A saúde dos órgãos reprodutivos masculinos vai além da avaliação da próstata e da detecção de disfunções por meio de exames de sangue. As infecções sexualmente transmissíveis (IST), como clamídia e papilomavírus humano (HPV), podem ser identificadas por meio de exames específicos, como o PCR, técnica que analisa pequenas amostras de fluidos ou tecidos para detectar o material genético de vírus e bactérias.
Essa técnica pode ser realizada em amostras coletadas do pênis, oferecendo um diagnóstico preciso de infecções.
Zein Sammour, urologista e diretor do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), afirma que a inclusão do PCR em exames preventivos específicos pode aumentar a identificação precoce dessas infecções entre os homens.
No caso do diagnóstico do HPV, por exemplo, o vírus não pode ser identificado por sorologia (exame de sangue), mas sim por exames específicos que detectam o material genético do HPV em amostras coletadas diretamente na área afetada.
Apesar da sua importância, o teste PCR não é conhecido por muitos. A Folha consultou 11 homens sobre o assunto, sendo que apenas um deles realizou PCR, motivado por alergia na pele do pênis. Os outros dez desconheciam a existência deste exame.
Eduardo Arnaldi, urologista e especialista em check-up masculino do laboratório Alta Diagnósticos, afirma que a detecção precoce de IST permite prevenir lesões genitais incômodas e potencialmente desagradáveis, além de reduzir o risco de cânceres associados ao HPV, como o câncer de o pênis, ânus e orofaringe nos homens, e o colo do útero, vulva, vagina e ânus nas mulheres.
Diagnósticos tardios podem levar a estágios avançados da doença, resultando em prognóstico menos favorável.
Arnaldi destaca ainda que a detecção evoluiu com métodos mais precisos e menos invasivos. “Embora a PCR seja amplamente reconhecida pela sua alta sensibilidade e especificidade, outros testes também podem ser usados para detectar DSTs em homens”.
Esses métodos incluem o NAAT, que também identifica o material genético dos agentes causadores, o teste de antígeno (usado para HIV e sífilis, embora com menor sensibilidade) e os testes de cultura, que isolam o patógeno e permitem determinar o melhor tratamento.
MÉTODOS PREVENTIVOS
Além dos exames de rotina, é recomendado que homens sexualmente ativos adotem medidas preventivas como vacinação contra HPV e hepatite B, pratiquem sexo seguro com uso de preservativo, limitem o número de parceiras e considerem a circuncisão, que reduz o risco de infecções .
Zein também recomenda a PrEP e a PEP, tratamentos oferecidos nos centros de saúde que reduzem o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%. Sugere também que os homens com múltiplas parceiras façam exames regulares para garantir a saúde sexual.
Mesmo sem sintomas aparentes, todos os homens devem ser testados para o VIH pelo menos uma vez, enquanto os testes para uretrite, como gonorreia e clamídia, são recomendados anualmente para aqueles com múltiplos parceiros.
Homens com novas parceiras ou que tiveram relações sexuais desprotegidas também devem fazer exames. Aqueles que têm parceiros anônimos ou que usam drogas injetáveis são aconselhados a fazer exames com maior frequência, a cada três a seis meses.
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