Nesta terça-feira (11/5), Sabrina Sato sofreu um aborto espontâneo na 11ª semana de gestação. A modelo e apresentadora de 40 anos esperava o primeiro filho com o ator Nicolas Prattes. A causa não foi confirmada e muitos fatores podem estar envolvidos. Mas o fato é que as gestações tardias geralmente terminam em aborto espontâneo. Para se ter uma ideia, segundo o especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime de São Paulo, Rodrigo Rosa, quase 50% das gestações aos 43 anos resultam em aborto.
“Quando se trata de gravidez espontânea, há um aumento considerável no risco de aborto espontâneo no primeiro trimestre após os 40 anos devido a alterações cromossômicas no embrião. Existem outras razões, mas são exceções. Nas gestações espontâneas em idade mais avançada, as alterações cromossômicas no embrião são as principais causas de aborto espontâneo, principalmente se a mulher já teve gravidez anterior”, afirma o médico, que explica que um embrião normal possui 23 pares de cromossomos. “Quando esse número muda, para cima ou para baixo, pode acontecer um aborto espontâneo. E as maiores chances de isso acontecer são quando a mulher engravida em idade mais avançada. Aos 40 anos, 40% das mulheres farão um aborto no primeiro trimestre.”
Segundo Rodrigo, o risco aumenta devido à diminuição da qualidade dos ovos que ocorre naturalmente com a idade. “A frequência de anomalias genéticas chamadas aneuploidia (muitos ou poucos cromossomos no óvulo) é uma mudança importante na qualidade do óvulo. Na fecundação, um óvulo normal deve ter 23 cromossomos, portanto, quando fecundado por um espermatozóide também com 23 cromossomos, o embrião resultante terá um total de 46 cromossomos. Mas à medida que a mulher envelhece, mais óvulos apresentam poucos ou muitos cromossomos. Isso significa que, se ocorrer a fertilização, o embrião também terá muitos ou poucos cromossomos. E a maioria dos embriões com muitos ou poucos cromossomos não resultam em gravidez ou resultam em aborto”, explica.
Mas, para as mulheres mais velhas que desejam engravidar, é possível optar por técnicas de reprodução humana, como a Fertilização In Vitro (FIV). “A fertilização in vitro é um dos tratamentos de reprodução humana mais populares. Porém, é importante destacar que, na FIV, as taxas de sucesso também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que o que determina a chance de gravidez e o risco de aborto espontâneo é a idade do óvulo”, afirma a especialista. Porém, caso a mulher não tenha congelado óvulos previamente, é possível optar pelo tratamento conhecido como ovorecepção.
Segundo a médica, a ovorrecepção consiste na utilização de óvulos doados para a realização da Fertilização In Vitro, que será fecundado em laboratório com o sêmen do parceiro ou também de um doador para depois ser inserido no útero da mulher que irá gerar o bebê.
“E ao contrário do que muitos pensam, a gravidez por meio da doação de gametas, sejam óvulos ou espermatozoides, não diminui o papel dos pais do casal receptor, afinal são eles que vão garantir que a criança cresça feliz e saudável. E é fundamental que temas como esses sejam cada vez mais discutidos para conscientizar a população sobre a importância da doação de gametas e naturalizar a recepção de óvulos e espermatozoides em tratamentos de fertilidade.”
Ao optar pela ovorecepção, a Fertilização In Vitro ocorre como qualquer outra, com óvulos doados sendo fertilizados em laboratório com espermatozoides. “Durante o período de fecundação dos óvulos, os embriões vivem em um prato, em um forno aquecido à temperatura corporal. A equipe monitora seu crescimento e desenvolvimento e eventualmente escolhe o correto para transferir de volta ao útero. O embrião é então transferido suavemente de volta para o útero em um processo semelhante ao exame de Papanicolaou. Se você tiver muitos embriões saudáveis nesta fase, eles podem ser congelados para uso posterior”, afirma Rodrigo Rosa.
Cerca de uma semana e meia a duas semanas após a transferência do embrião, é feito um teste para verificar se ele está aderido ao útero. “Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que você finalmente está grávida”, afirma o médico. Com o teste positivo, inicia-se o período de espera final: 38 semanas até o parto.
A partir daqui, a gravidez continua normalmente como qualquer outra. Mas, é claro, um pequeno número de gestações é interrompido por abortos espontâneos, por isso é essencial adotar bons cuidados obstétricos para evitar complicações.
“Os hábitos de vida dizem muito aqui. A verificação dos níveis de vitamina D também precisa ser feita, pois a ação da vitamina D no sistema imunológico também pode impactar na concepção. Níveis baixos podem resultar na rejeição da implantação do embrião pela gestante, seja durante a fertilização in vitro ou na gravidez espontânea. Na dúvida, não tenha medo ou vergonha de fazer quantas perguntas quiser ao seu médico e peça clareza quando não entender alguma coisa, afinal gravidez é um grande sonho”, reforça Rodrigo Rosa.
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