Saiba quem é o adolescente suspeito de golpes em doações ao RS e que vivia em cobertura de R$ 2,5 milhões

Saiba quem é o adolescente suspeito de golpes em doações ao RS e que vivia em cobertura de R$ 2,5 milhões


Imóvel de luxo é apontado como “QG do crime” pela investigação sobre desvio de doações para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. (Foto: Polícia Civil do RS)

Um adolescente catarinense de 16 anos, conhecido como “Dr. Money”, golpes que simulam apoio à população vitimada pelas enchentes no Rio Grande do Sul estão sendo investigados.

Em operação realizada na última sexta-feira (24), a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão —um deles ocorreu em uma cobertura de luxo em Balneário Camboriú (SC), onde funcionava como “QG do crime”, segundo o investigação.

O menor, segundo a polícia gaúcha, é suspeito de fraude que visava simular campanhas de arrecadação de doações que seriam feitas para vítimas no estado do Rio Grande do Sul. Foram apreendidos computadores, celulares e equipamentos eletrônicos utilizados nas fraudes, conforme apuração da investigação. A operação foi batizada de “Inundação Moral”.

Com dinheiro proveniente de golpes e fraudes, o adolescente morava em uma cobertura luxuosa. No prédio onde ele estava, são vendidos imóveis a partir de R$ 2,65 milhões.

“Eu sou o jogador, digamos assim, o cara que corre, que ganha dinheiro”, diz o rapaz, em vídeo compartilhado no X (antigo Twitter), que mostra o momento em que a polícia entrou na cobertura. “Eu ganho dinheiro dizendo que ganho dinheiro. Morar em uma cobertura, morar em um lugar bacana como esse me traz retorno financeiro.”

Segundo informações, o adolescente infrator se apresenta nas redes sociais como “Dr. Dinheiro” e afirma ter ganhado o primeiro milhão aos 15 anos. Além disso, o menor é coproprietário de duas empresas. O suspeito também utiliza a rede social para se gabar de alto padrão de vida, publicando fotos e vídeos em imóveis de luxo (um deles alvo da operação) e divulga rotineiramente comprovantes de recebimento de valores elevados provenientes de pagamentos realizados nas redes sociais.

Segundo autoridades em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (28), a fraude consistiu na criação de uma página na internet simulando uma página oficial do Governo do Estado, alarmando a população sobre a tragédia climática que atinge grande parte do Rio Grande do Sul .

A partir de então, a página redirecionou os usuários para uma nova página falsa, desta vez simulando o site “Vakinha”, que anunciava uma suposta campanha de arrecadação de doações. A página ainda foi impulsionada pelas redes sociais para atingir o maior número de pessoas possível.

A campanha falsa também teve um site que mostrava ter arrecadado mais de R$ 2,7 milhões. “Na verdade, tratava-se de um valor fictício, sendo mais um artifício para enganar o usuário”, afirma a Polícia Civil.

Na página foi publicado um QR Code, gerado por uma fintech de checkout (uma espécie de loja virtual), que permitiria o pagamento por transferência via Pix. A partir daí, o valor da suposta contribuição foi redirecionado para uma aba de pagamentos, que transferiu o valor para a conta dos golpistas.

Todo o valor foi repassado a uma empresa de formação e serviços, da qual o menor era proprietário. Assim, segundo a polícia, o valor foi recolhido pelo adolescente com “aparência de licitude”.

Na última sexta-feira, a força-tarefa representou e foram concedidas ordens judiciais para bloquear valores de até R$ 1 milhão (um milhão de reais) em cada conta de responsabilidade dos suspeitos e empresas vinculadas.