Em depoimento por videoconferência ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) negou conhecer o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros que mataram a ex-vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes , no Rio de Janeiro, em 2018. O parlamentar está preso desde março deste ano, no Presídio Federal de Campo Grande, suspeito de ser um dos autores do homicídio.
“Nunca tive contato com Ronnie Lessa. As pessoas são anônimas para você, na maioria das vezes. Não tenho dúvidas de que ele poderia me conhecer, mas nunca na minha vida me lembro de ter estado com essa pessoa”, disse Brazão.
Ele repetiu que tinha um relacionamento “excelente” com Marielle e negou qualquer tipo de disputa ou desentendimento com o vereador. “O que eles fizeram foi maldade. Marielle tinha um futuro brilhante. Ela era uma vereadora muito gentil”, declarou o parlamentar, que chorou diversas vezes durante a audiência e lembrou da rotina que tinha antes de ser preso.
Durante a audiência, ele afirmou ainda que seu irmão, Domingos Brazão — conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, também preso pelo crime — também não conhecia Lessa. Brazão foi citado por Lessa em delação premiada. O ex-PM afirma ter feito um acordo de US$ 10 milhões para cometer o crime e apontou os dois irmãos como os mandantes.
Ele teria recebido a proposta para conseguir um loteamento em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. “Não é uma tarefa você chegar lá, matar uma pessoa e ganhar um dinheirinho, não”, declarou Lessa no comunicado.
Interrupção
A audiência desta segunda foi conduzida pelo desembargador Airton Vieira, auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. O depoimento de Brazão não foi concluído por problemas de internet e deve ser retomado nesta terça-feira.
O julgamento do caso começou em agosto. O Tribunal agora recebe o depoimento dos envolvidos. Haverá também audiência com o delegado Rivaldo Barbosa, o major Ronald Paulo Pereira e o policial militar Robson Calixto Fonseca.
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O Supremo ouviu testemunhas, o Ministério Público e as defesas no âmbito da ação penal aberta para investigar o duplo homicídio.
O caso foi parar no STF pelo envolvimento, como réu, de Chiquinho Brazão, que tem foro privilegiado. Não há prazo definido para o encerramento do caso. Porém, a ação está em estágio avançado.
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