Manter a massa magra é crucial para um processo de envelhecimento bem-sucedido. “Entre os benefícios podemos citar a qualidade da função física e independência, equilíbrio e prevenção de quedas, saúde óssea, controle do metabolismo e peso, prevenção de doenças metabólicas e degenerativas”, afirma a nutricionista, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Marcela Garcia. E, para manter a massa magra, entra em ação um importante aliado: as proteínas.
“Eles são a base para a construção do tecido muscular. Portanto, são importantes não só para a manutenção, mas também para o ganho de massa muscular. Por sua vez, a manutenção e aumento da massa muscular tem como efeito apoiar o nosso corpo e o equilíbrio biomecânico das articulações, o que nos permite movimentar-nos e movimentar-nos adequadamente com proteção articular. Além disso, uma boa massa muscular aumenta o metabolismo basal, o que por si só garante maior gasto calórico para manter ou melhorar o peso corporal. O peso corporal adequado, por sua vez, reduz a sobrecarga articular e também protege as articulações do desgaste, criando um ciclo virtuoso para a saúde articular”, destaca o ortopedista especialista em joelhos e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) , Marcos Cortelazo.
Segundo a nutricionista, para manter a massa magra é fundamental a prática de atividades físicas que envolvam exercícios resistidos, como musculação ou musculação, e uma alimentação balanceada e rica em proteínas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão diária de proteínas de 0,8 gramas por quilograma de peso corporal para adultos saudáveis, incluindo idosos. Esta recomendação é considerada suficiente para a maioria dos idosos sedentários.
“A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e a Associação Dietética Americana recomendam uma ingestão proteica ligeiramente maior para idosos, sugerindo uma faixa de 1,0 a 1,2 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia, o que se baseia em evidências de que idosos podem precisam de uma quantidade um pouco maior de proteína para manter a massa muscular e prevenir a sarcopenia”, argumenta a nutricionista.
Isso significa que um idoso de 70 quilos deve consumir entre 70g e 84g de proteína diariamente. “Para ilustrar, é bom lembrar que 100g de carne magra possui aproximadamente 25g de proteínas; 100g de laticínios com baixo teor de gordura contêm aproximadamente 15g de proteína; 100g de leguminosa (grão que vem em vagem e principal fonte de proteínas vegetais) possui aproximadamente 15g de proteínas e um ovo possui 6g de proteínas”, afirma Marcella.
Marcos destaca que a manutenção da massa magra é uma questão importante a ser considerada, principalmente à medida que as pessoas envelhecem, período da vida em que normalmente ocorre a saccorpenia, perda de massa muscular que é degradada e substituída por tecido adiposo. “Com isso, há perda de força, o que impacta diretamente na mobilidade, além de aumentar as chances de queda, internação e morte. Dessa forma, a manutenção da massa magra atua na prevenção de tais problemas e na melhora da força, mobilidade e consequente qualidade de vida”, destaca o especialista.
Segundo o médico, como as articulações são influenciadas diretamente pela ação dos músculos, a manutenção dos músculos atua diretamente no bom funcionamento das articulações, garantindo uma biomecânica adequada. “Outro aspecto importante é que a manutenção dos músculos garante a manutenção da força e, portanto, a mobilidade articular também é mantida. E por fim, o efeito indireto da manutenção muscular é o aumento do metabolismo basal, que auxilia na manutenção do peso corporal”, afirma Marcos.
No entanto, existem alguns desafios relacionados à ingestão adequada de proteínas que os idosos enfrentam. Marcela explica que:
– Há uma redução do apetite, causada por diversos fatores, incluindo alterações no paladar e no olfato, problemas de dentição, doenças crônicas, uso de medicamentos e até solidão ou depressão.
– Enfrentam dificuldades de mastigação e deglutição devido a problemas dentários, perda de dentes, dentaduras mal ajustadas ou disfunções neuromusculares
– Os idosos podem sofrer restrições alimentares devido a condições médicas como doenças renais, diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos.
– Existem também dificuldades na preparação de refeições para idosos que vivem sozinhos, têm dificuldades físicas, falta de tempo, energia ou capacidade culinária
– Há uma baixa ingestão por idosos que seguem dietas vegetarianas ou veganas, pois as proteínas vegetais, como leguminosas, cereais, nozes e sementes, possuem menor oferta de aminoácidos essenciais do que as proteínas de origem animal
“Os suplementos proteicos podem ser indicados quando há ingestão insuficiente de proteínas, em casos de recuperação de lesões e cirurgias, em casos de sarcopenia e perda de massa muscular, quando há aumento da demanda devido à atividade física”, aponta Marcella Garcez.
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