Em outubro, o mundo inteiro vira diferentes tons de rosa em busca de uma causa comum e muito nobre: conscientizar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) relativos a 2023 estimam que a doença foi responsável por um em cada oito casos de câncer diagnosticados entre mulheres. mulheres. A realidade brasileira é muito semelhante à mundial. Atualmente, no Brasil, o câncer de mama é responsável por 30% de todos os tumores diagnosticados entre as mulheres e, entre as mortes por causas oncológicas, representa 16% dos casos.
O foco das campanhas é reforçar a importância da mamografia rotineiramente, que muda de acordo com as diretrizes seguidas: anualmente a partir dos 40 anos, pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), e bienalmente a partir dos 50 anos pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Porém, sem sombra de dúvidas, o exame é fundamental na rotina ginecológica de mulheres com mais de 40 anos, mas, muitas vezes, a maioria das pacientes acaba não prestando atenção nele por não apresentarem sintomas e, por consequência, a adesão aos exames preventivos acabam sendo baixos em todo o país. Em algumas regiões, por exemplo, não atinge 50% do público feminino dessa faixa etária.
Portanto, além da mamografia, o auto-exame vem sendo reforçado e é de fundamental importância na prevenção da doença, principalmente em locais de difícil acesso aos exames de mamografia e ultrassonografia.
Além disso, vários estudos internacionais têm destacado a relevância da mudanças no estilo de vida, visando prevenir o câncer de mama e até melhorar a resposta aos tratamentos atuais com menos efeitos colaterais. Nesse sentido, um artigo publicado em O Jornal da Associação Médica Americana (JAMA) provou que o controle de peso – principalmente em mulheres com sobrepeso ou obesidade e na fase pós-menopausa –, reduziu a ocorrência de câncer em quase 50% dos casos analisados.
Outro estudo, divulgado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), confirmou a mesma tese. A entidade publicou comunicado relacionando sobrepeso e obesidade a maior incidência de câncer e maior chance de recorrência após tratamento quimioterápico.
E recentemente, em junho de 2024, foi publicado um trabalho em Revista de Oncologia Clínica que identificou benefícios progressivos no controle da recorrência do câncer de mama em mulheres que praticavam atividade física regularmente. O mais interessante do estudo foi que o benefício foi proporcional e progressivo de acordo com o tempo dedicado aos exercícios.
O efeito protetor ocorre após 90 minutos semanais de intensidade moderada, com melhora progressiva quando são realizadas até cinco horas semanais de atividades moderadas (equivalente a uma hora por dia, cinco vezes por semana).
As campanhas de conscientização sobre o câncer de mama trazem diferentes abordagens para abordar esse problema. A maioria deles está focada na melhor forma de diagnosticar precocemente a doença. A tendência agora é ampliar o foco na melhoria da qualidade de vida e na adoção de mudanças no estilo de vida.
Desta forma, será possível melhorar o cuidado e a intervençãoantes que a doença apareça, com a possibilidade de otimizar tratamentos já estabelecidos.
* Karina Belickas é ginecologista, obstetra e mastologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo
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