Pedras nos rins recorrentes: 30% podem ter insuficiência renal crônica – Jornal Estado de Minas

A formação de cálculos renais, conhecida como litíase renal, é um problema que atinge milhões de brasileiros e está diretamente relacionado ao desenvolvimento de complicações mais graves, como a insuficiência renal. Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) indicam que cerca de 10% da população brasileira sofrerá com cálculos renais em algum momento da vida, e uma parcela significativa poderá evoluir para insuficiência renal crônica se o problema não for tratado adequadamente.

O nefrologista Henrique Carrascossi destaca que a formação de cálculos renais é uma das principais causas evitáveis ​​de insuficiência renal. “Os cálculos renais, se não forem diagnosticados e tratados de forma eficaz, podem causar danos permanentes ao tecido renal, levando à perda progressiva da função renal. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para evitar essa progressão”, explica o especialista.

Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de cálculos renais no Brasil gira em torno de 8 a 12% da população adulta. Ainda segundo a SBN, aproximadamente 30% dos pacientes que apresentam cálculos renais recorrentes podem evoluir para insuficiência renal crônica se o tratamento não for realizado de forma adequada.

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A insuficiência renal é um problema crescente no Brasil. Estima-se que cerca de 140 mil brasileiros dependam de diálise ou estejam na fila para um transplante renal. “Alguns desses casos poderiam ser evitados com medidas preventivas simples para controlar a formação de cálculos renais, como ingestão adequada de água e alimentação balanceada”, aponta Henrique.

Setembro Verde

O Setembro Verde, mês dedicado à conscientização e incentivo à doação de órgãos, traz à tona uma questão importante no Brasil: o órgão que lidera a fila de transplantes no país é o rim. A alta prevalência de doenças renais crônicas, muitas delas decorrentes de complicações como a litíase renal, é um dos principais fatores que levam a essa elevada procura por transplantes renais. A grande maioria dos pacientes em lista de espera aguarda um transplante de rim, seguido de um transplante de fígado. Esta realidade reforça a necessidade de diagnóstico precoce e tratamentos adequados das doenças renais, como forma de prevenir a progressão para insuficiência renal crónica e, consequentemente, reduzir a necessidade de transplantes.

Henrique Carrascossi explica que a formação de cálculos renais ocorre quando há cristalização de sais minerais e outras substâncias na urina, formando cálculos que podem obstruir o trato urinário. “Quando ocorre essa obstrução, o fluxo de urina fica bloqueado, gerando inflamação, infecção e, em casos mais graves, danos permanentes aos rins”, afirma o nefrologista. A recorrência de cálculos renais aumenta significativamente o risco de insuficiência renal crônica, uma condição na qual os rins perdem gradualmente a capacidade de filtrar o sangue.

Ele alerta ainda sobre fatores de risco para o desenvolvimento de cálculos renais, como desidratação, consumo excessivo de sódio, proteínas e alimentos ricos em oxalato (como espinafre e chocolate). “Manter uma boa hidratação, evitar dietas ricas em sódio e proteínas de origem animal e reduzir o consumo de alimentos ricos em oxalatos são algumas das principais medidas preventivas. cálculos e causas associadas”, explica Henrique Carrascossi.

O tratamento para cálculos renais varia dependendo do tamanho e localização dos cálculos. Em casos menos graves, aumentar a ingestão de água e tomar medicamentos para aliviar a dor e facilitar a eliminação dos cálculos pode ser suficiente. Segundo o nefrologista, para cálculos maiores podem ser necessários procedimentos como litotripsia extracorpórea (que quebra os cálculos por meio de ondas de choque) ou cirurgia. “Quanto antes o problema for identificado e tratado, maiores serão as chances de evitar complicações graves, como a insuficiência renal. O conhecimento dos fatores de risco e a importância da consulta regular com um nefrologista podem salvar vidas”.