Dia Mundial do Diabetes: doença em grávidas costuma ser negligenciada – Jornal Estado de Minas

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O diabetes afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – Censo 2022), aproximadamente 20 milhões de brasileiros, ou 10% da população, têm diabetes. Entre as mulheres, o número de diagnósticos é superior ao dos homens, segundo a pesquisa Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico).

Entre os tipos de diabetes, aquele que surge especificamente durante a gravidez, conhecido como Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), é uma condição menos discutida, mas igualmente preocupante. A presidente do Comitê de Gravidez de Alto Risco e Medicina Fetal da SOGIMIG (Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais), Suzana Pires do Rio, explica que o DMG afeta cerca de 14% das gestações no mundo e está associado a complicações graves para a saúde materna. e saúde neonatal.

“O DMG ocorre quando uma mulher apresenta níveis elevados de glicose no sangue pela primeira vez durante a gravidez. Diferentemente do diabetes tipo 1 ou tipo 2, que pode ser diagnosticado em qualquer momento da vida, o DMG é detectado especificamente durante o pré-natal e requer cuidados especiais”, afirma a especialista.

Complicações para mãe e bebê

O diabetes gestacional não tratado ou mal controlado pode representar riscos. Para a mãe, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e até lacerações durante o parto devido ao tamanho do bebê. A longo prazo, as mulheres com história de DMG têm um risco mais elevado de desenvolver diabetes tipo 2 e outras doenças crónicas, como doenças cardiovasculares e renais.

Para o bebê, as complicações incluem malformações congênitas – quando o diabetes tipo 1 ou 2 é diagnosticado antes da gravidez e não há controle por parte da mulher, prematuridade e aumento do risco de problemas respiratórios ao nascer. A hipoglicemia e a hiperbilirrubinemia neonatais também requerem cuidados intensivos. Suzana destaca que o ambiente intrauterino com níveis elevados de glicose pode trazer impactos ao longo da vida do bebê: “Estudos mostram que filhos de mães diabéticas têm até cinco vezes mais chances de desenvolver diabetes e duas vezes mais chances de desenvolver obesidade”.
Diagnóstico e prevenção

O cuidado pré-natal é a ferramenta mais eficaz para diagnosticar e controlar o diabetes gestacional. No Brasil, as recomendações incluem exames de glicemia em jejum na primeira consulta de pré-natal e teste de tolerância à glicose entre a 24ª e a 28ª semana de gestação. Caso o diagnóstico de DMG seja confirmado, as gestantes recebem orientações sobre dieta, atividade física e, se necessário, insulinoterapia.

A terapia nutricional é essencial para controlar a glicemia e prevenir complicações. A alimentação deve ser fracionada e balanceada, com carboidratos complexos e rica em fibras. O acompanhamento multidisciplinar, envolvendo endocrinologista, nutricionista e educador físico, é recomendado para um tratamento eficaz.

Cuidados pós-parto

Mesmo após o parto, o risco de diabetes persiste. Mulheres com histórico de DMG devem ser submetidas a testes adicionais entre 6 e 12 semanas após o nascimento e submeter-se a exames anuais de diabetes. Mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e exercícios regulares, são recomendadas para reduzir o risco de diabetes a longo prazo.



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