Como conversar com seu filho sobre os perigos dos cigarros eletrônicos – Jornal Estado de Minas

Como conversar com seu filho sobre os perigos dos cigarros eletrônicos – Jornal Estado de Minas


SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Ele é fofo, gostoso, difícil de resistir. Não parece tóxico, mas é mais abusivo que qualquer homem: estou falando do vape”, diz a ex-BBB e influenciadora Hana Khalil , 28 anos, em vídeo nas redes sociais, marcado com as hashtags #publicidade e #CancelaOVape.

A publicação faz parte da campanha da ACT (Aliança para o Controle do Tabaco) para o Dia Mundial Sem Tabaco, esta sexta-feira, 31 de maio, e se junta a um movimento que busca dissuadir os jovens do apelo dos cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vape e pod.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), que criou o aniversário em 1987, escolheu como tema para este ano “Proteção das crianças contra interferências da indústria do tabaco” devido ao aumento do uso de dispositivos entre os jovens – segundo o De acordo com o relatório da agência, o uso é maior entre crianças de 13 a 15 anos do que entre adultos.

O Ministério da Saúde também lançou esta semana uma campanha contra o cigarro eletrônico. Mas o que os pais podem fazer para ajudar? A Folha de S.Paulo perguntou a especialistas qual a melhor forma de as famílias abordarem o assunto com crianças e adolescentes.

Conversa aberta

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Não será fácil, alerta a diretora da ACT, psicóloga Mônica Andreis. “É sempre difícil abordar o tema da experimentação ou uso de qualquer droga com jovens e crianças. A adolescência é um período de maior risco porque há maior curiosidade e menor percepção de risco”, afirma.

O primeiro passo para falar sobre cigarros eletrônicos é ter uma conversa aberta e sem julgamentos, dizem os especialistas.

Para a psiquiatra Daniela Tassinari, especialista em tabagismo do Instituto Perdizes do Hospital das Clínicas, é importante conversar com as crianças para entender o que elas já sabem sobre o assunto e quais características as atraem ao consumo.

“Você pode perceber que eles não conhecem muito sobre o produto, que estão sendo seduzidos porque todo mundo está usando ou porque o sabor é doce. [os perigos]”, ele afirma.

“Não precisa mexer nas coisas da criança para ver se encontra um vape. Pergunte, converse, explique o que está acontecendo. [os efeitos do cigarro eletrônico] nem para profissionais de saúde nem para adultos, imagine para crianças e adolescentes.”

Informação

Uma vez estabelecida uma base de confiança para a conversa, é hora de apresentar os dados de forma clara e factual.

Tassinari afirma que o cigarro eletrônico foi introduzido no mercado mundial – inclusive no Brasil, onde há proibição da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – como uma proposta de redução de danos, pois seria um produto “menos pior” que o cigarro de combustão comum. Estudos, no entanto, apontam para riscos à saúde. Isso, aliado ao sabor mais palatável e aos formatos coloridos, dissocia ainda mais os vapes do que já se sabe sobre os cigarros.

“As pessoas ainda têm poucas informações sobre os malefícios que o cigarro eletrônico causa à saúde. É importante trazer essas informações de forma concreta, enfática e incisiva, pois é uma mensagem que não é clara”, afirma o médico.

Segundo Andreis, os pais podem comprovar que mesmo que o produto não tenha cheiro e aparência de cigarro convencional, ainda causa dependência, já que utilizam sais de nicotina.

Outra abordagem, diz ele, é apontar que os jovens estão na mira de uma indústria que perdeu consumidores e agora busca um novo mercado, utilizando sabores como o algodão doce. “Os jovens são sensíveis o suficiente para perceber que estão sendo manipulados. Portanto, é possível dizer que, assim como as pessoas no passado caíram na armadilha do Cowboy de Marlboro, isso pode estar acontecendo agora.”

Apelo a um médico

Se você não consegue explicar exatamente quais riscos os jovens enfrentam ao usar um cigarro eletrônico, você pode delegar essa tarefa a um médico.

Sidnei Epelman, líder de oncologia pediátrica da Oncoclínicas, afirma que os pais devem discutir o assunto com o pediatra ou clínico geral durante as consultas. “Para que os jovens façam escolhas corretas não porque o pai proíbe, mas porque pode haver consequências”, afirma.

Ele alerta que a nicotina presente nos cigarros eletrônicos é prejudicial ao desenvolvimento cerebral, pulmonar e cardíaco de crianças e adolescentes, além de aumentar o risco de diversas doenças, incluindo 16 tipos de câncer e doenças cardíacas e pulmonares graves.

Segundo Epelman, isso deve ser feito em consultas de rotina e não em uma visita exclusiva para conversar sobre o assunto. “Em oncologia pediátrica [tratamento de câncer em crianças]há pouco a ser prevenido”, afirma. “Mas o câncer de pulmão pode ser prevenido”.

Apelo a outros jovens

“Também é interessante ver jovens conversando com jovens”, diz Andreis. Uma alternativa, segundo ela, é mostrar aos seus filhos o conteúdo de jovens influenciadores que pararam de usar vapes.

Existe o movimento #NoNicotine de influenciadores que mostram os problemas que sofreram após o uso. Foi criado pelo influenciador do TikTok Gustavo Foganoli, 23 anos.



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