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A Editorial Sul
| 26 de maio de 2024
Os dados são provenientes de pesquisas com alunos do ensino fundamental de escolas públicas e privadas. (Foto: Agência Brasil)
Pesquisa realizada este ano com alunos do ensino fundamental, de escolas públicas e privadas do país, mostra que 24% deles afirmam ter sido vítimas de intimidação, zombaria ou humilhação por parte de colegas nos últimos 12 meses. E ainda assim, um em cada quatro estudantes deixou de ir às aulas pelo menos um dia porque não se sentia seguro. Meninas e estudantes pretos, pardos e amarelos apresentam os índices mais elevados, em ambos os casos.
O resultado faz parte de um projeto que coleta informações a cada 45 dias nas escolas brasileiras sobre temas que vão da alfabetização à violência, com o apoio da Universidade de Stanford, na Califórnia, Equity.info. Os dados sobre agressões nas escolas foram captados por meio de entrevistas com alunos do ensino fundamental e médio, entre dezembro de 2023 e março de 2024, em parceria com a Fundação Lemann.
Essa violência pode ser classificada como bullying, segundo pesquisadores, quando apresenta cinco características principais: são atos repetidos contra um ou mais alvos constantes (três vezes por semana ou mais); ocorrem entre pares (quando é professor-aluno é assédio moral); há intenção do(s) autor(es) de prejudicar; existe um alvo fácil e mais frágil; existe um público que acolhe agressões (os ataques de bullying são escondidos dos adultos, mas nunca dos pares).
O bullying e o cyberbullying tornaram-se crimes ao abrigo de uma lei aprovada em janeiro deste ano. Para os especialistas, apesar de representar um avanço na explicitação da gravidade da violência, há dificuldades em colocá-la em prática do ponto de vista jurídico. E ainda, na opinião dos educadores, a prevenção eficaz do bullying só ocorre quando a convivência e a cultura de paz estão incluídas nos currículos das escolas públicas e privadas.
Motivação
“O que alimenta o bullying é a necessidade de o agressor ser bem visto aos olhos dos seus colegas na escola. E o que torna tudo tão doloroso e cruel é a vítima ser diminuída em um grupo social ao qual deseja pertencer”, afirma Luciene Tognetta, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Coordena o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Moral (Gepem), que reúne pesquisadores de universidades públicas que estudam bullying, convivência e violência escolar.
Segundo ela, as políticas públicas e as escolas precisam estabelecer planos de convivência integrados aos currículos, ou seja, fazendo parte do cotidiano de crianças e adolescentes. “Isso está ligado à forma como o professor organiza as regras, como ele resolve os conflitos quando duas crianças brigam. Se ele punir, mandar você calar a boca, isso não ajudará a evitar o bullying.”
Para Guilherme Lichand, professor de Educação de Stanford, que coordena a pesquisa, os dados coletados mostram “desafios significativos relacionados ao sentimento de pertencimento e segurança dos alunos na escola”. Uma das vantagens do estudo é medir e divulgar rapidamente a situação nas escolas para que os gestores possam agir. Um novo resultado sobre violência deverá ser divulgado no segundo semestre.
A pesquisa Equidade.info mostra ainda que as regiões Centro-Oeste e Nordeste apresentam os maiores índices de estudantes que relataram sofrer provocações ou humilhações de colegas, 31% e 26% respectivamente.
Segundo ela, o racismo refere-se a algo construído historicamente, por um coletivo, e ao praticá-lo viola-se a história de um povo, enquanto o bullying está relacionado a uma pessoa específica. “Mas é possível cometer bullying e racismo ao mesmo tempo.”
Antes da pesquisa de Stanford, os dados brasileiros mais recentes sobre o tema haviam sido coletados em 2022, durante o exame internacional Pisa, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O resultado foi que 22% das meninas e 26% dos meninos no país disseram ter sido vítimas de bullying pelo menos algumas vezes por mês. A média dos países da OCDE foi inferior: 20% para as raparigas e 21% para os rapazes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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Um em cada quatro estudantes no Brasil relata ter sofrido “provocações” ou humilhações na escola
2024-05-26
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