A nova vacina contra a COVID-19 já está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e será utilizada principalmente na vacinação de todo o país. O público-alvo são crianças e grupos de maior risco, ou seja, aqueles mais suscetíveis a desenvolver formas graves da doença e que receberão reforço anual ou semestral, conforme o caso.
No dia 19 de abril, o Ministério da Saúde assinou contrato para aquisição de 12,5 milhões de doses da SpikeVax, do laboratório Moderna (EUA), que é uma versão mais atualizada da vacina. “Mesmo que a circulação da COVID-19 tenha diminuído, ela ainda é uma doença preocupante, que causa quadros graves e mortes”, alerta a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. “A vacina evita formas graves, complicações, internações e mortes”, explica.
Desde o início de 2024, a vacina contra a COVID-19 também faz parte do calendário de vacinação infantil. “Temos um Programa Nacional de Imunizações muito completo, como poucos no mundo, com calendário para crianças, adultos e idosos. Infelizmente ainda há muitas notícias falsas, mas é importante reforçar que as vacinas são seguras e quem é recomendado não deve deixar de se vacinar”, enfatiza o infectologista.
Abaixo, a Agência Einstein responde algumas das principais dúvidas sobre a vacina que chegou recentemente à rede pública:
Contra qual variante do COVID-19 a nova vacina funciona?
A SpikeVax é monovalente, ou seja, protege contra uma cepa específica do coronavírus Sars-CoV-2, causador da COVID – no caso, a variante XBB 1.5, um subtipo do ômicron. Sabe-se que este vírus tem grande capacidade de mutação, sendo que as estirpes em circulação já são muito diferentes da original, identificada em 2019 em Wuhan, na China.
Estudos mostram que as pessoas que receberam apenas as primeiras versões das vacinas têm menos anticorpos contra as cepas mais recentes. Por isso a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia recomendado a atualização da vacina. Ainda assim, vale lembrar que todas as vacinas em uso protegem contra formas graves da doença e mortes.
Desde o início do ano, há predomínio da variante JN.1 no Brasil, segundo relatório técnico do Ministério da Saúde divulgado em maio. A cepa XBB 1.5 e suas sublinhagens aparecem em segundo lugar no ranking das principais causas de infecções.
Como funciona o imunizante?
Esta é uma vacina de RNA mensageiro (mRNA). Essa tecnologia consegue fazer, em laboratório, uma cópia de uma parte do vírus – o RNA – que controla a produção da proteína spike (S). Essa proteína está na “coroa” do vírus e permite que ele invada as células humanas. Quando é inserido no nosso corpo através da vacinação, ocorre uma reação imunológica. Assim, quando uma pessoa entra em contato com o vírus real, as defesas do organismo estão prontas para reconhecê-lo e combatê-lo.
Quais são as possíveis reações adversas?
Geralmente são leves, localizados e de curta duração, como dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação. Também pode haver febre, dor de cabeça, fadiga, dores musculares e calafrios. Raramente foram relatadas reações alérgicas graves.
As vacinas de mRNA também têm sido associadas a casos de miocardite, inflamação no músculo cardíaco e pericardite, que ocorre na membrana que envolve o coração. No entanto, estas complicações são muito raras, podem ocorrer em até uma em cada 10 mil pessoas, e os casos associados à vacinação foram ligeiros e tiveram boa evolução.
Quem agora pode ser vacinado?
- Crianças
- Todos aqueles entre seis meses e cinco anos incompletos (quatro anos, 11 meses e 29 dias), não vacinados ou com esquema vacinal incompleto
- Grupos prioritários
- Pessoas com 60 anos ou mais – uma dose a cada seis meses
- Gestantes e puérperas (45 dias após o parto) – uma dose a cada seis meses
- Pessoas imunocomprometidas a partir dos cinco anos de idade (transplantados, portadores de HIV, portadores de erros congênitos da imunidade, usuários de imunossupressores, pacientes oncológicos em quimioterapia ou radioterapia, entre outros) – uma dose a cada seis meses
- Povos indígenas – uma dose anual
- Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas – uma dose anual
- Pessoas que vivem em instituições de cuidados continuados e lares de idosos e seus trabalhadores – uma dose anual
- Trabalhadores de saúde (que trabalham em estabelecimentos como hospitais, clínicas, unidades básicas de saúde, laboratórios, farmácias, etc., incluindo profissionais de saúde, agentes comunitários de saúde, trabalhadores de apoio como recepcionistas, seguranças, trabalhadores de limpeza, entre outros) – anual dose
- Pessoas com deficiência permanente – uma dose anual
- População privada de liberdade e servidores do sistema de privação de liberdade, crianças, adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas – dose anual
- Pacientes com comorbidades, incluindo diabetes, hipertensão resistente, doenças pulmonares crônicas graves, insuficiência cardíaca, síndromes coronarianas crônicas, doença renal crônica, obesidade mórbida, síndrome de Down e outras trissomias, entre outras – dose anual
Qualquer pessoa fora dos grupos prioritários pode ser vacinada?
Caso a pessoa nunca tenha sido vacinada contra a COVID-19, poderá receber a dose. Segundo nota técnica do Ministério da Saúde, “para 2024, além de vacinar crianças de seis meses a menores de cinco anos e dos grupos de maior risco, também está sendo realizada vacinação para maiores de cinco anos – mesmo aqueles que não pertencem aos grupos prioritários – que NÃO foram vacinados anteriormente, pois o esquema primário para a faixa etária acima de cinco anos é composto por uma dose.”
O ministério garante ainda que “quem não iniciou o esquema de vacinação primária receberá as doses necessárias, de acordo com os calendários de vacinação em vigor”.
E quem já recebeu outras imunizações pode tomar a nova vacina?
Segundo o Ministério da Saúde, considera-se que a população em geral, fora dos grupos prioritários, que já tomou as duas doses das vacinas oferecidas desde 2021, completou o esquema vacinal primário e não tem indicação de receber reforço.
Leia também: IBGE: quase 94% da população brasileira foi vacinada contra a covid-19
Onde tomar a vacina?
Segundo o Ministério da Saúde, a entrega da vacina contra a cepa XBB 1.5 aos estados já foi concluída. Fique de olho no calendário público de vacinação do seu município.
“Não tomei a vacina bivalente, posso tomar a nova vacina?”
Caso a pessoa esteja nos grupos prioritários ou nunca tenha recebido nenhuma dose contra a Covid-19, poderá tomar a nova vacina.
Posso receber esta vacina e outras juntas?
As vacinas contra a COVID-19 podem ser administradas simultaneamente ou em qualquer momento antes ou depois de outras, incluindo vacinas atenuadas e inativadas, como a da gripe.
A exceção é a vacina contra dengue —neste caso, a recomendação é aguardar 24 horas antes de receber a vacina COVID, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).
As pessoas que tiveram recentemente dengue ou COVID precisam esperar para serem vacinadas?
Segundo o Ministério da Saúde, a orientação é a mesma para todas as vacinas: no caso de doenças febris agudas moderadas ou graves, como a dengue, a vacinação deve ser adiada até a resolução do quadro. Em relação à COVID-19, recomenda-se aguardar pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou a partir da primeira amostra PCR positiva em pacientes assintomáticos.
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