SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Três em cada dez homens nunca fizeram nem pretendem fazer exame retal digitalmostra um estudo do hospital oncológico ACCamargo realizado em parceria com a Nexus. A mesma pesquisa aponta ainda que 44% dos entrevistados não têm conhecimento sobre a prevenção do câncer de próstata.
Segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), no ano passado a doença matou, em média, 47 homens por dia no Brasil. O exame de toque é uma das formas de saber se o paciente tem ou não câncer de próstata.
Professor titular da USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente da SBU, Rodolfo Reis afirma que o exame faz parte do protocolo de exame físico para triagem da doença. “Além de ser mais acessível, é onde frequentemente detectamos a presença de sangue”, afirma o especialista.
Outro exame utilizado para rastrear a doença é o PSA, um exame de sangue. Segundo os médicos, os dois devem ser realizados em conjunto, como complementares.
Líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do ACCamargo, Stênio Zequi afirma que o protocolo de testagem precisa ser individualizado e, embora o exame de toque já seja mais popular, ainda é importante por ser mais barato e acessível.
“É um exame indolor que avalia o tamanho, dimensões e limites da glândula. Durante o processo, o médico verifica se encontra alguma irregularidade ou alguma área endurecida que possa sugerir câncer”, explica Zequi.
Hoje, o monitoramento para rastreamento do câncer de próstata é recomendado para homens com mais de 50 anos. Caso o indivíduo tenha histórico familiar da doença, ela deverá iniciar um pouco mais cedo, aos 45 anos.
Entre os entrevistados mais jovens, com idade entre 16 e 24 anos, 49% disseram que nunca fizeram nem pretendem fazer exame de toque retal. Segundo Reis, a explicação para isso pode estar relacionada ao distanciamento que esse público tem do problema.
“Homens de 18 a 30 anos raramente vão ao urologista porque a doença para essa faixa etária ainda é distante”, afirma o médico.
A pesquisa mostrou ainda que 60% dos entrevistados entendem que o exame físico é necessário independentemente dos sintomas do câncer de próstata, e 64% afirmam que o médico deve ser consultado mesmo que o paciente não apresente sinais da doença.
A pesquisa mostrou ainda que mais da metade dos homens entrevistados (53%) afirmam acreditar que o câncer de próstata é uma doença típica dos homens mais velhos. E de fato é, segundo Zequi.
“A grande maioria dos pacientes com câncer de próstata tem mais de 50 anos”, diz Zequi, lembrando que já tratou pacientes mais jovens com a doença.
Dos entrevistados para a pesquisa, 44% afirmaram desconhecer os métodos de prevenção da doença. O vice-presidente da SBU explica que não existem exames preventivos para esse tipo de câncer, mas afirma que o diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento mais eficaz.
O câncer de próstata, segundo o especialista, está relacionado a fatores genéticos, e isso explica por que quem tem casos da doença na família deve iniciar o rastreamento mais cedo. Reis, da SBU, acrescenta que mesmo quem tem parentes do sexo feminino com histórico de câncer de mama deve procurar atendimento médico antes dos 50 anos.
Os entrevistados também foram questionados sobre mitos e verdades em relação ao câncer de próstata, e 68% disseram acreditar que homens que tiveram ou têm problemas com o órgão correm mais risco de desenvolver disfunção erétil.
Segundo Zequi, do ACCamargo, quando um homem faz tratamento para câncer de próstata, há chance de ocorrerem alterações no trato sexual. “Principalmente porque a maioria dos pacientes com essa doença são idosos, então é comum que tenham essa capacidade erétil comprometida”, afirma.
Ele conta ainda que no processo cirúrgico de retirada do câncer é comum que a ejaculação fique comprometida, mas nada que interfira no prazer do paciente. E lembre-se que com um diagnóstico precoce é possível preservar as estruturas nervosas da região.
Reis, por sua vez, diz não ver relação entre câncer de próstata e disfunção sexual. Problemas de ereção, por exemplo, podem coincidir com a idade do paciente com maior probabilidade de desenvolver a doença, mas estão relacionados a dificuldades vasculares e condições metabólicas, e não ao câncer em si.
A pesquisa entrevistou 966 homens com 16 anos ou mais em todos os estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. As entrevistas foram realizadas entre os dias 18 e 24 de setembro deste ano.
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