Todos os anos, as estações de outono e inverno contêm o maior número de casos de infecções virais que afetam a capacidade de respirar bem. A queda da temperatura e o tempo seco, características desta estação, favorecem a propagação de vírus com maior intensidade, levando a doenças que comprometem principalmente as vias aéreas superiores, ou seja, nariz, ouvidos e garganta.
O presidente da Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Otávio Piltcher, explica que a gripe (vírus influenza) e o resfriado comum (rinovírus, sincicial respiratório) vírus, etc.) são as principais doenças virais do período. A COVID-19, resultado do vírus Sars-CoV-2, também pode manter alta incidência durante a temporada.
“A transmissão ocorre com mais facilidade nesse período devido à necessidade de viver em ambientes menos ventilados para se manter aquecido. Além disso, a baixa umidade relativa do ar, por mais extrema que seja, aumenta a concentração de poluentes, dificultando ainda mais o bom funcionamento do sistema respiratório”, explica o especialista.
Em situações de mudanças bruscas de temperatura, a função nasal pode ficar prejudicada, reduzindo o sistema imunológico, responsável pelas defesas do organismo, o que deixa a saúde mais fragilizada, tornando-se uma porta de entrada para doenças. O resultado dessa combinação de fatores é o aumento da procura por atendimento médico e de internações hospitalares.
“Em muitos casos, há agravantes. Essas doenças podem levar a outras complicações, causadas pelos próprios vírus ou por bactérias, como otite média aguda (inflamação do ouvido), rinossinusite aguda, que popularmente é chamada de sinusite, bronquite, pneumonia, entre outras”, acrescenta.
Crianças
O boletim Infogripe, da Fiocruz, destacou nas últimas semanas o aumento da incidência de casos de doenças respiratórias em grande parte do território brasileiro. O presidente da Academia Brasileira de Otorrinite Pediátrica (ABOPe), Rodrigo Pereira, destaca que as crianças são as que mais sofrem nesse período, também conhecido como temporada viral pelos médicos.
“O sistema imunológico das crianças continua a se desenvolver, o que significa que elas têm menos experiência em lidar com infecções virais do que os adultos. Além disso, frequentam creches, creches e escolas, onde é comum o contato próximo com outras crianças e a troca de brinquedos, o que facilita a propagação de vírus, principalmente aqueles que se espalham pelo ar ou pelo contato direto”, explica.
Nas estações frias também são recorrentes os casos de faringoamigdalite, que é uma infecção da faringe e das amígdalas, responsável por dor de garganta, febre e inchaço dos gânglios linfáticos do pescoço, popularmente chamada de língua, além do aumento das crises de rinite alérgica e rinossinusite. .
Vírus respiratórios, que causam congestão nasal, dificuldade para respirar, tosse, dor de cabeça, febre e mal-estar como principais sintomas, podendo também evoluir para outros problemas. A maioria das crianças que estão resfriadas ou gripadas desenvolvem infecções de ouvido, otites, que provocam dores na região. O problema é tão comum nessa população que especialistas estimam que cerca de 70% das crianças terão um episódio desse tipo antes dos cinco anos, segundo estudos médicos.
“Assim como a otite, a adenoidite também é uma doença sequencial que surge como complicação de vírus. Há inchaço da adenoide, também conhecida popularmente como “carne esponjosa” da criança, que pode ser acompanhada de febre, formação de catarro verde-amarelado e obstrução nasal”, informa o médico.
Medidas preventivas
Para crianças ou adultos, uma das medidas de prevenção mais eficazes é a imunização contra a gripe, além de manter a cobertura vacinal atualizada de acordo com a faixa etária, o que envolve proteção contra outras doenças.
“A hidratação frequente, a alimentação saudável e a higiene das mãos também são muito importantes, assim como o uso de máscaras por profissionais e pacientes que apresentem quaisquer sinais e sintomas como febre, dor de garganta, coriza, tosse, obstrução nasal, rouquidão”, aconselha Piltcher.
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Tratamento
Na presença de algum desses sinais e sintomas, inicialmente está indicado o tratamento com analgésicos e antitérmicos comuns, porém dependendo da intensidade e duração das queixas, o especialista recomenda procurar atendimento médico para diagnóstico correto e diferenciação entre quadros virais, com manutenção do manejo, ou complicações bacterianas, onde antibióticos podem ser indicados.
O presidente da ABR enfatiza que a opção de prescrição de antibióticos pelos profissionais de saúde deve ficar restrita a condições específicas ligadas a quadros bacterianos. “Esses medicamentos não têm função no tratamento de infecções virais nem previnem complicações. Seu uso indiscriminado está mais associado a efeitos adversos do que a vantagens.”
Além disso, o especialista alerta que o uso de corticoide oral, utilizado com frequência alarmante em pacientes com sintomas de vias aéreas, também é contraindicado na maioria desses casos. “Além de não haver evidência de benefício, seu uso frequente está associado a consequências para a saúde tanto de crianças quanto de adultos.”
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