Era Ozempic: três dicas para evitar a queda capilar durante o emagrecimento – Jornal Estado de Minas

Com o sucesso das canetas emagrecedoras na redução de peso, muitas pessoas têm relatado nas redes sociais uma reação que não está descrita na bula do medicamento, mas que pode aparecer: a queda de cabelo. “Existem vários fatores que podem contribuir para a queda de cabelo durante o uso do Ozempic para perda de peso. Entre elas, devemos considerar as alterações metabólicas, como as alterações nos níveis de insulina, que podem interromper o ciclo de crescimento capilar, além da deficiência nutricional decorrente de uma dieta com restrição calórica”, afirma o médico formado pela PUC-Campinas e professor do Instituto Lapidares para cursos de tricologia e transplante capilar, Danilo S. Talarico.

“Além disso, alterações nutricionais, deficiências vitamínicas, falta de proteínas e variações hormonais também são responsáveis ​​por esse efeito”, acrescenta a médica. Segundo Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), dietas para perder peso sempre podem desencadear quedas. “O simples fato da depressão calórica, necessária para a perda de peso, pode ser um insulto ao folículo piloso. Temos visto muito isso, pois estamos na era das injeções análogas ao GLP 1 para perda de peso rápida e intensa e, por fim, da bariátrica, da própria desnutrição como as de vitaminas e minerais, como ferro e zinco mais comumente”, ela explica.

“Quando as dietas para emagrecer não são bem estruturadas, cortam ou restringem macronutrientes importantes como as proteínas, deixam de lado a variedade de micronutrientes (vitaminas e minerais) e reduzem demais as calorias. Uma consequência é, sim, a queda de cabelo”, explica a nutricionista, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), Marcella Garcez.

“Ninguém quer perder cabelo enquanto perde peso, mas isso pode acontecer. Aproximadamente 85% do cabelo é composto por queratina, que é uma proteína. Esta é uma das razões pelas quais o consumo deste macronutriente é tão importante para um cabelo saudável. O cabelo é um tecido de excreção, formado por aminoácidos de reserva para essa função. A proteína é formada por um conjunto de aminoácidos e, se não houver excesso de aminoácidos na dieta, não há uma boa síntese de queratina”, explica a nutricionista, que ensina como preservar os fios de cabelo durante a dieta:

Cuidado com as restrições e faça boas escolhas alimentares

Sem um balanço energético negativo a perda de peso não ocorre, por isso é preciso comer menos do que gasta. E é isso que Ozempic ajuda você a fazer. “No entanto, quanto mais restritiva for a dieta, maior será a probabilidade de falta de aminoácidos, vitaminas e minerais importantes para a saúde dos cabelos”, afirma Marcella. Ou seja, ao abusar do déficit calórico, restringir grupos alimentares, oferecer poucos nutrientes ao organismo, é provável que os cabelos sofram as consequências.

“Para ter um resultado bom, saudável e duradouro, sem consequências desastrosas para a pele e cabelos, o déficit calórico deve ser alcançado com orientação, por meio de planejamento alimentar, leitura de rótulos e boas escolhas”, orienta Marcella. A alimentação precisa ser sustentável com prioridade para alimentos saudáveis, ricos em proteínas, fibras e gorduras boas, e evitando alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e sódio.

Garanta a quantidade ideal de proteína

A nutricionista explica que, nas dietas para emagrecer, as proteínas devem estar presentes em quantidades adequadas para que não haja danos a estruturas como os cabelos. “Carnes, peixes, aves e laticínios são as principais fontes de proteínas e contêm aminoácidos essenciais, ou seja, aqueles que o organismo não consegue produzir. As proteínas de origem animal possuem alto valor biológico, ou seja, contêm os nove aminoácidos essenciais (triptofano, fenilalanina, leucina, valina, isoleucina, lisina, treonina, metionina e histidina). No caso das fontes vegetais, elas precisam ser combinadas para garantir aminoácidos essenciais”, afirma a nutricionista.

O consumo diário de proteínas deve ser individualizado e específico, levando em consideração: idade, sexo, atividade física, profissão, estado de saúde e objetivos pessoais da pessoa. As necessidades diárias podem variar de 0,6 a 2g por quilograma por dia. “Geralmente, quem segue dietas para perder peso e faz musculação deve consumir 2g/kg por dia. Ou seja, uma pessoa com 100kg pode consumir de 60 a 200g de proteína diariamente”, afirma o médico. “O uso de suplementos, como o whey protein, pode ser recomendado para corrigir deficiências”, afirma Danilo Talarico.

De olho no ferro e no zinco

Além das proteínas, outro ponto a considerar nas dietas para perder peso é o consumo de ferro e zinco. “O baixo consumo de carnes e vegetais, fontes de ferro, pode promover queda de cabelo”, afirma a nutricionista. O ferro está presente em muitos alimentos vegetais, porém sua absorção é muito menor quando provém dessas fontes. O ferro de origem animal é até cinco vezes mais absorvido, pois está ligado às proteínas.

Danilo explica que esse fenômeno de queda de cabelo induzido pela perda de peso é conhecido como eflúvio telógeno. Por se tratar de um processo de adaptação do organismo, a queda de cabelo deve ter efeito temporário e ser resolvida, na maioria dos casos, com a correção da causa. “Em alguns meses o corpo deve se adaptar e voltar a ter cabelo. É importante que os pacientes respeitem esse tempo e estejam atentos às possíveis deficiências nutricionais que podem surgir durante o tratamento. Caso os sintomas persistam por longos períodos, é recomendado consultar um profissional”, reforça Danilo Talarico.

Acompanhe nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia