O câncer não tem uma causa única. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a fatores externos, ou seja, presentes no ambiente, fomentados por hábitos e comportamentos que podem aumentar o risco de diversos tipos de neoplasias. Fatores internos, entre 10% e 20%, são causados por hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas. Com tantas causas de câncer, como podemos evitá-lo?
“Como as causas do câncer são inúmeras, combater o sedentarismo, a obesidade e manter uma alimentação saudável são ferramentas básicas e fundamentais para evitar o processo de carcinogênese (ligado a fatores externos). Somado a isso, é preciso entender as demais causas para uma prevenção correta”, resume André Murad, oncologista e colunista do jornal Estado de Minas.
O especialista destaca, por exemplo, o excesso de casos de câncer que podem ser evitados por medidas preventivas ligadas a agentes virais e bacterianos, como: Helicobacter pylori (bactéria que causa inflamação do estômago e câncer gástrico), papilomavírus humano (HPV) – vírus associados principalmente com cancro do colo do útero – e os vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV), ambos os quais causam carcinoma hepatocelular.
Somente o Helicobacter pylori foi responsável por 810 mil novos casos de câncer em 2018, especialmente adenocarcinoma gástrico. Uma pesquisa publicada no “Journal Gastroenterology”, por exemplo, demonstrou que o tratamento e a erradicação do Helicobacter pylori podem ajudar a prevenir que lesões pré-cancerosas se transformem em tumores estomacais.
O HPV é responsável por 70% dos casos de câncer de colo de útero, fazendo com que seja o terceiro tumor mais comum na população feminina e a quarta causa de morte em mulheres por câncer, segundo o Ministério da Saúde. A prevenção disponível é a vacinação contra o HPV – implementada no país nos últimos anos para meninas e meninos de nove a 14 anos, cobertura abaixo do esperado, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. Em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, os números também preocupam: a cobertura vacinal caiu de 61,55% em 2019 para 52,16% em 2022.
Neste sentido, devem ser intensificadas campanhas nacionais de sensibilização sobre formas de prevenir vírus, bactérias e parasitas, etc. “Trata-se também de prevenir e evitar milhares de casos de câncer. Além disso, cada indivíduo deve estar atento à sua própria proteção, mantendo medidas profiláticas e, principalmente, não praticando relações sexuais desprotegidas, pois muitos desses vírus são transmitidos sexualmente.”
Monitorando
Outro fator de prevenção é a realização de exames ginecológicos preventivos, incluindo conscientização sobre sintomas, formas de prevenção, detecção precoce e meios de tratamento contra tumores no colo do útero, ovário, endométrio (camada mais interna do útero), vagina e vulva. “Abordar a prevenção é essencial. É necessária a realização de exames preventivos como o Papanicolaou, principalmente porque alguns tipos de câncer, como o de colo de útero, podem ser evitados com um rastreamento adequado”, alerta o oncologista Glauco Baiocchi Neto, líder do Centro de Referência em Tumores Ginecológicos do ACCamargo Centro do Câncer.
Por outro lado, a saúde dos homens também deve ser monitorada precocemente e de forma abrangente. “Os homens devem seguir o protocolo de visitas ao urologista desde a infância, mas é a partir dos 35 anos que esse hábito deve se tornar obrigatório”, recomenda Gabriel Atta, urologista do Centro Médico do Hospital Dia Elsimar Coutinho. O câncer de próstata é uma das doenças que mais acomete os homens na idade adulta. Segundo dados do Inca, o número estimado de novos casos de câncer de próstata no Brasil, para o triênio 2023 a 2025, é de 71.730, o que corresponde a um risco estimado de 67,86 novos casos para cada 100 mil homens.
Além dos tumores ginecológicos, os especialistas recomendam que qualquer sintoma incomum, persistente e doloroso seja investigado para um diagnóstico correto – eliminando a possibilidade de ser um sintoma cancerígeno.
Fatores genéticos
As causas internas estão ligadas à capacidade do corpo de se defender das agressões externas. Embora o fator genético desempenhe um papel importante na formação de tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos.
Assim, fatores genéticos tornam determinadas pessoas mais suscetíveis à ação de carcinógenos ambientais. Isto parece explicar porque é que alguns deles desenvolvem cancro e outros não, quando expostos ao mesmo agente cancerígeno. “Ressalto que o câncer tem sim prevenção: a prática de uma vida saudável no seu sentido mais amplo, além de ações personalizadas voltadas para pessoas com predisposição hereditária”, recomenda André Murad.
Outro fator determinante é o envelhecimento natural do ser humano, que traz alterações nas células, tornando-as mais vulneráveis ao processo cancerígeno. Isto, somado ao facto de as células dos idosos terem estado expostas durante mais tempo a diferentes factores de risco para o cancro, explica, em parte, porque é que o cancro é mais comum nesta fase da vida.
Comida
Conforme citado por André Murad, alguns fatores podem aumentar o risco de câncer, como obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada (principalmente dietas ricas em alimentos ultraprocessados), tabagismo e alcoolismo. Embora não haja garantia absoluta de prevenção, seguir estas práticas pode ter um impacto significativo na redução da incidência da doença.
O alerta para uma mudança no estilo de vida pode parecer simples, mas o que vemos é que as mudanças sociais, econômicas e industriais têm, na verdade, incentivado o consumo de alimentos ultraprocessados – fator de risco para diversos tipos de câncer. Por isso, é importante destacar a importância de uma alimentação balanceada, sem exageros. “Uma alimentação adequada para reduzir o risco de câncer deve ser baixa em calorias, além de pobre em proteínas e gorduras animais. Por outro lado, deve ser rica em fibras, grãos como soja, cereais, além de frutas, legumes e verduras, principalmente brócolis, repolho, couve-flor, couve e frutas cítricas”, recomenda o oncologista.
Porém, o especialista destaca que não é recomendado o consumo de altas doses de substâncias como vitaminas A e E ou betacaroteno, como suplemento alimentar ou mesmo na forma de medicamento. “Não há dados na literatura que sugiram qualquer efeito preventivo dessa conduta”.
Além de escolher os alimentos corretos, também é importante evitar o consumo excessivo de sal, açúcar, gorduras saturadas e excesso de bebidas alcoólicas. “A literatura tem demonstrado que uma vida anticâncer é a mais natural e simples possível, na qual os alimentos são consumidos na natureza e em que são praticadas atividades físicas. Nesse sentido, render-se a algumas facilidades da modernidade pode não ser um bom caminho”, resume André Murad.
*Estagiário sob supervisão da editora Ellen Cristie.
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