Nesta quinta-feira (10/10), Dia Mundial da Saúde Mental, é hora de falar sobre um tema relevante. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 18 milhões de brasileiros convivem com transtornos de ansiedade e mais de 11 milhões com depressão.
Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento de condições psicológicas, um aspecto menos conhecido veio à tona: a saúde mental também pode ser medida através de exames de sangue. Esses testes ajudam a identificar desequilíbrios hormonais e bioquímicos que afetam diretamente o humor e o bem-estar mental.
Segundo o bioquímico e gerente técnico do Laboratório de Análises Clínicas (LANAC), Marcos Kozlowski, o avanço na compreensão de que a saúde mental pode ser monitorada por meio de exames laboratoriais marca uma revolução na abordagem médica e psicológica.
“Ao permitirem identificar desequilíbrios bioquímicos e hormonais que afetam diretamente o bem-estar mental, esses exames oferecem aos profissionais de saúde uma poderosa ferramenta para desenvolver tratamentos mais personalizados e assertivos. Isso significa que, ao invés do tratamento genérico, os pacientes podem receber intervenções baseadas em suas necessidades específicas, levando em consideração tanto aspectos físicos quanto psicológicos, o que aumenta as chances de sucesso terapêutico e melhora na qualidade de vida”, afirma.
O que os exames de sangue revelam sobre a saúde mental?
Exames laboratoriais, que por muito tempo focaram apenas na saúde física, hoje oferecem ferramentas para entender melhor condições como depressão, ansiedade e transtornos de humor. Marcos Kozlowski explica que diversos marcadores no sangue podem oferecer pistas valiosas sobre saúde mental, como:
– Hormônios do estresse: Exames que medem os níveis de cortisol, o chamado hormônio do estresse, são essenciais para avaliar quadros de ansiedade. “Níveis elevados de cortisol indicam um estado de estresse crônico, que pode ser um gatilho para transtornos mentais”, afirma Marcos Kozlowski.
– Vitamina D: Baixos níveis de vitamina D estão associados à depressão e a um risco aumentado de transtornos de humor. O bioquímico reforça que a deficiência dessa vitamina é comum em países com pouca exposição solar e que sua reposição pode trazer impactos significativos no humor.
– Inflamação e saúde mental: Outro aspecto é o monitoramento da inflamação crônica por meio de exames como a dosagem da proteína C reativa (PCR). A pesquisa indica que a inflamação persistente no corpo pode estar ligada ao desenvolvimento da depressão.
– Função tireoidiana: Exames que avaliam os níveis de TSH e hormônios tireoidianos são essenciais, pois as disfunções da tireoide, como o hipotireoidismo, têm relação direta com sintomas de depressão e fadiga mental.
Além desses, Kozlowski destaca testes que avaliam os níveis de vitamina B12, ferritina (para verificar possível anemia), glicose e até ácidos graxos ômega-3, que também têm impacto comprovado na saúde cerebral e emocional.
Diagnóstico preciso e completo
A inclusão de exames de sangue como parte do diagnóstico de saúde mental permite uma abordagem integrada e mais eficaz, pois, com a análise de biomarcadores, é possível ter uma visão mais ampla do que está acontecendo com o paciente. “Os exames podem ajudar a tratar não apenas os sintomas psicológicos, mas também as causas físicas que podem estar por trás dos transtornos mentais. Ao trazer uma nova dimensão aos cuidados de saúde mental, os exames laboratoriais oferecem aos profissionais de saúde mental mais dados para orientar os seus tratamentos, além de permitir intervenções precoces e personalizadas. Neste Dia Mundial da Saúde Mental a mensagem é clara: cuidar da mente passa também por cuidar do corpo”, afirma a bioquímica.
Marcos Kozlowski reforça que a saúde mental é um campo complexo, que exige uma abordagem multidisciplinar para diagnóstico e tratamento, e a descoberta de que exames de sangue podem fornecer dados importantes sobre o estado emocional e psicológico de uma pessoa é um marco na medicina moderna. “O corpo e a mente estão intrinsecamente conectados e compreender essa conexão é fundamental para promover o bem-estar completo. No Brasil, onde o número de transtornos mentais é elevado, investir na atenção integral, que envolve exames laboratoriais, pode ser uma das chaves para melhorar a qualidade de vida da população.”
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