A Fazenda 16: reality discute sobre o uso de camisinha e IST’s – Jornal Estado de Minas

A Fazenda 16: reality discute sobre o uso de camisinha e IST’s – Jornal Estado de Minas



A influenciadora Raquel Brito foi desclassificada do reality A Fazenda 16, nesta segunda-feira (7), após uma série de testes, conforme noticiou a TV Record em comunicado. A saída do ex-companheiro tem sido cercada de suposições, como a de uma infecção sexualmente transmissível (IST) diante da queixa de coceira na região íntima ou de uma gravidez após Raquel revelar que nunca usou camisinha.

João Brunhara, urologista e cofundador da men’s health tech Omens, e Monique Novacek, ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli, falam sobre a importância do uso do preservativo nas relações sexuais, bem como da educação sexual desde a adolescência.

Durante sua passagem pelo reality, Raquel, de 23 anos, disse que nunca usou camisinha e nunca teve problema. A polêmica declaração assustou os demais participantes, porém, seu caso não é isolado. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 60% dos brasileiros com mais de 18 anos afirmam não usar camisinha nenhuma vez na relação sexual e outros 17,1% afirmaram usar algumas vezes.

Monique destaca que o uso regular da camisinha é fundamental e não se limita a evitar uma gravidez indesejada – cujas consequências afetam a saúde mental, sexual e física da mulher -, mas também previne doenças sexualmente transmissíveis (DST), como sífilis, gonorreia, HIV, clamídia, hepatite, entre outros. “Os preservativos possuem uma barreira física que reduz o atrito entre a mucosa vaginal e o pênis, diminuindo a transmissão dessas doenças.”

Além disso, os preservativos reduzem o risco de infecções vaginais, alterações na flora vaginal e inflamações pélvicas – muitas delas relacionadas à clamídia e ao gonococo (conhecido como gonorreia), que podem até levar à infertilidade feminina se atingirem o nível dos chifres. “A flora vaginal fica muito protegida com camisinha.”

Contudo, como destaca João Brunhara, o uso de preservativos e contraceptivos não deve ser limitado apenas às mulheres. A solução passa por conversas e alinhamento entre o casal. “A responsabilidade de educar os homens não pode recair sobre as mulheres”, afirma, destacando que são essenciais campanhas de conscientização, incluindo troca de informações e experiências entre homens, por exemplo, em rodas de conversa.

Falar sobre camisinha também não deve se limitar apenas ao modelo masculino, pois existem outras opções de contraceptivos, inclusive a camisinha feminina – que muitas mulheres desconhecem. Uma dica para entender e até evitar o desconforto gerado pelo uso em um relacionamento é utilizá-lo antes da experiência: teste em casa, descubra como funciona, ou seja, conheça-o – gerando confiança e diminuindo o desconforto.

“A camisinha feminina possui um anel de proteção próximo à camisinha, que deve ficar bem no fundo da vagina uterina para não machucar durante a relação sexual. É preciso conversar com o parceiro para que ambos se sintam confortáveis”, recomenda a ginecologista, que recomenda o uso de lubrificante à base de água, facilitando o manuseio da camisinha, ou seja, diminuindo o atrito.

Doenças sexuais

Outro episódio envolvendo Raquel Brito foi uma coceira na parte íntima, que foi percebida por Gizelly Bicalho, que alertou a colega para retirar a mão do local. A influenciadora explicou que estava sentindo desconforto por conta de uma verruga. “Pare de tocar naquele seu periquito que coça”, disse Gizelly. “Estou mexendo na verruga aqui, olha”, argumentou Raquel.

O episódio pode ser apenas um incômodo, mas especialistas alertam que qualquer ferimento ou anormalidade na região íntima deve ser investigado. “Muitas jovens acabam não sabendo que os exames de rotina são importantes, que a consulta com o ginecologista pode acontecer sem a mãe tirar dúvidas, então acabam tendo medo”, destaca Monique, ressaltando que o ginecologista na educação sexual é fundamental , pois muitas vezes é a primeira pessoa que o paciente contatará para discutir questões sexuais.

A mensagem vale também para o público masculino. “Qualquer hematoma ou alteração de cor no pênis, e principalmente na glande, deve chamar a atenção. Presença de secreção na uretra ou na glande, além de sintomas urinários como queimação no canal ou aumento da frequência urinária”, alerta o urologista.

Nos casos em que há risco não só de doenças sexuais, mas de exposição ao HIV, os especialistas recomendam a PrEP (profilaxia pré-exposição), que consiste em tomar medicamentos de forma preventiva para evitar a infecção pelo vírus.

Para quem é adequado?

  • Pessoas que têm parceiros seropositivos, que estão em tratamento ou que ainda têm carga viral detectável
  • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais, especialmente quando têm dúvidas sobre o seu estado sorológico
  • Pessoas que têm histórico de outras ISTs recentes
  • Profissionais do sexo
  • Usuários de drogas injetáveis

Existe a opção de tomar a PrEP de forma contínua, todos os dias, ou ocasionalmente antes de uma exposição de risco, na chamada modalidade sob demanda. “O O mais importante é saber que é um método preventivo e não deve ser algo corriqueiro. Uma das melhores maneiras de prevenir o HIV é usar preservativos e evitar o uso de drogas injetáveis.“, explica Monique.

No entanto, esta prevenção não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), tais como:

  1. Sífilis
  2. Gonorréia
  3. Herpes genital
  4. Infecções vaginais
  5. Papilomavírus humano (HPV)
  6. Clamídia
  7. Tricomoníase
  8. Hepatite B e C

Consequências

Embora a mídia forneça diversas informações, a educação sexual deve ser recomendada pelos pais e responsáveis, bem como pela rede de ensino e pelos centros de saúde – exigindo conceitos e estratégias diferentes para cada idade. “Para as crianças mais novas, o foco é atuar na segurança infantil para prevenir situações de abuso”, destaca João.

Após a puberdade, o escopo se torna mais amplo: autoconhecimento, promoção de relacionamentos saudáveis, prevenção de doenças, planejamento reprodutivo (incluindo contracepção), entre outros. Esses conceitos levam a benefícios sociais, emocionais e de saúde a longo prazo. “Quando Se você desconhece essas questões, gera medo, ansiedade e vergonha em relação ao seu próprio corpo“.

“O impacto da falta de educação sexual, seja nas escolas ou em casa, é muito negativo e faz-se sentir direta e negativamente na saúde. A falta de informação ou a informação inadequada sobre a sexualidade leva mulheres e homens a envolverem-se em comportamentos de risco, precisamente porque eles não sabem o que seriam”, diz Monique.

*Estagiário sob supervisão da editora Ellen Cristie.

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