Fruto da paciência | VEJA

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Quem visita o Palácio Nacional, sede do governo federal do México, encontra um mural colorido que cobre de alto a baixo as paredes de uma grande escadaria. Num canto desta monumental “Epopéia do Povo Mexicano”, Diego Rivera pintou uma lista do que “o mundo deve ao México”. Ali, ao lado do milho, do cacau e do tomate, está o abacate.

Mais de 5 mil anos antes de Cristo, os maias e astecas já cultivavam o “ahuacatl”, de onde vem o espanhol “aguacate” – o fruto foi mencionado nas crônicas hispânicas pela primeira vez em 1519, quando as tropas de Hernán Cortés tomaram as terras destes civilizações antigas. Os espanhóis foram os responsáveis ​​por difundir, nos séculos seguintes, a textura cremosa e o sabor peculiar do abacate por outras terras tropicais conquistadas.

Em todos os lugares, o abacate foi utilizado em pastas salgadas, como o tradicional guacamole, como acompanhamento de sanduíches, sopas, ovos e torradas, ou como ingrediente de saladas. Somente no Brasil a história ganhou um tom mais doce. Quem aqui não se lembra do clássico smoothie de abacate da infância?

Essa escolha tem a ver com o fato da variedade brasileira ser menos firme e ter sabor mais suave, com menos personalidade para se destacar, por assim dizer. E, se naturalmente já é rico em calorias, torná-lo uma sobremesa certamente não contribuiu para a sua reputação de inimigo do fitness. Levei muito tempo para começar a testá-lo em minha dieta.

Mas os estudos nutricionais, por um lado, e a globalização dos hábitos alimentares, por outro, contribuíram para que esta visão mudasse. Abacate é, sim, gorduroso. No entanto, a sua gordura é do tipo associado à proteção cardiovascular, o que significa que agora apresenta benefícios para a saúde na balança, ao contrário das suas muitas calorias.

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Com tudo isso, o tipo “hass”, pequeno e resistente, tornou-se comum nos supermercados de todo o mundo e até aqui vem ganhando destaque nas preparações salgadas. As “torradas de abacate” tornaram-se tão populares entre as novas gerações que se tornaram uma piada económica, segundo a qual o seu custo em “brunches” frescos impediria a geração do milénio de poupar para a sua própria casa.

Brincadeiras à parte, há um lado sério na recente disseminação da fruta. O México é responsável por cerca de 30% da produção global, sendo o seu maior exportador. Isto traz benefícios, mas também ameaças. Esse cultivo exige alto consumo de água, fato preocupante em um país com escassez hídrica. No estado de Michoacán, onde o cultivo do abacate é abundante, houve redução dos níveis dos lençóis freáticos, além do desmatamento.

No Brasil, a escala é muito diferente. Colhemos um décimo da produção do México e exportamos pouco. Assim, as preocupações são de outra ordem. Os abacateiros crescem em quintais e calçadas, o que às vezes é visto como uma praga nas áreas urbanas, principalmente por quem estaciona na rua.

Nossa relação singular com o abacate, que leva de três a quatro anos para dar frutos, talvez explique por que ele virou metáfora de tempo e paciência nos versos de Refazenda, de Gilberto Gil: “Vamos esperar, vamos brincar no córrego/ Até deixarmos o seu amor, seu coração dar frutos.” Enquanto eles não vêm, canta Gil, “o tomate vai amanhecer e o mamão vai anoitecer”. Se observarmos esse ritmo natural, podemos consumir abacate com moderação, o que faz bem à saúde e não prejudica o meio ambiente.



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