Lúpus: atenção para a doença que pode afetar mulheres jovens – Jornal Estado de Minas

Lúpus: atenção para a doença que pode afetar mulheres jovens – Jornal Estado de Minas



O lúpus eritematoso sistêmico (LES), ou simplesmente lúpus, é uma doença inflamatória, autoimune e crônica, que tem como principal característica a grande variedade de suas manifestações clínicas. Manifesta-se frequentemente em mulheres jovens, com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, podendo também acometer adolescentes. Embora a maioria das pessoas apresente manifestações cutâneas e articulares, os sintomas podem aparecer em vários outros órgãos, de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com as fases de atividade e remissão.

Por se tratar de uma condição complexa e por vezes de difícil diagnóstico, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) alerta que o controle e o tratamento começam com a conscientização do paciente sobre a doença e seus sintomas. O diagnóstico precoce é de extrema importância para o tratamento adequado, podendo determinar uma melhor resposta clínica, segundo a SBR. No Brasil, não há números exatos sobre a prevalência da doença. A SBR estima que o lúpus já afete entre 150 mil e 300 mil pessoas no país.

São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: um exclusivo da pele ou lúpus cutâneo, que tem como sintomas manchas na pele (geralmente vermelhas ou eritematosas), principalmente em áreas expostas à luz solar (face, orelhas, pescoço e braços) e outro lúpus sistêmico, no qual múltiplos órgãos podem ser afetados, além de problemas de pele e articulações.

Alguns sintomas gerais do lúpus são febre, perda de peso, perda de apetite, fraqueza e desânimo. Outros são específicos de cada órgão afetado, como dores nas articulações, manchas na pele, inflamação da pleura, hipertensão e/ou problemas renais.

O tratamento do lúpus depende muito do tipo de manifestação apresentada pela doença e deve ser individualizado. Uma pessoa com lúpus costuma ter fases em que apresenta mais sintomas, chamados de períodos de atividade inflamatória, e outros momentos, em que a pessoa fica sem nenhum tipo de manifestação da doença, chamados de período de remissão.

Sintomas

O lúpus pode apresentar sintomas em diversos órgãos, decorrentes de uma inflamação, causada por um desequilíbrio no sistema imunológico do paciente, fazendo com que o organismo produza uma quantidade aumentada de anticorpos. O aparecimento da doença depende de herança genética, ou seja, existe uma predisposição genética, mas pode ser desencadeada por fatores ambientais como a irradiação ultravioleta, entre outros.

O LES pode se manifestar de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente (em semanas). Nas fases iniciais, os sintomas mais incômodos são o desânimo, o cansaço e a perda de apetite.

A maioria das pessoas com LES em seus estágios iniciais apresenta dor nas articulações, às vezes também com inchaço. Além disso, também podem apresentar sintomas cutâneos da doença, principalmente na face e em áreas expostas ao sol, que agravam bastante as lesões.

Na pele do rosto a pessoa pode ficar com marcas e, portanto, estigmatizada, o que leva à diminuição da autoestima, principalmente das mulheres.

Qualquer outro órgão ou tecido pode estar envolvido na inflamação que ocorre no lúpus, mas alguns são particularmente preocupantes. Um grande problema da doença, que atinge aproximadamente 50% dos pacientes, é a inflamação nos rins, que não causa dor, mas leva à perda de função, com perda de proteínas na urina, inchaço nas pernas e rosto, hipertensão arterial e, nos casos mais graves, levar à insuficiência renal necessitando de hemodiálise.

As manifestações podem aparecer no coração, pulmões, sistema nervoso e sangue. As manifestações renais ocorrem em 70%, com gravidade em alguns casos.

Pode ocorrer inflamação da membrana que envolve o coração (pericárdio) (pericardite) e pode ser a primeira manifestação de lúpus em 5% dos pacientes. A miocardite, inflamação do músculo cardíaco, pode apresentar aumento da frequência dos batimentos cardíacos com sinais clínicos de insuficiência cardíaca aguda.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do LES é feito através do reconhecimento dos sintomas e sinais da doença pelo médico, associado a alguns exames laboratoriais. É importante avaliar alguns exames gerais, como hemograma, e aqueles que medem a função renal, além de alguns exames mais específicos que confirmam a possibilidade de lúpus, como identificar distúrbios imunológicos específicos da doença, como a presença de autoanticorpos no sangue. Nesse sentido, a avaliação de um reumatologista é importante para auxiliar e confirmar a possibilidade da doença.

O tratamento medicamentoso para o lúpus depende do tipo de manifestação apresentada e deve ser individualizado. O objetivo é reequilibrar o sistema imunológico, além de controlar a dor e a inflamação. E o tratamento começa com a conscientização do paciente sobre a doença e a manutenção da adesão aos medicamentos prescritos – passos fundamentais para o sucesso na avaliação do especialista.

Medidas de proteção contra radiação solar (com uso de fotoprotetores) ou calor, parar de fumar quando presente, evitar condições estressantes, alimentação balanceada, descanso adequado e atividade física regular são essenciais para o reequilíbrio imunológico das pessoas com lúpus.

Ainda não é possível falar em cura do lúpus, mas sim em controlar a doença. A maioria dos doentes necessitará de acompanhamento regular, a cada três a seis meses, com um reumatologista, pois, em caso de reativação dos sintomas da doença, estes devem ser controlados precocemente, permitindo à pessoa reequilibrar rapidamente o seu sistema. sistema imunológico e recuperar sua saúde.

É consenso entre os especialistas da SBR que quanto mais conhecermos os mecanismos envolvidos no desenvolvimento do problema, maiores serão as chances de controlar a doença e maiores serão as chances de termos medicamentos com maior eficácia e menos efeitos adversos.

A entidade disponibiliza gratuitamente uma cartilha focada em esclarecimentos e orientações sobre a doença, com linguagem simples e informativa para leigos. O material para download está disponível no site www.reumatologia.org.br.

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