Superfungo em BH: entenda o que preocupa autoridades em saúde na cidade – Jornal Estado de Minas

Superfungo em BH: entenda o que preocupa autoridades em saúde na cidade – Jornal Estado de Minas



Dois novos casos de candida auris detectados em Belo Horizonte trazem o chamado superfungo de volta à ordem do dia. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) da Fundação Ezequiel Dias (Funed) confirmou a ocorrência da doença nesta segunda-feira (14/10). A Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) reforçaram a informação. Os casos na capital chegam a três.

Dos três infectados, dois já tiveram alta: um no dia 20 de setembro e outro no dia 2 de outubro. O terceiro paciente permanece internado no Hospital João XXIII, na Região Centro-Sul de BH. Além dos confirmados, há 22 pacientes monitorados na unidade e aguardando resultados de exames. Todos os casos são assintomáticos.

O infectologista Carlos Starling explica que o superfungo já é investigado pela medicina há algum tempo, mas sua origem ainda não é conhecida. “Se a causa tiver a ver com mudanças climáticas, por exemplo. Não se sabe quais fenômenos estão contribuindo para o aparecimento desse fungo”, afirma.

Por não apresentar sintomas evidentes, a detecção, explica o especialista, acontece ocasionalmente, quando o paciente está em contexto hospitalar, internado, seja qual for o motivo.

“Se estiver sendo investigado algum tipo de infecção, quando houver alguma condição de saúde, o diagnóstico pode ocorrer quando o paciente faz um exame com coleta de material. Por exemplo, ele tem dor ao urinar, e faz exame de urina, ou passou cateter removido ou com febre Dentro de um procedimento normal para investigação da infecção, o fungo aparece”, explica Carlos Starling, lembrando que o paciente já pode ser portador do fungo antes mesmo de entrar na unidade de saúde.

“Você pode ficar aí, tranquilo, sem ninguém saber”, acrescenta. Uma vez identificado o fungo que, segundo Carlos Starling, causa infecções principalmente em pacientes já debilitados, ou com doenças prévias, o paciente deve permanecer isolado enquanto estiver internado.

A transmissão, explica o infectologista, pode acontecer de pessoa para pessoa, dentro do hospital, principalmente pelas mãos ou pelo contato com objetos contaminados e, por isso, a higienização constante das mãos é a forma mais eficaz de prevenção. “O que há de especial nesse fungo é que ele tem alta resistência aos antifúngicos disponíveis atualmente”.

O candida auris Não é um componente da microbiota humana, mas está presente no ambiente e é perigoso por causar surtos em estabelecimentos de saúde. É resistente a altas temperaturas e aos desinfetantes utilizados em hospitais, o que faz com que permeie significativamente o ambiente.

O fungo pode sobreviver na pele ou nas mucosas de um indivíduo saudável sem causar problemas de saúde e, portanto, pode ser levado ao hospital de outro local. Pessoas hospitalizadas por diversos motivos podem entrar em contato com o microrganismo e serem infectadas, pois seu sistema imunológico fica enfraquecido e exposto a antibióticos e procedimentos médicos invasivos.

Outros riscos estão relacionados com o uso de imunossupressores, antibióticos ou antifúngicos de amplo espectro, cirurgias recentes e doenças crónicas como diabetes e doença renal crónica.

O superfungo é considerado altamente resistente também devido à sua capacidade de aderir a tecidos vivos e superfícies inertes, como dispositivos médicos. É isso que faz com que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência de saúde dos Estados Unidos, alertem que equipamentos médicos podem ser um meio de transmissão.

O uso de dispositivos médicos permanentes que perfuram a pele, como cateteres venosos centrais, pode ser uma porta de entrada do fungo na corrente sanguínea. Uma vez no sangue, é comum que se espalhe para outros órgãos e cause candidíase invasiva, ou seja, uma infecção generalizada. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a taxa de mortalidade por candidíase invasiva varia de 29% a 53%.

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*Com Laura Scardua, estagiária sob supervisão dos subeditores Gabriel Felice e Thiago Prata





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