Estudo realizado no Centro de Distúrbios Miccionais Infantis (Cedimi) da Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública revelou que a prevalência de punição parental para crianças com distúrbios urinários é alarmante, atingindo 51,1% dos casos analisados. A pesquisa, conduzida pelo urologista pediátrico Ubirajara Barroso Jr. e pela equipe do Cedimi, destaca a importância de compreender o impacto dessas práticas no bem-estar emocional e físico das crianças.
O estudo brasileiro foi apresentado no Pediatric Urology Fall Congress, da Sociedade Americana de Urologia Pediátrica, entre os dias 12 e 15 de setembro, nos Estados Unidos.
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Os dados coletados no Cedimi incluíram 188 pacientes com idades entre cinco e 17 anos, sem alterações neurológicas ou anatômicas graves. Foram aplicados questionários para avaliar sintomas urinários e de constipação, bem como aspectos psicossociais e atitudes parentais.
Os distúrbios do trato urinário inferior (DTUI) e a constipação são condições prevalentes em crianças que afetam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e psicossocial. “Em resposta a essas condições, práticas parentais punitivas podem surgir como uma abordagem inadequada, pois aumentam o estresse e a ansiedade nas crianças, além de intensificar os desafios do tratamento e afetar a qualidade de vida”, explica Ubirajara Barroso.
Os resultados do estudo indicam que 51,1% das crianças enfrentaram algum tipo de punição parental (bater, gritar ou ser castigada) relacionada aos seus problemas urinários, como enurese noturna (xixi na cama) e incontinência diurna.
Gravidez não planejada
A análise identificou que a incontinência diurna e a atitude impaciente dos cuidadores são fatores associados ao aumento das punições. Entre as crianças punidas, 38% dos pais disseram ser compreensivos, enquanto 76,9% disseram que normalmente eram impacientes com os filhos.
Quando a gravidez não foi planejada, 65,1% das crianças foram punidas por vazarem xixi. Nas gestações desejadas, esse número foi de 45,1%. Em 71,4% das famílias que puniram, o pai também teve distúrbio urinário na infância. Do total, 181 crianças tiveram incontinência diurna e destas, 58,4% foram punidas por vazamento. A enurese noturna esteve presente em 188 crianças, das quais 55,2% foram punidas.
“Este estudo destaca a necessidade de conscientização e intervenções para reduzir práticas parentais punitivas, que podem piorar as condições de saúde das crianças e comprometer o tratamento. Os pais e cuidadores precisam entender que as crianças que perdem urina não o fazem por rebeldia, mas porque têm um problema de saúde que precisa ser tratado”, explica o urologista.
A pesquisa enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar que inclua apoio psicológico para pais e filhos, visando melhorar a qualidade de vida e o sucesso terapêutico.
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