeitona. Na altura, confesso, estava a olhar os lanches dos meus colegas. Hoje, repenso com carinho aquele almoço. Tanta história entre aquelas fatias de pão!
Mesmo inconscientemente, movida mais pelo hábito do que pela nostalgia, com o seu gesto enalteceu toda uma cultura. O que alimentou a vida dela ela passou para mim. E, anos depois, me peguei repetindo esse ritual. Quantas vezes preparei esse mesmo lanche para repor as energias ao lado do meu marido, Luiz, após quilômetros de caminhada.
Enquanto meus colegas mordiscavam bolos e biscoitos que talvez agradassem ainda mais meu paladar de infância, eu me alimentava da tradição na qual tenho minhas raízes.



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