SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A insuficiência cardíaca é a condição que mais causa internações em hospitais e pronto-socorros do SUS (Sistema Único de Saúde) no país, em comparação com outras cardiopatias.
É o que diz pesquisa da Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Urgência), de janeiro a julho de 2024, com base em dados do SIH (Sistema de Informações Hospitalares) do SUS. Das 113.514 internações por esse motivo, 93,3% ocorreram em serviços de emergência.
Os números foram apresentados no Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência, realizado de 24 a 29 de setembro, em Campo Grande (MS).
Em seguida vem o infarto agudo do miocárdio, com 102.659 internações, seguido por outras cardiopatias isquêmicas (85.520) e distúrbios de condução e arritmias cardíacas (46.761). A soma de todas as causas é ?376.403? representa 58,6% de todo o ano de 2023, que terminou com 641.980 internações.
Assim como no ano passado, em 2024 as internações por problemas cardíacos nos serviços de urgência serão maioria, 82,7% (311.598) do total.
Segundo Camila Lunardi, presidente da Abramede, a insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue com eficiência, sendo necessária uma intervenção emergencial para evitar desfechos graves. A maior causa dessa condição é a complicação de um ataque cardíaco. As demais são hipertensão e diabetes não controladas, além de algumas doenças associadas a alterações no músculo cardíaco.
“São pacientes que não receberam um bom tratamento para o infarto nos primeiros dias, ou não aderiram a um bom tratamento pós-infarto. todas as vezes essa insuficiência descompensa, o paciente precisa ir ao pronto-socorro”, explica Lunardi. Dor no peito, falta de ar, pernas e pés inchados são alguns sinais.
Pressão arterial baixa, níveis de colesterol e diabetes, atividade física, alimentação saudável e uso de medicamentos mantêm a doença sob controle.
Se olharmos as regiões do país, o Sudeste apresenta o maior número absoluto de internações por doenças cardíacas – 168.611. Os estados de São Paulo (82.775) e Minas Gerais (50.980) lideram.
No Nordeste, Bahia (21.465) e Pernambuco (15.926) têm os maiores números. No Norte aparecem Pará (7.038) e Amazonas (5.165). No Sul, o destaque é o Paraná (33.510) e no Centro-Oeste, Goiás (12.987).
São Paulo e Belo Horizonte são as capitais com os maiores números absolutos de internações – 22.592 e 11.179, respectivamente. Juntas, as federações totalizam 128.696 internações por doenças cardíacas. Destes, 76% referem-se a serviços de emergência. Neste trecho, os cenários mais críticos estão no Distrito Federal (96,2% do total), Ceará (95,5%) e Mato Grosso do Sul.
Camila Lunardi destaca que, além de estressante, o estilo de vida nas grandes cidades é menos saudável. A opção por alimentação rápida, pouco tempo para atividades físicas, relaxamento, meditação e momentos de tranquilidade contribuem para altos índices de infartos.
“Vivemos uma época em que o envelhecimento da população e o aumento dos fatores de risco, como o sedentarismo e a má alimentação, têm levado ao aumento dos casos de doenças cardíacas”, explica Lunardi.
Quanto ao perfil dos pacientes, a faixa etária que mais concentra internações por problemas cardíacos, em ambos os sexos, é de 60 a 69 anos – os homens representam 60,8% dos internados, e as mulheres, 39,1%.
Segundo o especialista, os homens são mais resistentes aos tratamentos preventivos de doenças cardiovasculares. A predisposição genética é outro fator que explica o maior percentual de indivíduos do sexo masculino.
“Os homens apresentam maiores fatores não protetores cardíacos que as mulheres, como a testosterona. Fatores associados ao sexo masculino, a não adesão ao tratamento e, muitas vezes, o descuido de só procurar o médico quando se sentem mal, quando têm dores no peito, também está mais associado ao fato de terem mais ataques cardíacos”, diz Lunardi.
“Para viver bem, meu maior conselho é prevenir, baseado em uma qualidade de vida saudável. Pessoas que já sabem que são hipertensas, diabéticas e têm colesterol alto devem fazer um controle rigoroso. ter saúde, fazer atividade física, ter um sono de qualidade acho que esses são os principais pontos para tentar diminuir o número de pacientes que chegam ao pronto-socorro”, orienta o especialista.
Segundo Lunardi, o mapeamento também mostra a urgência e a importância dos médicos emergencistas, que estão na linha de frente das situações críticas. “Este é um dos muitos desafios que enfrentamos todos os dias. Por isso, é fundamental fortalecer a infraestrutura hospitalar e capacitar continuamente as equipes de emergência para lidar com o crescente volume e complexidade dos casos”, finaliza.
Este projeto é uma parceria com a Umane, associação que apoia iniciativas de saúde pública.
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