Brasileiros percebem efeitos negativos das redes sociais na saúde mental – Jornal Estado de Minas

Brasileiros percebem efeitos negativos das redes sociais na saúde mental – Jornal Estado de Minas



Novos dados do “Panorama da Saúde Mental”, dinâmico monitoramento da saúde mental dos brasileiros, foram disponibilizados nesta quarta-feira (11/06) pelo Instituto Cactus – entidade focada na prevenção e promoção de saúde mental no Brasil, em parceria com a AtlasIntel – empresa de tecnologia especializada em inteligência de dados.

Os dados recolhidos no 1.º semestre de 2024, com base num questionário online respondido por 4.381 pessoas de diversas regiões do país e com mais de 16 anos, são traduzidos pelo Índice de Avaliação Contínua de Saúde Mental (ICASM). A análise é subdividida em três dimensões: confiança, foco e vitalidade, que refletem em uma escala de zero a mil pontos o estado geral de saúde mental da população brasileira.

A coleção Panorama apresentou, pela primeira vez, dados que analisam como os hábitos de consumo de conteúdo nas redes sociais podem influenciar a saúde mental dos usuários. Quando questionados sobre o impacto das redes sociais na sua saúde mental nos últimos 15 dias, 45% relataram uma percepção de impacto negativo, sendo que 10% deles indicaram um impacto muito negativo. Esta perceção é ainda mais acentuada entre os jovens dos 16 aos 24 anos, sendo que 15% deles manifestam este sentimento.

Além disso, os usuários que usam o X, antigo Twitter, tiveram o ICASM mais baixo (458) em comparação com outras redes sociais usadas com a mesma frequência. Outros baixos ICASM foram observados no Linkedin (495) e no Instagram (542). Quem usa o Facebook com a mesma frequência tem o ICASM mais alto, 758.

Ao analisar o tipo de conteúdo consumido, 46% dos entrevistados afirmam preferir vídeos curtos, como reels e TikToks, enquanto apenas 14% optam por textos. Os consumidores de vídeos curtos têm um ICASM médio de 602, inferior à média de 636 registrada por quem consome textos.

Além disso, 87% dos participantes assistem notícias e 64% buscam entretenimento e humor. Aqueles que consomem notícias e fofocas sobre celebridades têm a média mais baixa do ICASM (565), seguidos pelos consumidores de conteúdo adulto (577). Por outro lado, os adeptos do desporto têm o ICASM mais elevado, atingindo 645.

Redes sociais

O estudo também examinou os períodos de maior atividade nas redes sociais, revelando que aproximadamente 58% dos participantes utilizam estas plataformas principalmente à noite. Entre os 4% que se destacam como mais ativos durante a noite, 53% relataram ter dormido menos de seis horas em três ou mais dias nas últimas duas semanas.

“As redes sociais desempenham um papel importante no nosso dia a dia, principalmente na rotina dos jovens, influenciando as preferências de conteúdo e impactando a saúde mental. Os dados enfatizam a necessidade de promover a reflexão sobre o uso consciente e equilibrado dessas plataformas, com o objetivo de reduzir os impactos negativos e criar um ambiente digital mais saudável”, comenta Maria Fernanda Resende Quartiero, fundadora e CEO do Instituto Cactus.

Em relação ao género, o novo relatório indica, mais uma vez, que os jovens dos 16 aos 24 anos têm o ICASM mais baixo entre todas as faixas etárias analisadas, 575 pontos, destacando a necessidade urgente de cuidados de saúde mental para este grupo. As mulheres têm uma média ICASM de 669 pontos, inferior à dos homens, que alcançaram 695 pontos, indicando níveis mais baixos de bem-estar e saúde mental geral entre as mulheres entrevistadas. Entretanto, a faixa etária dos 60 aos 100 anos obteve o ICASM mais elevado, com 772 pontos, reflectindo um elevado bem-estar entre a população mais madura.

“Os dados reforçam a necessidade urgente de direcionar esforços para a prevenção e promoção da saúde mental dos jovens. Metade dos problemas de saúde mental manifestam-se pela primeira vez em indivíduos até aos 14 anos, e esta percentagem sobe para 75% entre aqueles até aos 14 anos. Atualmente, crianças e jovens de até 24 anos representam 35% da população brasileira, o que evidencia ainda mais a importância de investir em ações voltadas para essa faixa etária”, explica Maria Fernanda.

Em relação aos aspectos sociais e às questões econômicas, em linha com as coletas anteriores, a situação financeira continua sendo a principal preocupação dos brasileiros, com 81% dos entrevistados manifestando preocupação com suas finanças nas últimas duas semanas.

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