O açafrão e a cúrcuma são tradicionalmente usados como temperos na culinária. Mas, além de dar sabor aos pratos, as ervas também têm funções protetoras contra esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, depressão e ansiedade, entre outras patologias, segundo estudos publicados no Journal of Traditional and Complementary Medicine e no National Center for Informações sobre biotecnologia.
Com base nesses estudos, a farmacêutica bioquímica da USP, diretora técnica do Formularium, especialista em assistência farmacêutica pela USP e membro da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrados (ANFARMAG), Paula Molari Abdo explica essa relação e como os princípios ativos agem no organismo:
Açafrão
O açafrão, também conhecido como açafrão ou açafrão verdadeiro, é amplamente cultivado no Irã, na Índia e na Grécia. O que poucos sabem é que o açafrão é o estigma de uma flor, da planta Açafrão sativus. Cada uma dessas flores possui apenas três estigmas, e para se obter um quilo da especiaria são necessárias cerca de 75 mil flores. Portanto, o açafrão é uma das especiarias mais caras.
Seus componentes incluem picrocrocina, safranal, crocina e crocetina, produtos químicos que atuam como antioxidantes e eliminadores seletivos de radicais livres. Suas propriedades previnem depressão leve a moderada, ansiedade, distúrbios cognitivos e do sono. Segundo estudos, a eficácia é comparável à dos antidepressivos tradicionais.
A crocina também pode ter um efeito calmante nos neurotransmissores cerebrais, proporcionando maior capacidade de concentração. Além disso, o açafrão é uma rica fonte de riboflavina, vitamina B2, aliada para indivíduos com tendência a enxaquecas.
“Além disso, o açafrão aumenta a produção de uma molécula envolvida na regulação vascular, o óxido nítrico, gerando vasodilatação e reduzindo a pressão sistólica e diastólica, essencial para o tratamento da hipertensão”, afirma Paula Abdo.
Como pode ser usado
O açafrão é um tempero comum na culinária mediterrânea, utilizado principalmente na paella, prato típico espanhol. Você também pode temperar arroz, caldos e massas. No Brasil, por ser considerado um produto caro, é amplamente substituído pelas flores de calêndula e cártamo, que possuem propriedades semelhantes.
Segundo Paula Molari, também existem diversos suplementos à base de extrato de açafrão, como AffronR e SaffronR. “Podem ser preparados em farmácia de manipulação, com orientação médica adequada”, reforça o especialista.
Cúrcuma
É um caule subterrâneo de origem asiática, da família do gengibre, também conhecido como cúrcuma ou gengibre amarelo, cujo nome científico é Cúrcuma longa L.
Os compostos curcuminóides (curcumina, desmetoxicurcumina e bisdemetoxicurcumina) são polifenóis com efeitos antiinflamatórios capazes de aumentar os níveis de dopamina e hormônios que protegem o cérebro contra isquemia e doenças neurodegenerativas, como esclerose múltipla, Parkinson e Alzheimer.
Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, confirma que a curcumina pode ajudar a eliminar estruturas associadas ao Alzheimer no cérebro. “O Cúrcuma longa L. atua no sistema nervoso central, tendo a curcumina como principal responsável pela ação neuroprotetora e antioxidante, atuando também na depressão e na ansiedade crônica”, reforça Paula Molari.
Como pode ser usado
Popularmente utilizada na culinária, como um dos ingredientes do curry, a cúrcuma possui um óleo rico em sesquiterpenos oxigenados, o que confere à planta sua característica aromática (picante). Pode ser consumido em saladas, chás e ensopados.
No entanto, a curcumina, principal componente da cúrcuma, é pouco absorvida pelo organismo. Para otimizar a absorção, o ideal é combinar a cúrcuma com piperina (extrato de pimenta-do-reino). Segundo pesquisa publicada na Healthline, a piperina aumenta a absorção da curcumina no organismo em até 2.000%.
“Para obter os benefícios, tome 1.500 mg de curcumina e 15-20 mg de piperina por dia. Além disso, a curcumina e os curcuminóides podem ser extraídos e consumidos como suplementos, proporcionando maior eficácia do que a cúrcuma isoladamente. é fundamental ter orientação médica para o consumo de alimentos e suplementos com fins terapêuticos”, alerta Paula Molari Abdo.
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